A Kodak vai deixar de fabricar máquinas fotográficas e câmaras de filmar de bolso. Ao longo da primeira metade do ano as linhas de produção serão desativadas. O licenciamento de tecnologia passa a ser a aposta central nesta área.



A decisão é uma peça-chave no plano de reestruturação da companhia, que no início do ano se viu obrigada a pedir proteção de credores para evitar o encerramento.



A grande aposta da empresa norte-americana passará a ser o mercado de impressão, concentrando aí a maioria dos esforços orientados ao mercado de consumo. Venda de impressoras, serviços associados e impressão de imagens serão as apostas centrais da marca centenária, depois da reestruturação em curso. Os quiosques de impressão e revelação de fotografia também são para manter, tal como os serviços de impressão para empresas.




A marca Kodak, criada em 1880, mantém-se e a garantia de assistência e suporte para os clientes que detêm produtos descontinuados também estão garantidos.



Vale a pena recordar que a Kodak foi pioneira no lançamento das máquinas fotográficas digitais, quando em 1975 lançou um primeiro modelo destes equipamentos, tirando partido de tecnologia desenvolvida nos Bell Labs. Na década seguinte começou a perder terreno para a concorrência vinda dos mercados asiáticos e nunca mais recuperou.



Mesmo assim, o mercado da fotografia digital continua e continuará a ser uma fonte de receita importante para a empresa, graças ao portefólio de patentes reunido nesta área e aos milhões em licenciamento que outros fabricantes de máquinas e dispositivos móveis têm de lhe pagar.



Entre 2008 e 2010 a empresa terá arrecadado 1,9 mil milhões de dólares em licenças e na primeira metade do ano passado mais 27 milhões. Correm vários processos em tribunal, nos quais a empresa reclama direitos de propriedade intelectual a algumas empresas que ainda não os pagam.



Abandonar o fabrico de câmaras digitais vai custar à Kodak cerca de 30 milhões de dólares e gerar poupanças anuais na ordem dos 100 milhões. Também deverá custar algumas centenas de postos de trabalho, tendo em conta que nas áreas onde a empresa agora desinveste trabalham cerca de 400 pessoas.



Recorde-se que o tribunal já tinha concedido à Kodak um período que termina em fevereiro do próximo ano para a empresa se reorganizar, uma decisão que respondeu ao pedido de proteção de credores.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Cristina A. Ferreira