As vendas de música digital em Portugal caíram, em 2010, pelo segundo ano consecutivo. A constatação chega com os números divulgados pela Associação Fonográfica Portuguesa, que realça, em comunicado, que o país "é dos poucos na Europa" onde tal aconteceu.

Em declarações ao TeK, o presidente da AFP, Eduardo Simões, atribui a responsabilidade pelos resultados à "escalada da impunidade na pirataria digital, que faz com que os serviços legais não tenham condições para vingar".

De 2009 para 2010, a facturação de música em formato digital em Portugal diminuiu 11,3 por cento, situando-se nos 2 milhões de euros, mostram os dados fornecidos pela associação, que se baseiam nos números fornecidos pelas editoras e auditados por um revisor de contabilidade, esclareceu Eduardo Simões.

Mas o mercado nacional já tinha entrado em quebra um ano antes, apresentando um decréscimo de 26 por cento face às vendas registadas em 2008, numa altura em que nos restantes países europeus se assistia a um crescimento no segmento.

A "permissividade do Estado português", o fim da "curiosidade em relação ao mercado de música legal" são algumas das razões que podem ajudar a explicar a inversão da tendência que até então - e desde 2006, quando começou a ser feita a contagem das vendas de música online - tinha sido de crescimento, mas também a evolução dos dispositivos, nomeadamente dos telemóveis, onde também passou a ser possível aceder a conteúdos ilegais, arrisca o responsável.

Olhando para a totalidade do mercado fonográfico nacional (incluindo as vendas de música e vídeos musicais, em suporte digital e físico) os resultados não são melhores, com a facturação a cair 17,93 por cento face a 2009, para um total de 30,4 milhões de euros - menos 7 milhões que um ano antes.

Não deixa de ser curioso verificar, num panorama como o reportado, que suportes como o vinil (LPs) apresentem um crescimento de 39,38 por cento no número de unidades vendidas.

Joana Martins Fernandes