Hoje concluiu-se a sexta edição dos prémios Altice International Innovation Award, um concurso dedicado à procura de projetos inovadores, direcionado às startups e academia. A edição de 2022 ficou marcada pelo recorde de submissão de projetos, num total de 125 projetos a serem avaliados pelo júri. Mas apenas três chegaram ao grupo de finalistas em cada categoria: Startup, Academia e a especial INCLUI, patrocinada pela Fundação Altice para projetos focados na inclusão. De destacar que a edição deste ano conta com a Irlanda, enquanto país convidado.
Alexandre Fonseca, presidente do júri da AIIA, destacou os prémios como uma forma de salientar os projetos que tornam a sociedade melhor. No agradecimento ao júri presente na cerimónia de finalistas, referiu a importância que os prémios AIIA já têm no panorama de inovação em Portugal. Deixou também uma palavra para a Irlanda, que está representada com projetos entre os finalistas nos prémios, pela relação empresarial próxima com o país, assim como na proximidade de instituições.
E destaca que é uma responsabilidade da Altice aproximar os países. “A Irlanda é um exemplo de um país da Europa que cresceu economicamente com base na tecnologia, abrindo as portas à inovação”, disse na sua intervenção. Para finalizar, deixou a palavra aos finalistas, que tiveram a responsabilidade de fazer um pitch dos seus projetos. O objetivo passa por crescerem e alcançarem o mercado, transportar os projetos do papel para as mãos das pessoas. Houve mais de 500 candidaturas na soma das seis edições dos prémios de inovação.
Veja na galeria as fotografias da apresentação dos pitchs dos finalistas:
Os finalistas da categoria Startup
A Inclusio é uma plataforma que combina tecnologia, ciência comportamental e Inteligência Artificial que permite que os empregados de uma organização construam, de forma confidencial, o seu perfil de diversidade. As empresas podem medir e rastrear o nível de experiência e profissionalismo através de políticas mais inclusivas.
A ciência comportamental é acompanhada por analítica, ajudando as empresas a compreender a importância da diversidade e inclusão. O objetivo é os gestores aprenderem a criar um melhor ambiente dentro das equipas. A plataforma oferece licenças às empresas da sua solução. Afirma que, das 26 plataformas semelhantes, nenhuma oferece as ferramentas da Inclusio, tendo já algumas dezenas de clientes.
Muitas empresas ainda não começaram os seus projetos de inclusão a decorrer e a adoção de soluções como a Inclusio pode ser chave na sua estratégia. Já trabalha com algumas das maiores empresas de recrutamento a nível mundial, permitindo obter as informações dos colaboradores e saber como agir.
Questionada sobre a proteção de dados, os algoritmos de IA pretendem ser éticos, tendo a ajuda de psicólogos universitários e académicos. Foi testado e verificado de forma independente para garantir que a IA aprenda de forma preditiva e melhorar a diversidade dentro das organizações.
A IPLEXMED apresenta uma plataforma de diagnóstico não invasivo, em contexto doméstico, de infeções respiratórias clínicas. Existem doenças que não deixam muita margem de manobra para diagnósticos, levando muito tempo a marcar exames. A sua solução é portátil, oferecendo resultados rápidos e práticos.
O sistema funciona com um cartucho que recolhe amostras de saliva, por exemplo, inserido no módulo, que por sua vez é ligado ao PC, acedendo à sua base de dados ou à cloud. Tem sensores de grafeno que capturam moléculas, dando resultados em 20 minutos. Pode ser aplicado a qualquer pessoa, reduzindo de dias para minutos a deteção precoce de doenças, salvando dessa forma vidas. O seu negócio é fornecer os equipamentos a centros de saúde, mas também diretamente aos pacientes. A tecnologia consegue fazer diferentes análises com apenas uma amostra.
Diz que já receberam financiamento de 220 mil euros, esperando as certificações necessárias para lançar no mercado em 2026. “Durante esta apresentação de cinco minutos já morreram cerca de 20 pessoas com infeções bacterianas e nós queremos reduzir esse número”, salientou na sua despedida.
Toda a base utilizada pela startup tem como principio estudos científicos publicados e validados por outros parceiros. Dessa forma pretende que a ciência responda pelos resultados da sua solução, uma vez que a equipa é constituída por biomédicos, acima de tudo. É dado o exemplo dos testes domésticos à COVID-19, que serviram para mitigar a propagação do vírus, que é isso que se pretende com este equipamento médico.
Por fim, a Neroes é uma plataforma de treino mental não invasiva e baseada em dados quantitativos. Utiliza uma metodologia de neurofeedback, analisando os circuitos neurais e respetivo perfil do utilizador. A partir dessa base de dados dos utilizadores e modelos da atividade neural é proposto um treino adaptado para maximizar a melhoria do utilizador, tais como o campo da ansiedade, através de processos de estimulação, visuais e auditivos.
