Nos últimos quarenta anos o país mudou significativamente e desde que a APDC foi criada, em 1984, o sector das comunicações foi "um dos que mais contribuiu para mudar" Portugal, com a inovação e a cobertura do território, defendeu Rogério Carapuça, presidente da APDC, na sessão de abertura do 33º Congresso, que decorre hoje e amanhã, 14 e 15 de maio, em Lisboa, e que pode ser acompanhado online no SAPO TEK. 

“Sem a confiança neste setor, Portugal não teria atingido os níveis de desenvolvimento de hoje. Mas não devemos dar-nos por satisfeitos. A nossa economia deve criar mais valor. O Estado deve contribuir para este esforço tornando os processos mais simples”, afirmou Rogério Carapuça.

Para o presidente da associação, apesar da inovação, "não queremos ser os primeiros dos últimos mas ser os primeiros", e por isso a APDC desenvolveu uma visão para os próximos 8 anos, duas legislaturas, em que acredita que "é possível fazer uma mudança". O documento com as propostas vai ser entregue ao Governo, através da ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, que também participou na sessão de abertura do congresso.

Rogério Carapuça alinhou os seis pilares que integram o documento da proposta, e que são o Incentivo ao Crescimento Económico Sustentável e Territorialmente Equilibrado; Promoção do Talento; Adoção da Tecnologia; Funcionamento do mercado; Simplificação do Estado e Promoção da Cibersegurança e Inclusão digital. O SAPO TEK sabe que esta proposta vai ser detalhada ainda durante o Congresso.

Pode acompanhar todos os debates online com o SAPO TEK, através da transmissão de vídeo assegurada pela APDC

A ideia é conseguir acelerar a transformação, não repetir iniciativas em silos diferentes e fazer a Administração Pública cooperar em várias áreas, com uma lógica de "only once" para que o cidadão só tenha de fornecer dados uma vez e que o Estado não esteja sempre a pedir a mesma informação.

"Este vai ser o nosso contributo para a governação", sublinha Rogério Carapuça, adiantando ainda que "não fazemos reinvindicações, somos uma associação de ecossistema, não corporativa. Fazemos sugestões e oferecemo-nos para as discutir com quem nos governa".

O potencial da Inteligência Artificial

O tema da Inteligência Artificial, que domina a agenda do Congresso, também esteve em destaque na abertura do Congresso, com Rogério Carapuça a afirmar que pode ser o maior salto qualitativo da história em termos de produtividade. 

Também o presidente do Congresso, Arlindo Oliveira lembra que a Inteligência Artificial já fascina a comunidade científica há mais de 60 anos, mas que os desenvolvimentos recentes "fazem a diferença".

Para o professor do Instituto Superior Técnico e presidente do INESC, a inteligência Artificial pode ser vista como "o novo sistema operativo da Internet" e vai mudar a forma como nos relacionamos e acedemos à informação. "Não é só porque podemos falar com chatbots inteligentes", defende.

Mesmo assim este é o princípio da revolução, que vai ser mais profunda. "Ninguém sabe qual é o futuro, mas sabemos que vai ter impacto profundo na sociedade, com impactos regulatórios, económicos e sociais".

Arlindo Oliveira admite porém que ainda vivemos num paradoxo, onde conseguimos falar com sistemas inteligentes mas que depois vamos a um site do Governo onde ainda estamos no passado. Por isso lembra que temos grandes desafios porque a Inteligência Artificial não é o futuro, já é o presente.

"Temos grandes desafios para o país, operacionais, educacionais e de produtividade. O país tem de se tornar mais produtivo", refere, admitindo que, só por si´, a tecnologia não vai fazer esta mudança, e que é uma questão organizacional e um desafio para todos nós.

Na sessão de abertura a Ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, reconheceu a inovação do sector das telecomunicações nos últimos 40 anos e defendeu a necessidade de garantir um futuro digital  inclusivo, para todos e todas.

A ministra defendeu que Portugal deve contribuir para as metas definidas a nível Europeu com a Bússola Digital e diz que "o primeiro passo é o reconhecimento de áreas fundamentais" com o ministério dedicado à Modernização neste 24º Governo, mas aponta também o reforço da formação, atração de especialistas, criar uma economia atrativa e competitiva, alicerçada no digital e com infraestrutura inteligente.

Margarida Balseiro Lopes afirma que para o sucesso da Estratégia Portugal Digital 2030 é necessário um modelo robusto de governance e reforçar o ecossistema com os parceiros. "Precisamos de promover a inovação e digitalização, que o Estado lidere pelo exemplo a transição digital", afirma, colocando sempre as pessoas no centro das iniciativas.

O SAPO TEK é media partner do 33º Congresso da APDC e está a acompanhar os debates e apresentações. Acompanhe tudo aqui e veja as imagens 

Nota da redação: A notícia foi atualizada com mais informação. Última atualização 11h33