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A Comissão Europeia apresentou ontem os resultados de dois inquéritos Eurobarómetro sobre a utilização dos computadores e da Internet nas escolas da União Europeia. Os dados - reunidos entre Fevereiro e Maio de 2001, integrando o Benchmarking do Plano de Acção eEurope - revelam que o grau de adopção das novas tecnologias nos estabelecimentos de ensino de todos os Estados-Membros é cada vez maior e que os professores estão, na sua grande maioria, receptivos em relação ao recurso à Internet.



O relatório que apresenta os resultados dos dois inquéritos - designado por "eEurope 2002, Benchmarking European Youth into the Digital Age" - alerta, porém, para o facto de ainda existirem discrepâncias significativas no ritmo da adopção das novas ferramentas entre os diferentes países. Por exemplo, os números variam entre três a 25 alunos por cada computador offline e entre três e 50 alunos por cada PC com acesso à Internet.



Por outro lado, em média, nove em cada dez escolas da União Europeia estão actualmente ligadas à Internet, sendo que os alunos têm acesso à Rede em oito de cada dez estabelecimentos de ensino. Por cada computador online, existem 12 alunos, aumentando esse número para 24, no caso de se tratar de um computador offline. Metade dos PCs utilizados têm menos de três anos.



O panorama europeu permanece, em grande parte, dominado por tecnologias de acesso à Internet em banda estreita, como RDIS ou linha analógica, apesar de a Internet em banda larga ter conseguido avanços em alguns Estados-Membros.



Os computadores offline são agora utilizados pela maioria dos professores europeus. Contudo, menos de quatro em cada dez utilizam a Internet com os seus alunos. As principais razões invocadas pelos professores para o facto de não utilizarem a Internet na sala de aula são o baixo nível do equipamento e/ou da tecnologia de ligação à Rede. Apenas um em cada 100 dos professores que utilizam a Internet nas aulas não consideram que este medium é útil.



Portugal encontra-se no grupo dos países mais mal colocados neste estudo, no que diz respeito à percentagem de escolas com acesso à grande rede, sendo, com 62 por cento, um dos três países que se encontra abaixo do limiar dos 80 por cento, para além da Áustria (72%) e da Grécia (45%). Recorde-se que a iniciativa eEurope fixou como meta a atingir no final de 2001 a ligação de todas as escolas da União Europeia à Internet.



O ministro da Ciência e da Tecnologia Mariano Gago garantiu em Abril que as 8.700 escolas nacionais iriam estar ligadas à Internet até ao final deste ano (ver Notícias Relacionadas). O responsável afirmou na altura que Portugal é um dos três países mais avançados da Europa na ligação das escolas à Internet, visto que somente os países nórdicos concluíram o processo de intalação da Rede nos estabelecimentos de ensino.



Mas também em termos do número de alunos que acedem de facto à Internet, Portugal se encontra em penúltimo lugar nos estudos da Comissão Europeia, com 52 por cento, mais uma vez, ao lado da Áustria (64%) e da Grécia (44%), os únicos países abaixo dos 70 por cento.



Outro indicador em que Portugal se encontra mal posicionado é o rácio de computadores por aluno, existindo um PC offline para 26 alunos e um computador ligado à Internet para 54 alunos, a par da Alemanha e, mais uma vez, da Grécia, países que ultrapassam a fasquia dos 20 alunos por PC.



Quanto ao tipo de ligação utilizada para aceder à Internet, em Portugal domina o acesso via RDIS, com 75 por cento, face a 27 por cento de escolas que utilizam linhas analógicas. ADSL e modem cabo são utilizados por apenas dois por cento dos estabelecimentos de ensino.



Outros dados indicados neste relatório são que 73 por cento das escolas possuem um endereço de correio electrónico, sendo que 40 por cento têm um site na Web e outras 40 por cento possuem uma intranet. Em média, 64 por cento dos computadores utilizados nos estabelecimentos de ensino têm menos de 64 por cento e 19 por cento foram doados por particulares e empresas privadas.



No que se refere aos professores, 39 por cento utilizam computadores offline nas aulas, ao passo que 20 por cento recorrem a computadores com acesso à Internet. Em paralelo, 37 por cento dos docentes receberam formação em informática, 21 por cento em Internet, sendo que a maioria (61%) não teve qualquer tipo de formação.


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