O Plano Tecnológico que o actual Governo colocou em marcha é "muito vago", não se podendo definir nem como estratégico nem como operacional, considera o Grupo de Alto Nível (GAN), uma entidade que tem como missão facultar à Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade de Informação (APDSI) uma avaliação qualitativa e quantitativa da acção governamental na área da SI.



Provenientes de vários quadrantes da sociedade civil, os 15 membros do GAN consideram que "a falta de coerência e harmonia de que o plano padece deixa a descoberto a ausência de articulações integradoras entre os programas de abordagem aos vários sectores", pode ler-se no documento resultante da análise conduzida pelo grupo de estudos.



Além desta falta de definição, existe também uma dificuldade de medição e auditoria no Plano Tecnológico, não sendo clara a relação entre as metas estabelecidas no mesmo e as medidas para as concretizar, acusa o GAN.



O grupo de estudo aponta igualmente ao Plano a ausência de um impacto na sociedade civil, uma vez que as indústrias envolvidas parecem não se rever nas medidas e metas estabelecidas, e por não conseguir uma percepção pública "suficientemente positiva e motivadora" sobre as intenções do Governo. O Plano Tecnológico denota também "ausência de liderança". "Um plano com um âmbito tão abrangente e com objectivos estratégicos tão importantes para o país, não pode ser realizado sem liderança dedicada, sem poderes e orçamentos efectivos", diz o GAN.



Da leitura crítica efectuada, o grupo de estudo da APDSI refere ainda que o Plano Tecnológico denota uma perspectiva deficiente da Sociedade da Informação, não a reconhecendo explicitamente como eixo de desenvolvimento. "Era natural que, num plano de âmbito tecnológico, a Sociedade da Informação surgisse como cerne e não tratada de forma marginal, como acontece", referiu José Dias Coelho, presidente da APDSI e membro do GAN, na conferência de imprensa de apresentação de resultados da análise conduzida, ao final da manhã de hoje.



A articulação insuficiente com a modernização administrativa do sector público é a última crítica, de um conjunto de cinco, que o grupo de estudos aponta ao Plano Tecnológico promovido pelo Governo de José Sócrates.



Plano deverá ser revisto o mais rapidamente possível


Além das críticas, o GAN considerou adequado apresentar algumas recomendações, entre elas a de conferir ao Plano "uma visão inspiradora e uma forte capacidade de mobilização de todos os actores da sociedade civil"; a de "acrescentar uma quarto Eixo de Acção, transversal, orientado para a Sociedade da Informação como eixo de desenvolvimento" e a de "ajustar todo o Plano, de modo a integrar os quatro eixos de acção de forma consistente e com elevados níveis de articulação".



O GAN recomenda ainda aos membros do Governo que detalhem com mais rigor as componentes do Plano destinadas a serem operacionalizadas no seu primeiro ano de vigência e estabeleçam prioridades relativas para todas as acções do Plano, determinando ao mesmo tempo as lideranças de todos os programas de acção e grandes projectos.



Como último conselho, o grupo de estudos recomenda ainda a divulgação da nova versão do Plano - se tal vier a acontecer.



O GAN foi oficialmente constituído no passado mês de Outubro e a leitura do documento "Plano Tecnológico" foi a primeira análise conduzida pelo mesmo, devido à "enorme importância de que se reveste", justificou.



É objectivo deste grupo de estudo da APDSI produzir periodicamente um documento de posição sobre um tema de interesse nacional, relevante para a Sociedade da Informação. "Acredito que o GAN poderá ajudar o Governo a melhorar e a ajustar as acções que esteja a desenvolver ou a planear para a área da SI", afirmou José Dias Coelho.



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