Com vista a tornar acessível aos consumidores médios a tecnologia "futurista" que equipa a mansão do seu presidente e co-fundador Bill Gates na zona de Seattle, estado de Washington - noroeste dos Estados Unidos -, a Microsoft vai anunciar oficialmente uma nova divisão designada eHome, um grupo criado discretamente no início deste ano, noticia o Wall Street Journal.



A apresentação da nova divisão deverá ter lugar hoje, segunda-feira, num evento organizado pela gigante de software em Silicon Valley. A sua actividade irá centrar-se na melhoria da tecnologia vocacionada para o lar e na adaptação das tecnologias que estão na base do computador pessoal - como o software de música digital e programas de fotografia digital - a dispositivos de electrónica de consumo, como aparelhagens de alta fidelidade e televisores.



Mike Toutonghi, vice-presidente da empresa que está a chefiar a iniciativa eHome não quis adiantar àquele jornal financeiro pormenores sobre os novos produtos que estão a ser desenvolvidos nem acerca da sua disponibilidade no mercado. Salientou, porém, que a nova divisão inclui no seu quadro de pessoal alguns dos funcionários da Microsoft que trabalharam anteriormente nas tecnologias introduzidas na casa de Bill Gates.



As funcionalidades desta mansão incluem uma rede elaborada de música e monitores para exibição de arte digital que pode ser alterado com um simples toque de botão. "Estamos bastante interessados em tornar possível que o consumidor comum, sem toda esta complexidade, tire partido de alguns dos benefícios que Gates é capaz de obter na sua casa", afirmou Toutonghi.



No âmbito do eHome, a Microsoft divulgou também um acordo com a sul-coreana Samsung para o fabrico de PCs e outros produtos electrónicos destinados ao "lar digital".



Prevê-se que muitos dos produtos do novo grupo sejam distribuídos através do núcleo do sistema operativo Windows. Um facto indiciado pelo facto de a divisão eHome integrar a unidade Windows da empresa. Mas a Microsoft enfrenta uma concorrência aguerrida por parte da Sony e da AOL Time Warner na batalha pelo domínio da "sala-de-estar".



Estas duas empresas anunciaram no início deste mês uma aliança alargada para o desenvolvimento de dispositivos para redes domésticas com acesso à Web a alta velocidade. Os conglomerados multimédia tencionam criar um browser de navegação na Web que seja capaz de funcionar em aparelhos como câmaras digitais e televisores.



Os opositores da Microsoft, em que se inclui a comunidade de adeptos do Linux, pretendem impedir a gigante de software de reproduzir o seu domínio no mercado para PCs em outros dispositivos digitais domésticos. Contudo, até agora, muitas das apostas da Microsoft no campo do entretenimento doméstico, como o seu serviço WebTV, não conseguiram vingar.



Em paralelo, a TV Cabo, uma das companhias que introduziu o seu software avançado para televisão interactiva, através de Abílio Ançã Henriques, Presidente da PT Multimédia - grupo no qual se insere a operadora de cabo - afirmou recentemente que, devido a problemas técnicos com o software, iria atrasar para o início do próximo ano a "massificação comercial" do seu serviço baseado na plataforma Microsoft TV.



Este responsável corrigiu mais tarde, contudo, os seus comentários ao afirmar num comunicado que "as dificuldades que surgiram não são superiores àquelas de que se poderia esperar de um serviço pioneiro como este" (ver Notícias Relacionadas). Simultaneamente, a Microsoft também lançou no dia 15 nos Estados Unidos a sua consola de jogos vídeo Xbox, tendo obtido um forte volume inicial de vendas. Os analistas consideram, porém, que ainda é muito cedo para dizer que o produto é um sucesso.


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