Donald Trump disse e cumpriu. Entre as suas primeiras decisões assim que voltou a assumir a Casa Branca e a presidência dos Estados Unidos esteve uma ordem executiva que deu uma sobrevida ao TikTok nos Estados Unidos. A rede social pode funcionar no país por mais 75 dias, derradeira oportunidade para que seja encontrada uma solução que permita manter o serviço a funcionar, contornando as preocupações de segurança que levaram à aprovação da lei que previa o desligamento a 19 de janeiro.

A mesma lei, que acabou por ser cumprida apenas por poucas horas, já dava como alternativa ao desligamento uma mudança de dono da plataforma, algo que os Estados Unidos já tinham tentado, também com Donald Trump na presidência, e acabou por não ser bem-sucedido.

Trump tem um plano para que desta vez o desfecho seja diferente, que passa pela venda de metade da rede social, que nunca parece ter-se mostrado muito interessada na opção de venda entre abril do ano passado e janeiro deste ano, tempo em que preferiu lutar na justiça para inviabilizar a lei.

Já há vários nomes para assumir o negócio e este fim-de-semana confirmou-se mais um. Jimmy Donaldson, também conhecido por MrBeast, anunciou no seu perfil naquela rede social que fez uma oferta para comprar o TikTok. “Posso vir a ser o vosso novo CEO! Estou super entusiasmado!” escreveu MrBeast numa publicação que já teve milhões de visualizações. Numa publicação seguinte, o criador de conteúdos mais popular do YouTube, com 26 anos e mais de 350 milhões de seguidores, promete 10 mil dólares a cinco seguidores aleatórios.

Mais detalhes para já não há, o que se sabe é que na corrida à compra de uma posição na plataforma estão mais milionários. O nome de Elon Musk já foi falado, e Donald Trump inclusive já disse que concordaria. Quando respondeu à questão, o novo presidente americano lançou mais um nome, o de Larry Ellison, outro multimilionário próximo do presidente, fundador e líder da Oracle que é um dos principais parceiros tecnológicos do TikTok.

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A Oracle já tinha sido, aliás, um dos candidatos a comprar o TikTok em 2020 quando a proximidade da ByteDance, dona da rede social, ao regime de Pequim já era um incómodo para os Estados Unidos.

Na mesma lista de candidatos está ainda Frank McCourt, que já tinha apresentado uma proposta antes da entrada em vigor da lei, que prevê o bloqueio do serviço nos Estados Unidos. O milionário avança em representação do Project Liberty Institute, que fundou, numa proposta que não prevê a manutenção do algoritmo do TikTok, nem de outra tecnologia chinesa na mecânica de recolha de dados dos utilizadores.

Anupam Chander, professor de direito da Universidade de Georgetown, consultado pela BBC News, acredita que o desfecho do caso será essencialmente político e que o vencedor da corrida será próximo de Donald Trump. O especialista sublinha, aliás, que o grande erro da lei agora travada por Donald Trump está na grande margem deixada ao presidente para decidir quem compra o TikTok.

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Também nota que a venda de 50% da plataforma não é uma opção prevista na mesma legislação, pelo que nos próximos meses é esperada pressão de Donald Trump junto do Congresso, para que o documento seja revista de modo a acomodar essa opção.

Recorde-se que a lei em questão foi aprovada por republicanos e democratas e contestada pelo TikTok em duas instâncias judiciais, que não acataram os argumentos da rede social para inviabilizar as suas determinações. Se isso acontecer agora não há margem para dúvida de que será uma decisão política.