A Foxconn anunciou os seus resultados financeiros relativos ao último trimestre do ano passado e com eles lançou um alerta para a expectável quebra na procura, que este ano vai afetar a eletrónica de consumo.

O abrandamento no ritmo de crescimento da economia global e a inflação explicam a perspetiva apontada por Liu Young-way, presidente da tecnológica de Taiwan. “Mantemos uma perspetiva relativamente conservadora em relação à eletrónica de consumo inteligente e acreditamos que o mercado pode recuar ligeiramente” este ano, referiu o responsável numa conferência com analistas, citado pela Reuters.

Nos últimos três meses do ano passado, a Foxconn viu os seus lucros baixarem 10%. Este ano acredita que a procura por bens de eletrónica de consumo ficará ainda ligeiramente abaixo dos valores registados no ano passado, o que afetará o seu negócio e o das restantes empresas a operar nesse mercado.

A Foxconn é o maior fabricante mundial de eletrónica para terceiros, sendo que um dos seus principais clientes é a Apple, que recorre às fábricas da Foxconn na Ásia para produzir o iPhone e outros produtos.

A eletrónica de consumo gera mais de metade das receitas da Foxconn, mas não é a única área onde a empresa opera. Olhando para todo o mercado, as perspectivas da companhia para outros segmentos, como a computação, cloud ou componentes de rede e produtos são mais otimistas e a companhia antecipa mesmo um crescimento significativo aí.

No entanto, e considerando todas as diferentes áreas, as receitas da companhia de Taiwan previstas, tanto para este trimestre, como para o ano em curso, devem manter-se ao mesmo nível do ano passado.

A Foxconn foi notícia por várias vezes no ano passado, por causa dos efeitos da política chinesa de tolerância zero à Covid-19. Antes do último Natal, e durante quase dois meses, trabalhou num regime fechado e teve de lidar com protestos violentos dos colaboradores que aceitaram permanecer 24/24 horas na fábrica e se queixavam de promessas não cumpridas.

Também durante o último trimestre do ano passado, e antes de implementar esta medida, a empresa deu nota da fuga de vários colaboradores, por causa do aumento de casos de Covid-19 na zona de Zhengzhou, cidade onde tem uma fábrica com mais de 200 mil colaboradores, e pela qual passa a montagem dos principais topos de gama da Apple.

Sabe-se agora em que medida estes e outros eventos tiveram impacto nas contas da Foxconn, que entre outubro e dezembro viu os lucros caírem de 44,4 mil milhões de dólares taiwaneses, para 40 mil milhões, cerca de 1,2 mil milhões de euros.