Baseia-se em quantificação, predição e treino. O equipamento funciona como uma espécie de bandolete como headset em torno da cabeça. E tal como no ginásio, quando se treina um braço, o aparelho treina a mente. Está já a operar em Portugal e Espanha, mas pretende levar o negócio para os países nórdicos e Brasil. Tem ajudado áreas tais como o desporto e outras, puxando pela capacidade da atividade cerebral dos utilizadores e como refere, “transformar as pessoas em heróis”.
O seu modelo baseia-se em B2B, em que os equipamentos são alugados às empresas. Os utilizadores marcam sessões de treino, recebendo depois os relatórios da sua evolução e resultados dos mesmos. É um processo personalizado, tendo uma solução de IA a ser treinada. O utilizador vai reagindo e adaptando-se ao que vê no ecrã, mas ao mesmo tempo a IA vai lendo e compreendendo as necessidades do utilizador, seja a aumentar a música ou a colocar outros elementos.
Os finalistas da categoria Academia
O projeto Adaptive Robotic Grasping Planning - A Novel Unified and Modular Grasping Pipeline Architecture é uma nova arquitetura de software modular, capaz de ser modificada e reconfigurada hierarquicamente. O utilizador pode definir como construir a configuração da mão robótica e que objeto e mão robótica serão utilizados.
A startup fala na engenharia robótica, que tem de ultrapassar algumas dificuldades, como o packaging, serviços de logística e cuidados de saúde. Algo que pode ser simples e intuitivo para humanos, pode ser difícil para robots. Como detetar objetos e apanhá-los, ou mesmo a força a aplicar para os agarrar.
Sustentabilidade, human centric e resiliência são alguns dos pilares da já chamada Indústria 5. Esta solução pretende oferecer esse futuro suportado por IA, computer vision e outras ferramentas que ajudem a reduzir custos, deem resposta rápida e ajudem as pessoas nas suas tarefas. O modelo de negócio passa por licenciamento do software e operações no Marketplace.
A Dynamic Defense for Softwarized and Virtualized Networks pretende ser uma abordagem inovadora para fazer face ao atual cenário de prevalência de riscos de Cibersegurança que alia técnicas de Moving Target Defense (MTD) e autenticação de dois fatores. Prevê a criação de uma camada de defesa/autenticação de rede que irá mover a superfície de ataque (a função potencialmente vulnerável) observando todas as configurações disponíveis e assim impedindo ou dificultando o processo de ataque.
A tecnologia pretende dificultar os atacantes, mostrando que os seus potenciais alvos estão em movimento. Pretende ser facilmente ligado aos sistemas de segurança, sem a necessidade de conhecer o serviço e tem mecanismos de mitigação de ataques. Funciona como uma subscrição “as a service” para os clientes. Já foi testado na Efasec, nas comunicações e vídeo, dando um exemplo de user cases. Tem uma taxa de sucesso de deteção acima dos 99,99%. A sua solução funciona em formato Standalone, mas também pode ser integrado numa rede mais complexa.
Por fim, o terceiro projeto da Academia é a Fast and accessible fabrication methodology for organ-on-a-chip devices. Este projeto pretende reduzir o impacto da investigação nos animais, usando como alternativa modelos de animais através de um chip. A solução promete revolucionar a forma como os ensaios pré-clínicos em humanos são conduzidos, fornecendo um modelo humano, para estudar uma doença humana, oferecendo assim um contexto médico personalizado.
Tornar os cuidados de saúde melhores é um objetivo global que a empresa pretende ajudar. É referido que muitos testes feitos em animais falham quando são traduzidos para os humanos. E é aqui que o chip da empresa entra em cena, para replicar o órgão de um humano, mas também as funções e movimentos dos mesmos, seja um sistema digestivo ou funcionamento dos pulmões, num contexto humano.
A empresa diz que os testes demoram cerca de cinco dias, nas diversas camadas para o qual for designado. Mas o seu chip, além da vantagem de reduzir o uso de animais vivos nos testes de laboratório, usando componentes “orgânicos” feitos em silicone, consegue reduzir para 8 horas a produção do orgão. Consegue meter num chip a informação personalizada de cada caso.
A equipa já conseguiu simular as diversas camadas do estômago, numa prova de conceito, para mostrar a capacidade da sua tecnologia, em diversos cenários. A sua solução foi testada e simula de forma fiel o mecanismo e complexidade do órgão real. Não apenas a arquitetura, mas os seus movimentos que são muito importantes e é o que distingue esta solução de outras publicados em estudos científicos. Tem uma patente registada para o método de fabricação do órgão no chip.
Apesar de ser revolucionário e pretender reduzir o uso dos animais de teste, ainda não se pode falar de uma substituição total. Ainda não existem respostas sistémicas no chip e outros sistemas vivos. Mas pode ver o efeito do consumo de um medicamento nos respetivos órgãos, admitindo que ainda há trabalho pela frente.
