Acaba de ser apresentada a terceira edição do Programa UPskill, numa cerimónia de lançamento onde foram detalhados os principais objetivos e onde foi feito um balanço das primeiras duas edições. Miguel Fontes, Secretário de Estado do Trabalho, salienta os bons resultados do programa que surgiu para responder às necessidades das empresas para a transição digital, pela falta de competências qualificadas.

Ainda existem bolsas de pessoas com dificuldades em entrar no mercado de trabalho, seja pela alteração profissional ou não estar a exercer os trabalhos para o qual se formou. No reconhecimento deste cenário nasceu a UPskill, para requalificar as pessoas para as empresas e também não correr o risco de exclusão das pessoas que não encontram trabalho.

“É uma iniciativa que me deixa feliz ao lançar esta terceira edição, porque é útil em colocar os mundos das empresas em torno da APDC com o Instituto público do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Uma parceria feliz porque foi capaz de agregar várias empresas que se juntaram ao projeto”, disse o secretário de Estado. O IEFP e as instituições de ensino superior também estão no barco, primeiro como o ISCTE, agora a Universidade do Algarve que já se juntam com a sua capacidade de formação.

A iniciativa também aproxima o mundo académico ao empresarial, algo que esta iniciativa também fez de forma eficaz, é referido. Não se trata de apenas formar pessoas e bater na porta das empresas, mas sim um trabalho conjunto entre todas as entidades, num enquadramento académico e empresarial, é sublinhado.

As inscrições para a terceira começam hoje, mas antes, Miguel Fontes salienta que 80% dos participantes no programa têm garantido emprego no futuro. É uma necessidade concreta e real, que se traduz no aproveitamento no mínimo deste número de pessoas, que ficam alocados às empresas, muitas delas onde fizeram o seu estágio. São nove meses (seis meses de formação e três de estágio) e salienta que existem mais empresas a quererem entrar no programa. Houve 430 formandos na primeira edição, na segunda o número duplicou e agora para a terceira espera aumentar ainda mais os interessados. O objetivo é chegar ao número que o país precisa, da necessidade da realidade social económica de Portugal, diz Miguel Fontes.

"O problema de falta qualificações para o mundo digital é algo a nível europeu e não apenas em Portugal". Com a transição climática e a necessidade de mudança para as energias renováveis, deu origem a um spin off do programa, o Green UPskill, com o mesmo objetivo, mas com novos perfis necessários a esta questão. O objetivo é serem inclusivas, terem as pessoas no centro da transformação energética e dar condições para que se insiram no mercado de trabalho. Há outra iniciativa, que será anunciado em breve, que é o Emprego Mais Digital, que como o nome indica é requalificar as pessoas para ajudar na transformação digital ou mesmo encontrar os próximos líderes das TIC.

Rogério Carapuça, presidente da APDC, refere que é fundamental compreender a génese do upskill, que nasceu em janeiro de 2020, reunindo as empresas que mais contratam em Portugal dentro dos seus associados. O brainstorming feito durou cinco minutos, uma vez que todos concordaram no principal problema: a escassez de talento. A 4 de março de 2020, numa sessão do Incode, foi assinado o contrato para esta iniciativa. Passado uma semana Portugal entrou em confinamento, mas as empresas do sector continuaram a necessitar de pessoas. “O país fez um esforço para ter nos últimos 25 anos os jovens mais qualificados, mas é pouco”.

Por isso, pegar nas pessoas que já têm competências, mas que podem melhorar ou mudar ligeiramente a sua experiência para poderem ser recrutados é um dos focos do programa. Este tem o compromisso das empresas para contratar pelo menos 80% das pessoas que participam no programa. E as empresas querem que este seja coordenado com a sua proximidade, um trabalho que a APDC tem feito em representação dos seus associados.

