Os benefícios da transformação digital já se fazem sentir na Europa, com mais empresas a explorarem o potencial das tecnologias no seu negócio e no relacionamento com os clientes, mas há ainda muito para fazer para tirar partido do pleno potencial da economia digital. AWS apresentou um estudo durante o AWS Initiate 2022, em Lisboa, que mostra que a tecnologia cloud pode ajudar a acelerar esta área.

O estudo, encomendado à consultora independente Public First, estima que, se a adoção digital for acelerada, até 2030 poderá desbloquear na economia europeia um valor acrescentado bruto (VAB) de 2,8 triliões de euros. Isto diz respeito à medida do valor dos bens e serviços produzidos na economia da região, o que equivale a quase 21% da economia atual da União Europeia (UE).

Na análise é referido que 55% do ganho estimado do VAB depende da computação na cloud e inclui 1,3 triliões de euros que a Europa já está em vias de atingir, mais 1,5 triliões de euros se o progresso digital for acelerado. Se isso não acontece, a AWS avisa que a União Europeia só alcançará 45% do potencial do VAB previsto para a Década Digital.

"Ao atual ritmo de progresso, a realização do objetivo digital completo da UE só será atingido em 2040, 10 anos depois do previsto". alerta o estudo.

Segundo a empresa, "gerar este valor exige que os sectores privado e público unam esforços para acelerar a adoção de competências e tecnologias digitais, tais como as tecnologias de cloud. A AWS, em linha com os objetivos europeus, e recorrendo à sua experiência, pode, até 2025, ajudar 29 milhões de pessoas em todo o mundo a melhorar as suas competências técnicas com formação gratuita em computação na cloud", refere-se.

No apoio ao empreendedorismo o caminho está a ser traçado de forma positiva, e tudo indica que será possível duplicar, até 2030, o número de unicórnios europeus, as start-ups privadas avaliadas em mais de mil milhões de dólares. Também na digitalização de serviços há dados relevantes, estimando o estudo que será alcançado o objetivo de digitalizar 100% dos serviços públicos essenciais. O mesmo se passa na conetividade onde refere que "é provável que cumpra o seu objetivo de disponibilizar gigabits e 5G para conectividade à Internet, para todos e em todo o lado".

O poder dos unicórnios

Entre os dados partilhados na análise refere-se que, em 2021, a UE tinha mais de 200 unicórnios, o dobro de 2017, e este número está no bom caminho para duplicar novamente até 2030. Mas fica o aviso de que muitas empresas europeias ainda não adotaram a utilização das tecnologias disponíveis, incluindo a cloud. "

Digitalizar a economia global impulsionaria o crescimento em 20%, o que é 8,5 vezes o valor do crescimento do sector tecnológico da UE", refere a AWS.

"Se as empresas da UE acelerassem a sua adoção da cloud, utilização de IA, e de big data em 10%, acrescentariam 370 mil milhões de euros em VAB à economia da UE, um montante maior do que a indústria de serviços financeiros da União Europeia", indica o estudo.

Há ainda um fosso de competências digitais a ultrapassar, porque embora a maioria dos europeus possuam competências digitais básicas, existem diferenças significativas entre países, com a proporção da população que atinge competências digitais básicas a variar entre 29% e 79%.

O relatório indica que, nos últimos cinco anos, a melhoria das competências digitais básicas e o aumento do número de mulheres em funções de tecnologia da informação e comunicação (TIC) tem sido lenta.

"A este ritmo, o objetivo da CE de que 80% da população da EU atinja as competências digitais básicas até 2030 é pouco provável que seja atingido – ficar-se-ão pelos 61%", indica o estudo.

A falta de competências digitais tem impacto direto no desenvolvimento de empresas mais avançadas e o estudo alerta também para o facto de que cumprir o objetivo da UE de 20 milhões de especialistas em TIC sem melhorar a inclusão de mulheres nesta área até 2030, será um desafio. Com base nas tendências atuais, em 2030, menos de 25% dos especialistas em TIC serão mulheres.