Com um investimento de mais de 400 milhões de euros, a Investigação & Desenvolvimento é uma das bases para o desenvolvimento do negócio e o objetivo da BAT é reduzir o impacto do mesmo na saúde dos consumidores, atingindo 50 milhões de utilizadores de produtos sem combustão até 2030 (contra os atuais 24 milhões).

Danielle Tower, Group Head of Scientific & Regulatory Affairs da BAT, explica a forma como são desenvolvidos os novos produtos e o investimento feito na inovação pela empresa.

Quais as etapas seguidas pela BAT no desenvolvimento de um novo produto?

Para a BAT, é essencial trabalhar na redução do impacto do nosso negócio na saúde. Nesse sentido, estamos a acelerar e a investir todos os nossos esforços na transformação dos cigarros de combustão em diferentes produtos de Novas Categorias com potencial de risco reduzido. É isto que significa construir Um Amanhã Melhor, a nossa estratégia global.
Para ajudar a determinar o potencial de risco reduzido dos nossos produtos, submetemo-los ao nosso quadro de avaliação científica composto por nove etapas, revisto por pares.
Entre outras coisas, testamos o conteúdo que está no vapor, através de robots de vaporização e tecido humano, que nos permitem avaliar o que acontece quando as células são expostas a este vapor. Também realizamos estudos para explicar o impacto real dos nossos produtos. O mais recente, publicado na revista Internal and Emergency Medicine, compara medições clínicas de utilizadores exclusivos de vaping com os fumadores regulares. Os resultados mostram que os consumidores adultos de vaping tiveram um desempenho significativamente melhor do que os fumadores em biomarcadores relevantes para doenças relacionadas com o tabagismo. No que diz respeito aos tóxicos prioritários presentes no fumo do cigarro identificados pela Organização Mundial de Saúde, os níveis de exposição foram significativamente mais baixos nos utilizadores de vaping em comparação com os fumadores convencionais. Além disso, foram encontradas diferenças favoráveis entre utilizadores desta alternativa e fumadores em todos os sete biomarcadores medidos relativamente a potenciais riscos relevantes para doenças relacionadas com o tabagismo.

Que papel desempenha a inovação na criação ou evolução deste tipo de produto?

A inovação é a chave da nossa estratégia e uma peça fundamental para impulsionar o desenvolvimento desta nova categoria de produtos.
A aposta na Investigação & Desenvolvimento (I&D) faz parte desta estratégia e é um pilar para que o nosso negócio evolua e se adapte às exigências dos nossos consumidores, com uma gama de produtos inovadores.
Hoje, operamos num amplo espectro de campos científicos, incluindo a biologia molecular, a toxicologia e a química, e é esta amplitude de conhecimentos que alimenta a inovação e a aprendizagem que nos distingue como líderes do setor.
Temos um investimento de mais de 400 milhões de euros e empregamos atualmente mais de 1.500 especialistas em I&D de 40 nacionalidades nos nossos centros de inovação. A maioria deles concentra-se na investigação e desenvolvimento de produtos de Novas Categorias.
O nosso principal centro de I&D situa-se em Southampton, no Reino Unido, e é apoiado por equipas de I&D em todo o mundo. Temos mais de 40 toxicologistas, 600 cientistas e engenheiros e 200 parceiros internos. Também inaugurámos recentemente em Trieste o nosso A Better Tomorrow Innovation Hub, um novo centro global de produção e inovação da BAT Itália dedicado a Novas Categorias de produtos com risco potencialmente reduzido.

Que tecnologia utilizam para os vossos produtos?

O nosso objetivo não é necessariamente sermos os primeiros do mercado, mas sim sermos os melhores. Queremos apostar nos produtos certos, ou seja, oferecer aos fumadores alternativas ao tabaco com produtos excecionais. A nossa principal preocupação e compromisso é fornecer aos consumidores adultos produtos que sejam garantidamente seguros. Para o efeito, aplicamos normas de qualidade e segurança muito rigorosas.
Utilizamos uma ampla gama de técnicas analíticas e tecnologia laboratorial especializada para testar rigorosamente o que cada produto contém e produz, bem como os efeitos biológicos a curto prazo que lhes estão associados. O nosso centro de inovação de última geração está a revolucionar a forma como os dispositivos recarregáveis são concebidos, desenvolvidos e testados.
Investimos no desenvolvimento de ferramentas e técnicas sofisticadas de teste de baterias que garantem a segurança de todos os dispositivos que chegam aos nossos consumidores. Também investimos em ferramentas analíticas avançadas, como os Calorímetros de Ritmo Acelerado (ARC – Accelerated Rate Calorimeters), para estudar as reações reversíveis que ocorrem numa bateria e compreender como controlar o dispositivo em segurança.
Todos os elementos de um dispositivo, incluindo a bateria e os componentes eletrónicos, são metodicamente avaliados. Na BAT, trabalhamos continuamente em projetos de acesso a tecnologia de ponta (como o McLaren Applied Technologies) para nos ajudar no desenvolvimento das nossas Novas Categorias. Além disso, apoiamos ativamente o desenvolvimento de padrões de qualidade e segurança em todo o setor e participamos em organismos reguladores internacionais no que a este tema diz respeito.

