Os números ainda não são finais em relação aos participantes, mas a CES 2020 foi a maior e a mais internacional até agora, com mais de 4.500 expositores e mais de 160 países. Há um limite para o crescimento e para as áreas integradas? Em resposta ao SAPO TEK, Gary Shapiro, CEO da Consumer Trade Association (CTA) admitiu que quer a missão da organização que lidera é fazer crescer a área da tecnologia, e que em última análise todas as empresas são empresas de tecnologia, pelo que este ano acolheu com agrado a presença da Delta e da John Deere ou a Impossible Foods, que não são puras tecnológicas.

Mesmo assim, há limites e espaço e da própria capacidade da cidade de Las Vegas de acolher mais visitantes, e a CTA tem isso em conta. “Não queremos que os quartos dos hotéis e os voos se tornem muito caros”, afirmou o CEO da associação que organiza a CES. A feira “está lotada” e há pedidos para fazer crescer o Eureka Park, e por isso a CTA tem expectativa que um novo edifício que está a ser construído possa estar pronto a tempo da CES 2021.

Uma em cada 3 pessoas que visita a CES vem de fora dos Estados Unidos e há também um crescimento da presença de startups, com movimentos fortes de França, que trouxe 207 startups, mas também de Taiwan, Itália e Reino Unido.

Questionado quanto ao impacto que o bloqueio económico à China está a ter na CES, Gary Shapiro admite que este ano teve uma redução no número de expositores (mas não no espaço que ocuparam) e também dos visitantes, mas lembra que isso também se deve ao clima económico menos favorável na China.

“Achamos que isso pode ser solucionado com um novo acordo [entre os EUA e a China] que se antecipa para as próximas semanas e lembra que o sector beneficia com a estabilidade e previsibilidade, e também o mundo, e que isso se reflete no crescimento económico.

Gary Shapiro, CEO da Consumer Technology Association (CTA)
Gary Shapiro, CEO da Consumer Technology Association (CTA)

Em compensação países como o Japão e a Coreia reforçaram este ano a sua presença.

A preocupação com a sustentabilidade faz também parte dos princípios da CTA e as práticas adotadas fazem com que a feira tenha sido reconhecida como a “mais verde”, e há um conjunto de recomendações apos expositores, e regras da reciclagem dos materiais, que estão a ser aplicados.

Áreas em crescimento e os sex toys

O número de sectores representados na CES continua a crescer e a feira abarca cada vez mais áreas, dos automóveis aos eletrodomésticos, TVs, smartphones, som, robótica, AI, smartcities e cuidados de saúde. Esta foi mesmo uma das áreas que mais cresceu, com um incremento de 25%.

Dentro da categoria estão os produtos sexuais. No ano passado foi polémica a retirada do prémio a Lora DiCarlo que tinha recebido um galardão de inovação, e agora Gary Shapiro faz um “mea culpa” e assume que isso foi um erro. “Foi um erro retirar o prémio e reconhecemos isso”, afirmou num encontro com jornalistas, mas garante que isso fez com que a CTA olhasse para esta categoria com mais atenção.

Este ano a organização abriu portas a empresas com produtos na área do sexo e vai agora fazer o balanço da “experiência” para determinar se mantém a categoria no próximo ano. “Temos algumas regras, banimos a pornografia e as armas, temos regras do que os expositores podem vestir e que imagens podem mostrar, e desenhar limites é sempre difícil”, afirma, mas garante que a CTA tem em atenção todos os interesses e o respeito pelos visitantes e expositores, e num evento tão internacional, com mais de 160 países, é preciso manter a consistência para abarcar toda a diversidade de culturas.

E as feiras vão continuar a ser eventos num futuro cada vez mais digital? “Precisamos desta experiência para ver coisas, ligar pessoas, encontrar pessoas que nunca conhecemos e promover a inovação”, garante.

O SAPO TEK está a na CES 2020 em Las Vegas para descobrir as principais tendências e os gadgets mais interessantes, mas também os mais estranhos e pode acompanhar aqui todas as notícias que vamos trazendo em direto de Las Vegas.