O acordo foi assinado no Conselho Ministerial da ESA que decorreu nos últimos dias em Bremen, na Alemanha, o CM25, e onde Portugal se comprometeu com um investimento de 204,8 milhões de euros na Agência Espacial Europeia, o maior de sempre e uma subida de 51% face a dotações anteriores, juntando também os contributos das áreas da Defesa.
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A ilha de Santa Maria, nos Açores, já tinha sido apontada como o local de aterragem do voo inaugural do Space Rider, o novo veículo que está a ser desenvolvido na Europa e que permitirá realizar experiências científicas em microgravidade e testar tecnologias de serviços de outras missões espaciais. O projeto é liderado por Itália e Portugal terá um papel importante com a criação das infraestruturas de aterragem do Space Rider e de processamento pós-aterragem integradas no futuro Centro Tecnológico Espacial de Santa Maria.
O primeiro voo do Space Rider está previsto para 2028, partindo a a bordo de um lançador Vega-C, que inicia viagem no Porto Espacial da Guiana Francesa, com regresso à ilha de Santa Maria do veículo reutilizável. O objetivo é que o Space Rider possa também servir de lançador de pequenos satélites.
Veja as imagens conceptuais do Space Rider
Portugal reforça compromisso com o espaço
Depois da conclusão do Conselho Ministerial da ESA, que aprovou o novo orçamento da Agência de 22,1 mil milhões de euros até 2030, o Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, adiantou, num encontro com jornalistas a satisfação com o acordo alcançado com a ESA e o investimento que Portugal está a fazer.
A resiliência e o transporte espacial são as duas áreas destacadas pelo ministro como as mais relevantes neste investimento de Portugal, sublinhando o "carácter dual" dos investimentos, que são acompanhados por outras áreas governativas além da educação e ciência.
Questionado pelo TEK Notícias em relação a um peso mais significativo da área da Defesa no novo orçamento da ESA, e também no investimento de Portugal, Fernando Alexandre admite que isso "resulta do contexto em que vivemos". Os satélites que fazem monitorização ambiental também podem ser usados para a defesa, num "uso dual" que é cada vez mais óbvio, sublinha, referindo a Constelação Atlântica, que terá 11 satélites portugueses, é uma peça fundamental e tem o envolvimento da Força Aérea.
"Temos de estar alinhados com o que se passa na União Europeia", afirma o ministro. "Numa altura em que se estão a fazer o alinhamento das grande políticas europeias e na área do espaço o uso dual é uma das grandes tendências", adianta, dizendo que este entendimento de Portugal foi "muito apreciado em Bremen".
O compromisso de Portugal para o orçamento da ESA envolveu várias áreas governativas e também o Governo da Região Autónoma dos Açores, e Fernando Alexandre afirma que só assim foi possível aumentar o valor em 51%. O valor foi decidido depois de um trabalho de avaliação de um grupo de trabalho que envolveu as Infraestruturas, Defesa e Ambiente.
Segundo o ministro, Portugal foi um dos países que mais aumentou o investimento na Agência Espacial Europeia, em percentagem, mas a Polónia está na linha da frente dos que mais contribuíram para o orçamento de 2026-2030.
"Demos um sinal de que Portugal está a apostar no Espaço", afirma, sublinhando que seria arriscado estar a investir mais nesta fase e que é importante garantir que a estratégia de implementação dos projetos é forte.
O contributo da região dos Açores foi destacado por Fernando Alexandre, que sublinhou a aposta estratégica da região, adiantando ainda que a Região Norte está também a posicionar-se nesta área e que já anunciou a criação de um hub do espaço em Guimarães. "Este investimento de 205 milhões é um instrumento essencial mas as regiões têm outros instrumentos [para investir em projetos do espaço], refere o ministro aos jornalistas.
Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa, lembra que este investimento também permite que Portugal participe nas grandes missões da ESA, e se reflete no sector espacial português. Na sessão com os jornalistas foi referido um estudo da BCG que aponta para a criação de 6 mil postos de trabalho altamente qualificados em Portugal.
Apesar do optimismo em relação aos efeitos positivos que o investimento pode trazer para Portugal, em termos de fixação de talento e desenvolvimento de competências para o espaço e investigação científica, o ministro da Educação, Ciência e Inovação avisa que é preciso definir uma estratégia no terreno que transforme esta aposta em valor.
"É preciso que haja planos operacionais para que a estratégia seja um sucesso" , sublinha Fernando Alexandre.
O ministro realça ainda que Portugal "não vai competir em todas as áreas do espaço" mas "queremos desenvolver o ecossistema".
Orçamento de 22,1 mil milhões com mais peso da defesa
A proposta de orçamento para 2026-30 tinha sido avançada pela ESA mas precisava do aval dos ministros reunidos no Conselho Ministerial, e hoje recebeu luz verde em Bremen. Josef Aschbacher, diretor geral da Agência Espacial Europeia, não escondeu a sua satisfação. "O que fizemos hoje é único", afirmou, dizendo que desde que está na ESA nunca tinha sido atingido o nível de expectativa com a aprovação dos orçamentos.
Para o presidente da Agência, isto acontece porque o espaço é atrativo e muito importante para a Defesa, e o que sai do conselho ministerial é que a Europa precisa de acompanhar e elevar o investimento no espaço, o que "foi reconhecido por todos os membros da ESA".
Josef Aschbacher já tinha referido que o momento é "uma tempestade perfeita" e uma oportunidade. Desde o conselho ministerial de 2022 muito mudou no mundo, com as ameaças constantes da Rússia e a percepção de que a Europa tem de se defender.
"O espaço tornou-se mais estratégico. A guerra na Ucrânia começou no espaço antes das tropas russas entrarem no solo ucraniano. E a tecnologia espacial mantém as tropas informadas e ligadas para se defenderem, e defender a Europa". lembrando que globalmente os orçamentos da defesa representam 50% do investimento espacial, e que na Europa está abaixo dos 15%.
O detalhe dos números do orçamento aprovado só deve estar disponível a 1 de dezembro, e Josef Aschbacher admite que ainda há elementos a clarificar.
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