A Microsoft e a SAP apresentaram os próximos passos da estratégia conjunta que visa alavancar a transformação digital, dando continuidade ao plano revelado em outubro de 2019. O objetivo da parceria é simplificar e modernizar a migração dos seus clientes para o plano digital, ou seja, a utilização da plataforma SAP S/4HANA integrada na Microsoft Azure. Durante uma conferência via streaming, Paula Panarra, diretora geral da Microsoft e o seu homólogo da SAP Portugal, Luís Urmal Carrasqueira, traçaram as bases de como as organizações se podem tornar empresas inteligentes de forma a liderar a inovação. Foram ainda mostrados dois testemunhos de empresas que já integraram a plataforma e como esta alavancou os seus negócios.

Maior agilidade, reavaliação de processos e mais digital, foram algumas notas que Paula Panarra referiu como necessárias para as empresas ultrapassarem os tempos de pandemia da COVID-19. Luís Carrasqueira reforça as palavras, destacando a importância da parceria entre as duas empresas “para que tenhamos uma única voz”, de forma a diminuir as áreas cinzentas que os clientes possam identificar na dispersão das soluções.

Foram anotados três objetivos principais para a esta parceria: a simplificação de processos para os clientes; a aceleração na migração para a nova plataforma; assim como a inovação, com as empresas a tirarem partido das soluções oferecidas, com a garantia de atualizações para muitos anos.

Joaquim Freire, da SAP, salienta outras vantagens da plataforma, nomeadamente a flexibilidade, a experiência modernizada, as tecnologias inteligentes e os custos de desenvolvimento. Citou ainda um estudo da Deloitte sobre as vantagens da otimização para a plataforma, incluindo uma redução de até 50% do workflow, interfaces pré-entregues e API para diversos componentes que reduz o esforço da empresa até 30%, entre outras vantagens, como pode ver no quadro.

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“Casamento ideal” para a transformação digital

José Tavares, responsável pela área de inovações da SAP Portugal, explicou que o SAP S/4HANA é um sistema “chave na mão”, uma estrutura empresarial, enquadrado no seu modelo de negócio: uma suit inteligente de produtos. A integração nativa, com uma reengenharia de soluções para uma experiência unificada, foi uma das preocupações da empresa. Afirma que mais importante é trazer as tecnologias para as áreas de negócio dos clientes, de forma transparente. O Core digital SAP S/4HANA tem poder de computação com capacidade para trazer o mundo analítico e transacional para uma única plataforma.

Mas essa integração na Azure levou a SAP a redesenhar o seu produto-estrela, de forma a responder aos novos desafios e modelos de negócio. Mas mantendo aquilo que é uma cobertura funcional alargada e especifica da indústria.

A plataforma SAP S/4HANA suporta atualmente 25 indústrias, com soluções para qualquer equipamento, com sistema de analítica para simulação, predição e insight, usando machine learning para processos automatizados e decisões de suporte, a partir de qualquer ponto de negócio. José Tavares deu como exemplo a possibilidade de pegar num balancete, fazer uma análise, verificar a quantidade de matéria-prima necessária para executar determinada produção e avançar com o processo de encomenda de forma praticamente autónoma.

Dentro deste contexto, tendo em conta o seu conhecimento da indústria, a SAP identificou as prioridades e respetivos benefícios da parceria com a Microsoft para melhorar os processos, assim como a criação de novos modelos de negócio, serviços cognitivos, dados de streaming, e outras ferramentas enriquecedoras para os seus clientes.

Lançado em 2015, o SAP S/4HANA tem hoje mais de 13.800 clientes, um registo relativo a dezembro de 2019. A SAP apresenta um compromisso para o SAP S/4HANA de cloud em formato trimestral, ou seja, a cada três meses tem de apresentar inovação aos seus clientes, ainda que devido aos tempos extraordinários devido à pandemia, possa haver algum delay na entrega das ferramentas.