Prémio de inclusão INCLUI
Relativamente à categoria INCLUI, um prémio criado pela Fundação Altice, recebeu como finalistas a Dreamwaves, a seamlessCARE Empathic e Zoomguide.
A Dreamwaves é uma solução de navegação baseada em Audio Augmented Reality que pode beneficiar utilizadores com défices visuais, seniores e também ciclistas e motociclistas. Esta proposta é standalone e integra navegação mãos-livres através de áudio espacial, realidade aumentada e localização de utilizadores através de modelos de machine learning. Os sons virtuais são ativados pela aproximação do utilizador e ouvidos como se fossem objetos reais, ajudando a caminhar mais facilmente para cada fonte.
No seu pitch, o CEO da Dreamwaves diz que é o trabalho de três anos, num desafio para ajudar pessoas cegas. Dá o exemplo de um cego que na confusão das horas de ponta é muito difícil de navegar, acabando por bater em obstáculos, tornando-se complicado voltar a orientar-se para seguir o seu curso. A sua app pode ser utilizada em qualquer equipamento e fui ajudada por cerca de 120 cegos, de forma a criar-se som espacial com pistas sonoras, ajudando a andar de ponto em ponto até ao seu destino.
É uma forma de navegar diferente, servindo mais de 250 milhões de cegos no mundo, 20 milhões na Europa. Além dos cegos, ciclistas, condutores de trotinetes e outros podem utilizar a app para melhor navegar pela cidade. A startup continua a reunir fundos para expandir e lançar a aplicação.
O projeto irlandês seamlessCARE Empathic pretende ajudar na comunicação de pessoas com condições de autismo, lesões cerebrais ou dificuldades de aprendizagem, reduzindo o impacto familiar, social, laboral e económico. As pessoas não-verbais podem comunicar as suas emoções através da gravação de vocalizações de 10 segundos, através do recurso a IA, que ajudam a compreender a emoção a ser expressa.
O projeto começou quando o marido da CEO da startup teve um ataque cardíaco, reduzindo a sua capacidade de comunicar. A sua app grava os sons das vocalizações dos afetados, de forma a partilhar com as pessoas em redor os seus sentimentos. A app interpreta o utilizador e ajudar os tratadores e família a comunicar com os mesmos. A app tem sido testada nos últimos dois anos, sendo recolhido feedback, para ajudar os utilizadores a serem mais independentes e aumentar a sua qualidade de vida, diminuindo a frustração dos mesmos.
Por fim, a Zoomguide é uma solução alimentada por Inteligência Artificial que oferece um guia capaz de reconhecer o ambiente e entregar conteúdos adaptados a cada utilizador, tornando a descoberta das cidades e do património cultural interativa e inclusiva.
Esta proposta é uma alternativa às inúmeras aplicações necessárias para cada local histórico. A Zoomguide utiliza a câmara fotográfica para reconhecer, oferecendo as ferramentas aos seus parceiros para oferecer a informação que a audiência necessita. Pretende ser a mais acessível, com conteúdos para crianças e pessoas com invalidez auditiva e visual, ajudando a navegar pelos locais e absorver a informação cultural.
A aplicação utiliza um sistema de reconhecimento do ambiente, utilizando um sistema de posicionamento visual interior capaz de fornecer informação áudio. A posição dos utilizadores é reconhecida automaticamente através da análise de um fluxo de vídeo, oferecendo uma descrição do que está à volta por exemplo de um utilizador com défice visual.
A app já faturou mais de 50 mil euros em 2022, num crescimento de 85% face ao ano passado. E salienta que se destaca de outras soluções como o Google Lens por ter o seu conteúdo curado, escolhido para quem visita os respetivos locais a visitar. Nos locais onde está disponível, tem um sinal que acusa a presença do Zoomguide e quando ativado no smartphone, usando a câmara fotográfica, passa a estar disponível, podendo escolher o modo para pessoas com limitações visuais.
Tem vindo a trabalhar com a ACAPO para testar as suas funcionalidades. Tem parcerias com os municípios de Aveiro, Porto e Lisboa, assim como programas de teste nos parques de Sintra.
Prémio especial Born From Knowledge
Tal como nas edições anteriores, a Agência Nacional de Inovação (ANI) volta a associar-se aos prémios AIIA, para atribuir o prémio Born From Knowledge ao melhor projeto finalista “nascido do conhecimento”. Esta categoria premeia as atividades de investigação e desenvolvimento que valorize o conhecimento científico e tecnológico nacional e que responda aos desafios da sociedade e contribua para a economia.
Recorde-se que na categoria de startup há um prémio de 50 mil euros a que se soma a possibilidade de concretização de uma prova de conceito com o Grupo Altice, enquanto na categoria de Academia o prémio é de 25 mil euros, distinguindo o melhor trabalho académico. Os empreendedores da área de inclusão têm ainda uma categoria especial, com o prémio “Inclusive by Fundação Altice”, no valor de 20 mil euros.
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