Foi no dia 1 de dezembro de 2018 que Meng Wanzhou foi detida no Canadá, acusada por cobrir e violar sanções impostas pelos Estados Unidos ao Irão. A sua detenção fez aumentar as tensões comerciais entre o então governo de Donald Trump com a China, sendo a Huawei a principal bandeira dessa escalada.
A filha de Ren Zhengfei, fundador da gigante tecnológica Huawei, foi detida em Vancouver, e desde então procurou chegar a um acordo de extradição. A empresária foi libertada na sexta-feira, segundo a Reuters, tendo chegado a Shenzhen no sábado, depois de 1.000 dias detida. “A Senhora Meng é uma empresária honesta e ética, que nunca gastou um segundo da sua vida a conspirar violações contra a lei norte-americana, incluindo as sanções ao Irão”, respondiam os advogados da empresária aquando a sua detenção.
Quando Meng Wanzhou foi detida, a China respondeu com a prisão de dois canadianos acusados de espionagem, que foram também agora libertados como parte do acordo. Meng Wanzhou declarou-se não culpada pelas acusações feitas pelos Estados Unidos, mas acabou por concordar com os termos do seu processo que se vai finalizar em dezembro de 2022. E no caso de Meng cumprir com as condições impostas durante este prazo, as acusações serão retiradas.
Segundo o jornal Nikkei Asia, o acordo salienta que Meng Wanzhou assumiu a responsabilidade no seu papel principal no esquema de defraudar uma instituição financeira global, na declaração do Departamento da Justiça dos Estados Unidos. Ainda no comunicado é referido que Meng admitiu as alegações do governo americano, de que a empresária e outros empregados da Huawei participaram no esquema que encobriam as atividades da tecnológica no Irão.
No acordo, que parece ter agradado a ambos os lados, Meng Wanzhou deixará de ser acusada nos Estados Unidos, tendo sido terminados os processos de extradição no Canadá. Em troca da liberdade, a empresária admitiu que a acusação contra si pelos Estados Unidos era factual, mas sem qualquer multa ou responsabilidade criminal, desde que Meng não desista do acordo nos próximos 14 meses.
A libertação da empresária parece abrandar um pouco as tensões entre os Estados Unidos e a China, que respondeu com a libertação dos dois canadianos presos. Ambos os lados aclamam “final feliz” para o processo que durou quase três anos. Os envolvidos voltaram para casa, mas não se espera que estas feridas sejam saradas em breve, no que diz respeito às relações entre a China, o Canadá e Estados Unidos. Para já, a Huawei continua na lista negra do governo americano, sem final à vista.
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