No clima pós-guerra e com o derrube do regime de Saddam, o Iraque surge para
as companhias tecnológicas como uma oportunidade rara depois da era
dotcom, devido à necessidade de reconstrução das redes de
telecomunicações do país e da implementação de novas infra-estruturas,
tarefas que envolvem quantias bastante avultadas em dinheiro.
É que apesar de o Iraque necessitar a curto prazo de coisas tão básicas como o
restabelecimento da rede de energia eléctrica e um novo governo, o país sofre
de um sistema telefónico em mau estado, um fraco nível de acesso à Internet e
quase nenhum acesso sem fios como os que têm recentemente despontado noutros
países.
Até agora, as autoridades ainda não explicaram como é que os contratos de
telecomunicações serão atribuídos, se os acordos assinados pelo regime de
Saddam serão honrados ou se irão ser seleccionadas companhias
norte-americanas e britânicas. A única coisa que sabe é que a Agência para o Desenvolvimento
Internacional do governo dos EUA, que está a liderar vários projectos de
reconstrução no Iraque, não irá controlar os acordos de telecomunicações.
As companhias tecnológicas que querem fazer parte deste processo afirmam que o
maior beneficiário será o povo iraquiano, cujas ligações ao mundo exterior
foram limitadas pela ditadura de Saddam e danificadas pela guerra. Embora o
antigo regime possuísse um site da Web, o Uruklink - agora encerrado, os
iraquianos possuíam um acesso escasso à Internet para além dos centros
governamentais, que disponibilizavam ligações lentas encaminhadas por
servidores proxy que tentavam filtrar o seu conteúdo.
As comunicações por voz também não estão em muito melhor estado. Os telefones
por satélite utilizados por jornalistas e voluntários são demasiado caros
para os cidadãos comuns e o país não possuía nenhuma quase nenhuma cobertura
de telemóveis para além do norte curdo. Para remediar a situação, muitos
iraquianos alteraram os seus telefones domésticos sem fios antes da guerra
para alargar o seu alcance para uma a duas milhas. Mesmo antes da guerra,
previa-se que o custo de recuperação do sistema telefónico do Iraque fosse de
mil milhões de dólares, ao longo de um período de sete a dez anos.
Esse projecto inclui agora a reparação das centrais telefónicas de Bagdad que
foram bombardeadas, apesar de os Marines dizerem que 95 por cento das redes
estão intactas, faltando-lhes apenas electricidade. Algumas centrais de
localidades vizinhas estão outra vez a funcionar, mas apenas para chamadas
locais. Os mais recentes negócios no sector das telecomunicações efectuados
por Saddam envolveram empresas turcas e francesas, tendo grande parte da rede
telefónica sido construída pela Alcatel nos anos 80.
Esta companhia já se mostrou interessada em voltar a investir no país, mas
muito provavelmente terá que competir com empresas norte-americanas como a Lucent Technogies e a AT&T. Também a Motorola, que
fabrica equipamento de comunicações móveis GSM e CDMA, revelou que irá
procurar obter trabalhos no Iraque. Existe até uma coligação denominada Comité para a Reconstrução das
Tecnologias da Informação no Iraque, sediada em Londres, que pretende
implantar tecnologias wireless e equipamento que encaminha chamadas de longa
distância de uma forma económica através da Internet.
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