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Por outro lado, Luís Shaby da Microsoft, explicou como a empresa investiu na plataforma Azure para tornar as aplicações da SAP compatíveis e otimizadas para correr na cloud, nunca esquecendo a sua infraestrutura de segurança. Os clientes pedem capacidade atual da infraestrutura para as suas soluções, e como esta pode evoluir no futuro com os workloads. Luis Shaby garante essa flexibilidade e escalabilidade através de máquinas virtuais.

Refere ainda que, antes, as empresas planeavam para 3 anos as suas necessidades, e investiam, mas muitas vezes não utilizavam a sua totalidade, desperdiçando recursos. Através de Azure há total flexibilidade, seja para aumentar ou reduzir as necessidades da infraestrutura ou ajustar os custos às necessidades da empresa, com poupanças que afirma serem evidentes.

Exemplos disso é a integração da SAP com o Teams da Microsoft usando bots do Azure para esclarecer rapidamente dúvidas aos clientes. Toda a implementação baseia-se em templates otimizados, que já saibam comunicar com a plataforma. Abre-se assim um canal multi-idioma, preservando o respetivo histórico de comunicação. Outro exemplo de vantagem da integração está na autenticação, tornando-se fácil um utilizador usar apenas uma password para aceder ao sistema SAP, através da sua credencial do Office 365.

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Exemplos práticos de digitalização usando a tecnologia SAP S/4HANA em Azure

Concluída a apresentação, foram introduzidos dois testemunhos reais de utilização: um exemplo internacional, feito pela Kennametal, uma empresa norte americana, dedicada à produção de ferramentas e materiais industriais para indústrias de transporte, energia e transporte, através de produtos baseados em metal. E a Sonae Fashion, a área da empresa dedicada à exploração de franchisings de lojas de moda, como a Zippy, SportZone, Salsa e a Mó.

Relativamente à Kenmetal, a introdução da SAP e Microsoft ajudou a empresa a migrar para a cloud, destacando a velocidade e mobilidade com impacto na produtividade de todos os empregados, ao simplificar as suas operações. Como desafios tinham cerca de 75 interfaces que necessitavam ser migradas para Azure. A empresa está a fechar o seu ano fiscal em junho, com a integração total durante o seu último ano, revelando que houve poupança de custos na integração da solução.

Destacou ainda as capacidades de trabalho remoto que a plataforma oferece, sobretudo em tempos de pandemia de COVID-19 que se vivem atualmente. Foi afirmado que a mudança da empresa para o teletrabalho foi muito fácil.

Já Nuno Miller, da Sonae Fashion, deu também o seu testemunho de como as soluções da SAP têm ajudado a empresa, considerando que tem 400 lojas de franchising pelo mundo, em mais de 80 países, com mais de 3.000 empregados e 5.000 pontos de venda. Tem oito marcas, entre as quais a Zippy, SportZone, Salsa e a Mó. A empresa tem-se focado em tornar-se mais fashion, digital e ágil, como principais pilares de evolução.

Há ano e meio que a empresa decidiu redesenhar a sua arquitetura digital, com objetivos de dar maior agilidade ao utilizador e tornar rentáveis os dados gerados através de inteligência. O suporte do negócio 24/7 é uma das preocupações da sua nova estrutura digital e com o menor custo possível de investimento e de operações. Quer ainda ser um negócio cada vez mais global, ainda que considere condicionantes como a língua e a moeda de cada país.

Nas suas exigências, a empresa quer uma plataforma unificadora, um único data center, para servir as múltiplas empresas, pois umas são mais fortes no retalho, outras no espaço online. Necessitou ainda um datacenter virtual, descartando servidores físicos, com cloud-first e Software as a Service (SaaS). Tudo isto para assegurar o controlo no futuro e rapidez de implementação. A empresa prefere adotar soluções de raiz do que adaptar as soluções existentes à sua realidade.

Apesar de se deparar com alguns custos não planeados, a Sonae Fashion viu como vantagens o acesso a novas tecnologias e capacidades, logo assim que ficavam disponíveis, e a redução de novas máquinas para as suas operações.