A Comissão Europeia apresentou esta quarta-feira um pacote de medidas para fomentar o desenvolvimento em torno da inteligência artificial na região, sem deixar de fora desta oportunidade startups e PMEs e deu mais um passo relevante na preparação do terreno para a chegada do AI Act.

Um dos destaques do anúncio vai para a proposta de alteração dos regulamentos da EuroHPC, a Empresa Comum para a Computação Europeia de Alto Desempenho. As mudanças, explica o órgão executivo da União Europeia, visam tornar possível a criação de “Fábricas de IA”, posicionadas como um novo pilar para as atividades da plataforma de gestão e desenvolvimento das infraestruturas europeias de supercomputação.

Nessas alterações propõe-se que seja dada luz verde à aquisição, atualização e operação de supercomputadores dedicados à IA para permitir a aprendizagem automática rápida e o treino de grandes modelos de IA de uso geral (GPAI). Prevê-se um acesso mais facilitado aos supercomputadores dedicados à IA, nomeadamente por PME e startups, “contribuindo para o alargamento da utilização da IA a um grande número de utilizadores públicos e privados”, explica a nota publicada. E abre-se caminho ao desenvolvimento de uma variedade de aplicações de IA emergentes, com base em modelos de IA de objetivo geral, nas infraestruturas geridas pela EuroHPC.

Para apoiar as empresas em fase de arranque e inovadoras deve ser criado um balcão único, com diferentes serviços de apoio ao ecossistema de investigação e projetos de IA daquelas empresas, desde o desenvolvimento de algoritmos, treino, avaliação à validação de modelos em grande escala. As emendas ao regulamento da EuroHPC terão agora de ser apreciadas e acolhidas pelo Parlamento e pelo Conselho Europeu para poderem avançar.

Enquanto isso, arrancam já os preparativos para a criação de um Gabinete de IA na própria Comissão Europeia, que será responsável pela implementação, ao nível europeu, da nova legislação regional para a IA. A estrutura vai ser montada ao longo dos próximos meses e terá também como missões, a coordenação da política de IA a nível europeu, assim como a supervisão da aplicação e cumprimento da futura legislação.

A criação de dois novos consórcios europeus para as infraestruturas digitais, envolvendo vários Estados-membros, foi também anunciada esta quarta-feira. As duas estruturas vão contribuir para o mesmo objetivo de fomentar o desenvolvimento da IA na região, em áreas distintas.

O consórcio Alliance for Language Technologies (ALT-EDIC) terá como missão desenvolver uma infraestrutura europeia comum de tecnologias de linguagem, para colmatar a falta de dados para treino de modelos de IA em línguas europeias e criar LLM europeus.

O CitiVERSE EDIC vai aplicar ferramentas inovadoras de IA para desenvolver e melhorar soluções de digital twins que ajudem as cidades a simular cenários e otimizar processos, em áreas como a gestão de tráfego ou a recolha de lixo. Ambos os consórcios vão agora começar a ser criados.

Numa comunicação paralela, foram elencadas outras medidas em curso para fazer mexer a IA na região. Está previsto um reforço do apoio às startups e à inovação nesta área, com fundos públicos e privados previstos de 4 mil milhões de euros até 2027, que ficarão disponíveis via Horizonte Europa e Europa Digital.

Estão igualmente previstas iniciativas de acompanhamento à formação e requalificação de talento na área da IA generativa, promoção do investimento público e privado de capital de risco em projetos nesta área e outras iniciativas financiadas, como o GenAI4EU. Esta iniciativa vai apoiar o desenvolvimento de casos de uso e aplicações emergentes de IA generativa em 14 ecossistemas industriais.