Qual o processo criativo na conceção dos vossos produtos de Novas Categorias?

O processo criativo faz parte da nossa evolução enquanto empresa para dar resposta às necessidades dos consumidores, para acompanhar um mercado em constante evolução e para cumprir os nossos padrões de sustentabilidade e qualidade. Passámos de uma empresa dedicada apenas ao fabrico de cigarros convencionais (papel, tabaco e filtro) para uma empresa focada em dispositivos tecnológicos com uma vida útil mais semelhante à de um telemóvel.
A inovação é uma parte essencial desta transformação. Atualmente, lançamos atualizações de produtos e dispositivos a cada 6 a 8 meses para permanecer na vanguarda do setor e atender às preferências dos nossos clientes.
Passámos por uma grande transformação num curto espaço de tempo, tornando-nos numa verdadeira empresa multicategoria.

Como medem o interesse do consumidor por Novas Categorias?

Temos consciência de que as necessidades dos consumidores adultos estão em constante evolução e, hoje em dia, cada vez mais consumidores procuram alternativas e Novas Categorias. Uma evolução que também é visível no nosso setor, com esta mudança de hábitos de consumo que, no caso da BAT, significa que temos agora 24 milhões de consumidores adultos de Novas Categorias.
Com o desenvolvimento destas Novas Categorias de produtos, procuramos responder a esta procura crescente dos nossos consumidores adultos e, ao mesmo tempo, oferecer aos utilizadores de cigarros convencionais uma alternativa ao tabaco convencional.
O nosso objetivo é identificar o que os potenciais consumidores querem, determinar que barreiras existem para satisfazer as suas necessidades e trabalhar para as ultrapassar com soluções inovadoras que também se enquadrem nos compromissos da nossa empresa em matéria de sustentabilidade e de redução do impacto do negócio na saúde.

Do ponto de vista da inovação, em que estão atualmente a trabalhar e quais são os desafios futuros da empresa?

O nosso objetivo é ter cerca de 50 milhões de consumidores de produtos sem combustão até 2030 (contra os atuais 24 milhões) e antecipar para 2025 as nossas metas ambientais para 2030, tais como alcançar a neutralidade de carbono.
Em termos de receitas, no primeiro semestre de 2023, as vendas de produtos sem combustão cresceram 18,4%, para 2.594 milhões de euros. Nas Novas Categorias, que incluem produtos de vaping e tabaco aquecido, entre outros, gostaríamos de atingir 5 mil milhões de libras de receitas até 2025.
Consideramos que os produtos para além do tabaco e da nicotina acabam por desempenhar um papel fundamental no nosso futuro. Um bom exemplo é a experiência da Suécia. A Suécia conseguiu tornar-se o primeiro país livre de fumo do mundo, com uma taxa de tabagismo inferior aos 5% estabelecidos pela OMS, em grande parte graças à adoção de alternativas aos cigarros convencionais, como o snus, as saquetas de nicotina oral ou os cigarros eletrónicos.
No nosso caso, estamos a desenvolver e a impulsionar novas capacidades, com uma clara incidência no digital e na nossa linha de investigação, ciência e inovação. A nossa transformação está a fazer com que passemos de uma empresa conhecida pelo tabaco para uma empresa centrada na tecnologia e na inovação.
As nossas prioridades estratégicas, de crescimento e de investimento estão a transformar a BAT numa empresa de bens de consumo de alto crescimento: global, multicategoria, centrada nos colaboradores e no consumidor do futuro. Estamos convictos de que as empresas sustentáveis são empresas com futuro, e trazemos esta mensagem no nosso ADN. Trabalhamos diariamente neste sentido, com muitas novidades no horizonte que, espero, possamos anunciar nos próximos meses.