Fazendo um balanço das duas primeiras edições, na primeira houve 5.600 candidatos para preencher 430 oportunidades de emprego em 38 empresas e 25 ações de formação. Na segunda edição, para as 802 oportunidades de emprego foram recebidas 6.000 candidaturas para 64 empresas e 50 ações de formação. Os números duplicaram a todos os níveis, como tinha sido referido, tendo ganho prestígio e tração por parte das empresas. De considerar que o número de candidatos não duplicou, são os mesmos, porque não existem pessoas suficientes.

Upskills

A terceira edição arranca hoje, assumindo assim o número previsto no protocolo inicial. Para já estão previstas três edições, mas o presidente da APDC mantém a porta aberta para se renovar o programa no futuro para mais edições. Importante salientar que os candidatos não estão centrados em Lisboa e Porto, mas sim em praticamente todo o território nacional.

Manuel Garcia, coordenador nacional da UPskill, refere que o programa tem alguns pilares importantes, como as empresas, onde começa o programa que tem o objetivo de empregabilidade. Estão a criar-se oportunidades de emprego para que se identifiquem candidatos para a formação. “É complexo, um planeamento que tem de ser feito em nove meses, porque por norma os contratos são feitos em ciclos. Além disso há uma necessidade de onboarding e as empresas têm que reportar como é feito a entrada dos candidatos formados”.

Outro pilar são os candidatos, os mais de 11.500 que nas duas edições tentaram mudar de vida, “porque significa testes e entrevistas, mas felizmente muitos deles conseguiram trabalho”. Por fim, o pilar da academia, que é a responsável por formar as pessoas, sendo que 11 instituições de norte a sul do país. E salienta que a formação intensa e de curta duração obriga também a um esforço, com matéria que poderia, por norma, durar mais que um ano. O IEFP também recebeu uma mensagem de agradecimento do coordenador do UPskill pelo financiamento do programa de formação, no apoio as entrevistas e identificação de candidatos. Foram feitas quase 2.500 entrevistas pela entidade.

O UPskill é um programa exigente e complexo, desde o levantamento das necessidades das empresas, o recrutamento de candidatos, as formações, alocação, gestão de desistências, num longo caminho até realmente a contratação e alocação das pessoas requalificadas, é destacado.

A ferramenta SAPU (Sistema de apoio ao programa UPskill) pretende facilitar todos os processos, preenchendo as fichas e dessa forma encontrar os candidatos, empresas e estabelecimentos de ensino. Vai retirar indicadores e tendências das necessidades, entre a programação, cloud, Low code, redes, Data Analytics, plataformas de serviço, etc. No entanto, nota-se numa análise das duas primeiras edições que a Programação continua a ser a maior necessidade das empresas.

O plano da terceira edição é identificar as necessidades das empresas em outubro, receber as candidaturas entre novembro e dezembro, em janeiro de 2023 faz-se as entrevistas do primeiro ciclo de candidaturas e em fevereiro inicia-se então as formações da terceira edição.

O desafio está agora do lado das empresas, em identificar as suas necessidades, novas áreas tecnológicas e mais localizações no país.  Para esta terceira edição, pretende-se aumentar a penetração junto das empresas e manter (pelo menos) o mesmo número de turmas do segundo (50), mas também, se possível, aumentar o número de participação das pessoas. Para tal, o programa pede às empresas e pessoas que divulguem a iniciativa, bem ao estilo do passa a palavra “boca a boca” para trazer mais pessoas.

Upskills

Mário Campolargo, Secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, fechou o evento referindo que este programa é uma iniciativa para a competitividade em Portugal. Esta é importante para o crescimento sustentável do país no futuro, referindo o sucesso do investimento em pessoas com impacto e com um sonho de futuro. Além disso, é valor acrescentado para Portugal, sendo uma das 12 medidas para o Plano da Transformação Digital, que se revelou um sucesso. Ao mesmo tempo que se reconhece o talento nacional, salienta-se a capacidade de absorção das empresas estrangeiras.

De recordar que os candidatos têm de ter pelo menos o 12º ano completo e um bom domínio de inglês (B2).