A Maven Pet completou uma nova ronda de financiamento, que vai ajudar a startup portuguesa a expandir o negócio no mercado norte-americano e a lançar a plataforma de monitorização preventiva da saúde de animais domésticos também em Portugal.
Nesta nova ronda de financiamento, liderada pela Touro Capital Partners, a Maven conseguiu angariar 4,42 milhões de dólares, aumentando para 9 milhões de dólares o valor total do financiamento angariado desde a fundação em 2021, como revelou ao SAPO TEK Guilherme Coelho, CEO e co-fundador.
A Maven Pet também junta na equipa fundadora David Barroso, Paulo Fonseca e Virgílio Bento, cofundador e CEO do unicórnio Sword Health. Os quatro já tinham trabalhado em conjunto e avançaram com a startup para colocar no mercado um produto que prevenisse o desenvolvimento silencioso de doenças em animais domésticos, como aconteceu ao Tommy, o cão de Guilherme Coelho.
O novo investimento angariado vai permitir à empresa continuar a desenvolver o AI-Vet, uma plataforma baseada em inteligência artificial, que possibilita a detecção precoce de problemas de saúde em animais de estimação e que a Maven apresenta como pioneira a nível mundial.
Esta plataforma analisa os dados recolhidos em tempo real nos animais, através de sensores integrados nas coleiras. Analisa informação do historial clínico anterior dos animais (porque integra com o software das clínicas) e o feedback que os donos vão partilhando através de uma aplicação móvel.
A combinação permite a monitorização de padrões de atividade, do sono e de comportamentos dos cães e gatos, bem como de outros indicadores importantes como a frequência respiratória e contextualiza-os no quadro individual de cada animal. Quando é detetada alguma anomalia, o veterinário é alertado o que permite identificar problemas ainda numa fase inicial.
No último ano, a Maven Vet firmou várias parcerias nos Estados Unidos, onde Guilherme Coelho avança que a solução já é usada por “centenas de veterinários”. Neste período provou ser eficaz na deteção de problemas de foro cardiovascular, dermatológico, gastrointestinal, músculo-esquelético, respiratório ou urológico, mas também no acompanhamento pós-cirúrgico, garante a empresa.
Noutras áreas, a equipa admite que a plataforma continua a ter um caminho para fazer e esse é um dos focos para o futuro: melhorar a eficácia na deteção de sinais relacionados com outros problemas de saúde, como a epilepsia, uma das áreas onde há poucos dados para agir preventivamente. O financiamento agora angariado vai apoiar esses desenvolvimentos, mas vai sobretudo permitir o reforço das equipas comerciais e marketing da startup, para alargar a cobertura de mercado da solução.
A Maven Pet no último ano apontou o foco à comercialização da solução nos Estados Unidos, mas também a parcerias com a academia, para ajudar a aprofundar com estudos informação sobre a saúde e bem-estar dos animais domésticos, participando em várias pesquisas internacionais. Neste momento lidera um estudo que envolve a Ontario Veterinary College, considerada uma das melhores a nível mundial na sua área.
Portugal tem sido a base para desenvolver e testar o produto, com vários estudos-piloto realizados no país. O próximo passo é lançar a oferta comercial também cá e já foram estabelecidas as primeiras parcerias com clínicas e veterinários especialistas, que já este mês de setembro devem começar a usar a plataforma. Os donos também podem subscrever por conta própria o serviço da Maven Pet, mas Guilherme Coelho admite que o grande potencial da solução está na utilização ligada a quem pode prestar cuidados de saúde aos animais.
A ideia de criar a Maven Pet nasceu de uma história pessoal do fundador. “Em 2019, a doença articular do meu cão Tommy, sénior e de raça grande, só foi identificada quando ele já não se conseguia levantar sozinho”, explica Guilherme Coelho. “Nessa altura, a solução da Maven não existia, mas hoje, os casos como o do Tommy são possíveis de ser identificados precocemente, permitindo intervenções rápidas que prolongam o bem-estar dos animais.".
Para já, a Maven tem uma equipa de 19 pessoas em Portugal, que quer reforçar para apoiar o crescimento do negócio.
Nesta última ronda de investimento da Maven Pet participaram também a BlueCrow, Mustard Seed Maze, Iberis e a Armilar. A escolha dos EUA para lançar a startup teve a ver com o nível de maturidade do mercado, no que se refere aos cuidados com animais domésticos, cada vez mais considerados "membros da família", com admite Guilherme Coelho. Portugal, para além de ser um mercado de afinidade para a equipa, demostra potencial pelas mesmas razões e isso justifica a decisão de avançar com o AI-Vet também por cá.
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