A Motorola Solutions apresentou esta semana diversos equipamentos de comunicações críticas para ajudar as forças de intervenção no terreno, mas sobretudo a criação de um ecossistema composto também por serviços e software. O assunto tornou-se bastante relevante nos últimos dois anos, não só com as necessidades geradas pela pandemia, como também a guerra na Ucrânia, que colocaram à prova as capacidades dos sistemas de comunicação.
O SAPO TEK teve oportunidade de colocar algumas questões a Sergio Redomero-Gonzalez, diretor de vendas do Sul da Europa da Motorola Solutions, relativamente à sua presença no mercado português e o balanço feito durante o tempo da pandemia dos seus sistemas. Também se abordou o tema do SIRESP e das mudanças que se esperam com o concurso público anunciado ontem pelo Governo. De recordar que o SIRESP vai ter um orçamento de 150 milhões de euros para os próximos cinco anos, sendo que metade desse valor será introduzido num concurso público internacional.
Sergio Redomero disse ao SAPO TEK que tem um contrato com o Governo português até 2026, pretendendo introduzir no mercado português as soluções que foram anunciadas. No entanto, salientou que a empresa tem feito diversas aquisições nos últimos cinco anos e em Lisboa deu-se um dos maiores negócios para o seu ecossistema: a aquisição da Avigilon, tendo participação em help desk, treino, com muitas pessoas a trabalhar na capital portuguesa. Destaca ainda que dobrou as suas operações no país nos últimos anos.
Relativamente ao SIRESP, oferecem os seus serviços, mas a sua ligação atual é feita através da Altice Portugal, com a qual tem contrato de suporte até dezembro de 2022. Sobre o futuro da sua ligação com a rede de emergência portuguesa, Sergio Redomero rematou para a conferência de imprensa dada pelo Governo esta semana, antevendo que deverá passar pelo concurso internacional anunciado.
De recordar que em maio o governo criou um grupo de trabalho liderado por oficiais militares para preparar a abertura dos procedimentos do concurso necessários para o desenvolvimento do SIRESP. No despacho, é referido um novo modelo transitório de gestão e modernização da rede, para tal, a SIRESP vai receber 26 milhões de euros de indemnização compensatória para gerir a infraestrutura durante 2022. O valor vai garantir o correto funcionamento da rede e respetivos equipamentos até nova transição, após o concurso internacional. O Estado comprou por 7 milhões de euros a parte dos operadores privados, Altice e Motorola Solutions, no SIRESP, ficando com 100% da empresa. A transferência foi feita em dezembro de 2019.
Fazendo um balanço destes dois anos de pandemia e agora a guerra na Ucrânia, destaca que a empresa tem como missão ajudar as pessoas nos momentos necessários e que de facto o tema das comunicações críticas é mais relevante do que nunca, sobretudo desde o início da pandemia.
Diz que recebeu muitos pedidos dos seus clientes para ajudar a servir a população, sejam as forças policiais, ambulâncias, etc., mas Sergio Redomero destaca a capacidade de providenciar as respetivas soluções em tempo recorde. E que tem recebido um feedback muito positivo dos mesmos, chegando à conclusão que as redes e as soluções que disponibilizamos de segurança são mais importantes do que nunca, têm de estar atualizadas a tempo, porque “nunca sabemos quando as nossas soluções vão ser necessárias, certo?”
Por outro lado, também refere a rápida digitalização dos processos dos seus clientes, sobretudo a nível da comunicação “e nós somos parte desse processo”.
Questionado sobre a posição da empresa no que diz respeito aos assuntos dos metadados, cujas novas leis estão a ser discutidas entre o Governo e partidos da oposição, a Motorola Solutions diz que cumpre sempre com a legislação do RGPD, mas de qualquer forma não são donos dos dados e que apenas providenciam as soluções necessárias para os tratar, sendo os seus clientes que gerem a informação. “Apenas nos adaptados à legislação em vigor”.
A questão trazida pelo painel de discussão sobre as tendências das comunicações críticas, trouxe à tona a sensibilidade sobre o uso de câmaras de vigilância e drones a ajudar as forças de segurança e como estes eram percecionadas pela população com alguma preocupação. Questionado como a empresa mitiga a relação da tecnologia com a população, Sergio Redomero afirma que “se perguntarmos sobre este este assunto há seis ou sete anos, que iriamos ter câmaras nas ruas, provavelmente a adoção teria um impacto negativo na opinião pública, mas o que vemos agora pelos nossos clientes e pessoas é que estas entendem que não se trata de algo para as controlar, mas sim proteger”.
Afirma que estamos a ver cada vez mais produtos nas cidades, câmaras para garantir que estas são mais seguras. Por isso, nesse sentido, afirma que as empresas e pessoas mudaram a sua perspetiva sobre o assunto e que a tecnologia serve para a proteger, sendo essa a grande mudança.
Veja na galeria alguns produtos anunciados pela Motorola Solutions:
Dos produtos lançados pela Motorola em Viena, destaca o rádio de mão MXP7000, com suporte a TETRA, referindo que é um tópico quente entre os seus clientes. Mas há outros produtos que continuam a desenvolver para garantir as comunicações críticas. Os casos onde as comunicações normais não servem e é preciso criar redundâncias e garantir que os serviços de urgência se mantenham em comunicação, esse é o seu objetivo, como se viu durante a pandemia ou outras crises.
E será que a empresa considera que foi testada nestes dois anos? “Avaliando o que dizem os nossos clientes, achamos que estivemos bem, as mensagens de agradecimento por termos oferecido tudo o que era necessário num curto período de tempo ajudou-nos a receber esse bom feedback. Obviamente que existe sempre espaço para melhorar, mas o feedback é muito positivo e estamos muito felizes”.
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