A maior fábrica de iPhone do mundo, situada no centro da China, ofereceu hoje 10.000 yuans (1.340 euros) aos funcionários recém-contratados que optem por deixar as instalações, após protestos que resultaram em confrontos violentos com a polícia.
A administração do grupo Foxconn, que monta produtos eletrónicos para muitas marcas internacionais, incluindo a norte-americana Apple, propôs o plano de pagamento aos operários, pedindo-lhes que voltem para os dormitórios, de acordo com o jornal britânico Financial Times.
A medida visa pôr fim aos protestos que culminaram em confrontos violentos com agentes de segurança. Os trabalhadores arremessaram barras de metal contra agentes da polícia e envolveram-se em cenas de pancadaria, depois de a empresa ter imposto um regime de trabalho em circuito fechado, proibindo-os de abandonar as instalações, e revisto as condições salariais.
O pagamento visa compensar os trabalhadores recém-contratados pela despesa com a deslocação até à fábrica e as horas trabalhadas.
Aqueles que aceitarem o acordo vão receber 8.000 yuans após apresentarem demissão. Os restantes 2.000 yuans vão ser pagos após partirem nos autocarros para casa. Os protestos violentos irromperam após os trabalhadores terem dito que a empresa recuou na promessa de pagar bónus aos funcionários recém-contratados.
A Foxconn ofereceu salários mais altos para atrair trabalhadores, depois de um êxodo de operários, no último do mês, provocado pelo bloqueio das instalações, na sequência de um surto de COVID-19. Os funcionários, que viajaram longas distâncias para trabalhar na fábrica, reclamaram que a empresa mudou posteriormente os termos de pagamento.
O anúncio original prometia 25.000 yuans (cerca de 3.400 euros) por dois meses de trabalho, mas, após chegarem à empresa, os funcionários foram informados que teriam que trabalhar dois meses extras com salários mais baixos para receber aquele montante. A Foxconn pediu desculpas pela “falta de comunicação”, prometendo que vai honrar os seus compromissos. “A nossa equipa apurou que ocorreu um erro técnico durante o processo de integração dos funcionários”, justificou. “Pedimos desculpas pelo erro no sistema informático e garantimos que o pagamento vai ser feito de acordo com as condições que constam nos anúncios de recrutamento”, acrescentou.
Em comunicado, a Apple disse estar a trabalhar com a Foxconn para “garantir que as preocupações dos funcionários são atendidas”. A oferta da Foxconn pode adicionar, no entanto, mais pressão à escassez de mão-de-obra na fábrica em Zhengzhou, após o êxodo em massa de trabalhadores, ocorrido no mês passado.
Analistas estimam que cerca de 60% de todos os iPhones são produzidos na fábrica de Zhengzhou, que emprega mais de 200.000 trabalhadores. Os problemas ocorridos nas instalações levaram já a Apple a rever as datas para a entrega do iPhone 14 de última geração e a emitir um raro aviso aos investidores sobre os atrasos.
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