Os atrasos na entrega das verbas contratualizadas com o Governo tornou mais difícil o trabalho da organização portuguesa do RoboCup, que ainda espera boa parte dos valores prometidos. Em declarações ao TeK João Sentieiro, director do Instituto de Sistemas e Robótica, do Instituto Superior Técnico lamentou os atrasos no cumprimento dos compromissos assumidos com a organização e considerou "irrisórias" as verbas para aqui direccionadas, comparativamente às que foram alocadas para o Campeonato Europeu de Futebol, razão pela qual diz não compreender os atrasos nos pagamentos.



O responsável explica que os apoios foram prometidos antes mesmo da apresentação da candidatura portuguesa e encarados desde então como essenciais. Nesta altura ficou estabelecido que parte do financiamento chegaria através da Fundação para a Ciência e Tecnologia e uma outra através da Ciência Viva, ao que se juntavam dois concursos para a realização de projectos. Um destes concursos visava o ensino básico e secundário e o segundo o ensino superior.



Num ponto de situação João Sentieiro explica que relativamente aos apoios previstos para os projectos do ensino superior "foi apenas transferido 15 por cento do valor prometido, quando era suposto que estes estivessem finalizados para apresentação no Festival de Robótica em Maio".



No que respeita às transferências directas para a organização dos 200 mil euros previstos - através da FCT - faltam 45 mil, enquanto dos 150 mil euros que deveriam ter sido transferidos através do Ciência Viva faltam entregar 110 mil euros.



"Estamos com dívidas e a recorrer a fontes de financiamento de emergência", explica o responsável acrescentando que uma das consequências dos atrasos nos financiamentos foi sentida ao nível das ligas juniores, que deveriam beneficiar de apoios para a estadia e deslocação a Lisboa que acabaram por não chegar. "Muitos destes miúdos pertencem a famílias com recursos limitados, sem possibilidades de suportar esses custos", continua. A situação está em fase de resolução e deverá ser desbloqueada nos próximos dias.



João Sentieiro elogia o papel do Ciência Viva numa primeira fase da candidatura que considera ter sido crucial na divulgação dos projectos de ciência e na motivação das camadas mais jovens, lamentando que muito do esforço realizado nessa fase tenha caído por terra.



Na apresentação oficial do evento que decorreu hoje na FIL a organização referiu três novidades principais na edição deste ano do RoboCup. Pela primeira vez este ano a iluminação das competições é completamente assegurada pelo pavilhão 4 da FIL, não sendo necessário recorrer a projectores de reforço.



Por outro lado, os campos são maiores o que faz com que os jogadores (robots) sejam menos individualistas e se vejam obrigados a colaborar mais entre si, um dos principais propósitos técnicos da competição.



Por último, o RoboCup Lisboa oficializa uma nova liga, apresentada no ano passado em Itália, a eLeague (Entry League) que pretende encaixar equipas que já não possam integrar as ligas juniores e também ainda não tenham condições para integrar as ligas seniores.



As primeiras competições do RoboCup arrancam amanhã e prolongam-se por três dias com acesso ao público em geral.



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