O Conselho Europeu de Investigação (ERC) concedeu uma bolsa científica de três milhões de euros a Paulo Lourenço, professor catedrático do Departamento de Engenharia da Universidade do Minho. O investimento de cinco anos tem como objetivo criar um sistema de engenharia de previsão de sismos. Segundo a TSF, a tecnologia inovadora pretende avaliar a segurança do património nacional com valor histórico perante a ocorrência de sismos. Parte do orçamento será aplicado numa infraestrutura laboratorial em Guimarães, com sistemas de replicação e simulação de sismos reais.

Em declarações à rádio, Paulo Lourenço afirma que já existe uma boa infraestrutura no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, que é muito utilizada, mas a nova unidade será construída mais a norte, e embora mais pequena, terá tecnologia de ponta para o cálculo e controlo dos danos. Essa estrutura irá manter-se a replicar sismos nos próximos anos, criando condições experimentais inéditas até agora.

O cientista acredita que os novos métodos empregados possam mudar o paradigma do que se faz atualmente em engenharia, principalmente na abordagem aos edifícios antigos, menos preparados para o perigo sísmico. Para tal, é explicado que os dados obtidos com a nova infraestrutura serão combinados com ferramentas de simulação computacional, ferramentas analíticas e novas formulações matemáticas que “tentam incluir o regime caótico deste género de estruturas”, avança.

O projeto ganhou a confiança da ERC por ser disruptivo. Paulo Lourenço afirma que a prevenção antissísmica não tem recebido a devida atenção em Portugal, sobretudo um país em risco de repetição do terremoto de 1755. O cientista considera que a maior parte da construção efetuada após o terramoto em Lisboa, e toda a zona sul até ao Algarve necessita ser analisada por serem áreas de elevada perigosidade.

O cientista conclui que a reabilitação urbana efetuada nos últimos anos em Lisboa e Porto tem ignorado os sistemas sísmicos, destacando que os esforços têm sido canalizados para a parte energética. No entanto, considera que o perigo dos sismos mexe com a vida das pessoas, e com os seus maiores bens, que são as suas casas.