Para cumprir o objectivo a que se propôs durante o Conselho Europeu de Lisboa em Março de 2000 de se tornar na economia do conhecimento mais competitiva do mundo, a Europa terá de se esforçar muito mais. Esta é a conclusão do último relatório da Comissão Europeia intitulado "Science, technology and innovation - Key figures 2002".



Segundo o indicador de investimento na economia baseada no conhecimento - que combina investigação, educação, formação e recursos humanos - a Dinamarca, a Suécia e a Finlandia mantêm-se na frente, enquanto a Itália e a Espanha terão de mobilizar mais recursos urgentemente. Um segundo indicador, que mede o desempenho na transição para uma economia baseada no conhecimento mostra igualmente que o progresso na maioria dos países europeus ainda é demasiado lento.



Para criar a economia do conhecimento mais competitiva do mundo, será necessário investimento em várias área prioritárias, indica a Comissão, como a investigação, a educação, a formação e os recursos humanos, bens capitais tecnológicos ou a informatização dos serviços públicos.



A diferença entre a União Europeia como um todo e os Estados Unidos, no que diz respeito ao nível de investimento e ao seu crescimento, ainda permanece muito grande. Contudo, esta conclusão geral pode dissimular diferenças entre os vários Estados-membros. Por exemplo, os países nórdicos, como a Dinamarca, a Suécia e a Finlândia, lideram com níveis de investimento e crescimentos distanciadamente mais altos do que os verificados nos Estados Unidos.



Um outro grupo, formado pela Grécia, Portugal e Irlanda, estão em boa situação de acompanhar o ritmo. Em contraste, a maioria dos países europeus estão na média europeia, enquanto outros grandes países, como a Itália ou a Espanha terão de se esforçar mais.



Os grandes investimentos são necessários, mas não suficientes por si próprios. De acordo com a Comissão Europeia é igualmente importante que estes esforços extra produzam melhorias substanciais no desempenho tecnológico e científico, maior inovação e o arranque de sucesso de novas tecnologias.



A CE indica que os progressos efectuados nestas frentes são muito lentos. O nível do desempenho científico e tecnológico europeu está com certeza a crescer mais rapidamente do que nos Estados Unidos, mas não suficientemente rápido para se comparar à economia norte-americana em 2010.



A necessidade de promover um maior investimento privado
"O investimento na investigação e desenvolvimento é o ponto fulcral dos esforços para a construção de uma verdadeira economia baseada no conhecimento", indica a Comissão que adianta que desde meados dos anos 90 que a diferença entre a União Europeia e os EUA em termos de despesas com investigação e desenvolvimento quase duplicaram.



Durante o ano 2000 a União Europeia e os seus Estados-membros investiram um total de 164 biliões de euros em investigação, comparativamente com os 288 biliões de euros dos EUA. Isso quer dizer que a UE e os seus Estados-membros só investiram 1,9 por cento dos seus recursos nesta área, face aos 2,7 por cento dos Estados Unidos e aos 3 por cento do Japão, no mesmo ano.



Actualmente, a União Europeia produz mais recursos humanos na área da ciência e tecnologia do que os EUA ou o Japão, ambos em termos absolutos em relação à sua população. Além disso, o número de pós-graduações em proporção ao total da população cresceu mais rapidamente na Europa do que no mercado norte-americano nos últimos anos.



Esta situação não se reflecte, contudo, em superioridade numérica de investigadores. Em termos absolutos, a União Europeia tem cerca de 920.000 investigadores, comparativamente aos 1.220.000 nos EUA.



Face a estes dados, a Comissão sugere que a promoção ao nível europeu de profissões relacionadas com a área da investigação científica e o incentivo da mobilidade destes mesmo investigadores entre Estados-membros, é perfeitamente justificada e terá de ser complementada com medidas apropriadas a nível nacional e regional.



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