Os dados, apresentados durante a 29.ª conferência da GfK Portugal, mostram que a IA se destaca como uma das principais tendências do setor de Bens Tecnológicos de Consumo, criando novas funcionalidades nos equipamentos tecnológicos e revitalizando áreas de negócio totalmente automatizadas.

Depois de uma desaceleração nos últimos 2 anos, os analistas verificaram um forte ressurgimento no segmento de produtos para Smart Home, liderado pelo principal setor de eletrodomésticos, o que reflete uma incorporação dos sistemas de IA na vida dos consumidores.

Os padrões de consumo estão a adaptar-se, com os consumidores a darem prioridade a atributos que refletem as suas novas necessidades e exigências. Em destaque está, por exemplo, a redução do ceticismo dos consumidores em relação à sustentabilidade, que se afirma como uma das prioridades no mercado de Bens Tecnológicos de Consumo.

Em linha com as previsões anteriormente avançadas por António Salvador, diretor-geral da GfK Portugal, espera-se que este mercado registe um crescimento na ordem dos 2%.

Num panorama marcado pelo aumento de tarifas impostas pelos Estados Unidos, assim como pelos subsídios emitidos pela China, a indústria vai mudar o seu foco para os setores digitais, em particular para os produtos de informática e office, que poderão ser os grandes impulsionadores do crescimento. A GfK antecipa também que 2025 atinja um novo recorde de faturação, com um crescimento previsto de 3%.

Mercado português segue tendência de crescimento

Em comparação com os últimos dois anos, o mercado registou uma recuperação significativa, com os analistas a apontarem para o maior número de vendas e de produtos disponibilizados. Portugal segue uma tendência semelhante, crescendo em todas as áreas de negócio.

GfK aponta para crescimento de 2% no mercado de bens tecnológicos de consumo
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Em comunicado, a GfK Portugal avança que a substituição dos aparelhos eletrónicos é um fator crescente nas motivações de compra. Segundo os dados partilhados, os telemóveis são substituídos após 3,7 anos de utilização. Já os tablets e computadores portáteis são substituídos a cada 4,4 e 5,5 anos, respetivamente.

Segundo a GfK, as compras de produtos de eletrónica de consumo e de fotografia registaram um crescimento de 5% no mercado português, influenciado pelo canal de vendas online. Entre as áreas com os maiores crescimentos em Portugal destacam-se as categorias relacionadas com o ar livre, que acompanham as subidas em áreas mais tradicionais como a Televisão (mais 7%) e as Colunas de Som (mais 5%).

No caso dos televisores, os analistas apontam para a transmissão televisiva de grandes eventos futebolísticos como factor que contribuiu para o aumento de vendas deste segmento em Portugal. Os modelos com preços abaixo dos 1.000 euros e com dimensões acima das 60 polegadas são os que mais se enquadram nas preferências dos consumidores portugueses, com as tecnologias QLED e o QDot a revitalizarem o mercado.

A GfK detalha que a área de informática recuperou em quase todos os segmentos após dois anos de resultados negativos, tendo crescido 5%. No último trimestre de 2024, Portugal apresentou os melhores resultados desta área de negócio. Além disso, o segmento de Telecom registou um novo recorde de vendas e de faturação e o segmento de aparelhos recondicionados também segue uma trajetória de crescimento.

No ano passado, Portugal destacou-se nas vendas de pequenos eletrodomésticos, que cresceram 8%, ficando acima da média global de 3%. Nos grandes eletrodomésticos, Portugal registou uma subida de 6 pontos percentuais, acompanhando a recuperação global.

Os analistas identificaram uma diferença significativa entre o número de unidades vendidas de eletrodomésticos (mais 6%) e o valor dos mesmos (mais 3%), o que mostra novos padrões de consumo, como uma menor intenção de upgrade, por parte dos consumidores.

A procura por eletrodomésticos foi impulsionada pelas campanhas promocionais, que atingiram um recorde em novembro. Espera-se que a inovação marque o futuro do mercado, permitindo trazer funcionalidades inteligentes a mais produtos. Em Portugal, os segmentos dos pequenos e grandes eletrodomésticos poderão crescer 3% e 7%, respetivamente, em 2025. 

Vendas online e em lojas físicas

O mercado global de Bens Tecnológicos de Consumo manteve uma trajetória de crescimento moderada, na ordem dos 1,4%. A nível nacional regista-se um aumento de 3,8 pontos percentuais, além de receitas na ordem dos 3,6 mil milhões de euros. 

A nível internacional, a venda de aparelhos eletrónicos online, sobretudo nas áreas da informática e dos pequenos eletrodomésticos, alcançou um novo recorde, representando 36% da faturação total e, em alguns casos, superando mais de metade destes valores.

A tendência é contrariada pelos grandes eletrodomésticos, onde o ponto de venda online tem vindo a perder força desde 2021. Em Portugal, a presença neste canal continua a ser bastante inferior ao que se regista na Europa, no entanto os analistas indicam que há claros indícios de melhoria nos resultados de 2024, com 22% das vendas tecnológicas a decorrerem neste ponto de venda.

Por outro lado, as vendas em lojas físicas oscilaram ao longo do ano, com a GfK a destacar picos em outubro (mais 5%) e novembro (mais 7%), assim como uma quebra de 1% em dezembro. Ao todo, 37% das vendas concentraram-se em períodos promocionais, quer em Portugal como na Europa.