Um relatório levado a cabo pelos serviços de consultoria da IBM prevê que a indústria de media terá de proceder a alterações radicais no seu modelo de negócio, nos próximos cinco a sete anos, sob pena de colocar em risco a sua sobrevivência. Segundo o "Media & Entretenimento 2010" as áreas mais afectadas pelas transformações que a indústria irá passar - em consequência da popularização dos conteúdos digitais e do crescente poder dos utilizadores face à forma como e quando querem receber os seus conteúdos media - serão a radiodifusão e o cinema.



O documento antevê que as empresas que actuam nesta áreas terão de adoptar modelos de negócios abertos permitindo aos "consumidores o acesso permanente a conteúdos de media protegidos a preços variáveis", enquanto garantem a possibilidade destes "controlarem as suas próprias experiências de media e entretenimento", sublinha o relatório.



O crescente poder de decisão dos utilizadores obrigará a mudanças profundas ao nível das abordagens de marketing, promoção e distribuição de serviço hoje orientadas para audiências de massas. O relatório compara o sentido destas alterações com o percurso já iniciado pela indústria da música. Nesta área muitos players "estão a tirar partido das capacidades tecnológicas e a adaptar-se às questões regulamentares e de negócio de forma a adoptar modelos totalmente novos de distribuição de música [...] concebidos com base nas escolhas individuais de parceiros de negócio e consumidores", explica Saul Berman, um dos consultores envolvido na pesquisa.



A IBM acredita que no futuro as empresas de media com sucesso terão capacidade para fornecer informação protegida em pacotes e a preços variáveis, o que as obrigará a conhecer os seus clientes e parceiros em detalhe por forma a conseguirem fornecer-lhes um serviço como e onde quiserem. Será o cliente quem define os parâmetros dos conteúdos a receber que poderão chegar num ou em vários formatos.



Ainda segundo o relatório, as empresas de media passarão a diferenciar-se pela capacidade de cruzar informação sobre clientes, mercados e valor dos activos digitais. Prevê-se ainda que "consórcios, estúdios tradicionais e editores venham a liberalizar os seus registos, disponibilizando conteúdo digitalizado antigo e novo, em vários formatos e a taxas variáveis", consoante as vendas registadas, a raridade do conteúdo ou a idade.



O relatório sublinha ainda que muitos produtores independentes e artistas venham a disponibilizar gratuitamente música, vídeos e filmes, assegurando receita através de material promocional, transmissão de concertos via Internet, etc.



Para minimizar o impacto das alterações a que a indústria de media estará sujeita nos próximos anos o relatório aconselha as empresas a converterem todos os seus conteúdos em formatos digitais. Da mesma forma, sugere-se que seja dado espaço aos consumidores para produzir ou criar conteúdo dinâmico, assim como, reforçar as apostas na comunicação em tempo real.



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