Durante a IFA, a decorrer em Berlim, bombardeado por perguntas dos jornalistas sobre a situação da Huawei com o governo dos Estados Unidos, Walter Ji, responsável pelo negócio de consumo da empresa chinesa respondeu que abandonar os mercados americano e europeu, mantendo-se a crise, “não era uma opção”. Walter Ji referiu que a filosofia da empresa nos últimos 30 anos é que não existem anos isolados e os desafios se mantêm, e que a tecnológica continuará a investir na área de investigação e desenvolvimento: “queremos continuar a introduzir a melhor inovação no mercado, incluindo smartphones e ainda hoje apresentámos o Kirin 990”.
Walter Ji defendeu que não faz sentido desistir do mercado dos smartphones quando acaba de introduzir no mercado aquele que considera ser o processador mais poderoso destinado a um dispositivo móvel. “Atualmente estamos comprometidos com o ecossistema Android, mas nós temos um plano B”, referindo-se ao seu próprio sistema operativo HarmonyOS.
Questionado pelo SAPO TEK se o Mate 30, que vai ser lançado ainda este mês, iria ser alimentado pelo HarmonyOS, visto que a Google revelou recentemente que a Huawei não tinha autorização para usar o sistema operativo em futuros dispositivos, Walter Ji serviu-se de um pouco da ironia para responder que “o que posse assegurar é que o Mate 30 vai ser lançado e que será alimentando pelo Kirin 990. Quanto ao resto, vemo-nos em Munique…”
A Huawei tinha feito a sua conferência nessa mesma manhã de sexta-feira, 6 de setembro, para revelar ao mundo o novo processador Kirin 990 da empresa, em dois formatos, normal e com suporte ao 5G. A conferência protagonizada por Richard Yu, CEO da Huawei, foi totalmente centrada no novo processador gráfico e novos periféricos, sem nunca ter mencionado a crise com os Estados Unidos, mesmo depois de ter sido “espicaçado” pela abertura feita pela organização da IFA com o videoclip “Radio” da banda germânica Rammstein, que fala um pouco sobre a liberdade de expressão. Mas o assunto da crise parece mesmo tabu na comunicação da empresa, preferindo responder com o lançamento de novos produtos inovadores.
O SAPO TEK ainda tentou puxar um pouco mais por Walter Ji, sobre o estado atual do HarmonyOS, e se a empresa estava confiante com o seu sistema operativo, e caso optasse por jogar a carta do “plano B” se iria conseguir manter os clientes com a Huawei, e puxá-los do Android. O executivo preferiu destacar que já tem algum feedback dos dispositivos na Austrália e respetiva região de mercado, e segundo esta “preview”, o 5G e a inteligência artificial estão a fazer a mudança e que os utilizadores desejam mais opções de escolha.
A empresa irá assim, independentemente da autorização para utilizar Android, lançar diferentes produtos, alguns deles com o seu HarmonyOS. “Estamos comprometidos com o mercado aberto e queremos alavancar a inovação, como se pode testemunhar com o Kirin 990 que apresentámos hoje”, destaca Walter Ji, considerando-o o mais poderoso chip da indústria.
“Mas estamos totalmente comprometidos com o ecossistema Android, mas, se não tivermos outra opção, teremos de optar por esse plano B”, completa o executivo. Mas e se isso acontecer, irá a empresa declarar “guerra” ao Android e agarrar a fatia de mercado para si, retirando os seus próprios clientes ao sistema operativo da Google? “Não posso falar mais sobre o assunto”…
De referir que o HarmonyOS destina-se tanto aos smartphones, como dispositivos inteligentes domésticos, sejam eles colunas de som inteligentes, a sensores ligados a sistemas IoT. Ainda pouco se sabe das características específicas do sistema operativo, mas a Huawei já traçou um roadmap para os próximos dois anos. Durante este ano será lançado aquilo que a empresa chama de Huawei Vision, que basicamente é apresentar o conceito do HarmonyOS e como este pode ser utilizado. Esta versão foi desenvolvida para módulos baseados numa infraestrutura open-source.
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