Os resultados da Oracle no último ano fiscal mostram um crescimento da empresa, apesar do impacto da pandemia, e uma aceleração do consumo de cloud que reflete os novos contextos de negócio e uma adaptação às necessidades dos clientes e colaboradores. A Oracle está prestes a fechar os resultados fiscais de 2022 e tudo indica que os números vão seguir em linha com os de 2021.
Em entrevista ao SAPO TEK, Rodrigo Vasques Jorge, Technology Country Leader da Oracle em Portugal, diz que o último ano teve resultados extraordinários para a empresa que cresceu 7% e que Portugal espelha os números globais. “Pela primeira vez em 10 anos a Oracle cresceu em todas as áreas de negócio”, afirmou, detalhando que a cloud representa mais de 60% da receita da Oracle, o consumo de cloud é de mais de 90% de toda a cloud vendida e que isso mostra a confiança, segurança, a fiabilidade e transferência do on premisses para a nuvem. Também as aplicações continuam a crescer a dois dígitos, com o ERP a crescer 35% e o Human Capital Management de 23%.
Sem poder revelar dados concretos do negócio em Portugal, Rodrigo Vasques Jorge diz que o no ano passado na Ibéria a Oracle teve 26 novos logs, alguns em Portugal, sublinhando que este número é relevante porque mudar o ERP de uma empresa é algo complexo e requer consultadoria e serviços.
Portugal espelha os resultados globais da empresa e isso levou também ao crescimento do número de colaboradores, que já ultrapassa os 250. Para além da sede da empresa em Lisboa, cujas instalações foram remodeladas este ano, a Oracle tem dois polos muito relevantes, com a área de retalho baseada no Porto no centro de desenvolvimento aberto em 2019 e que serve de apoio a todas as geografias, e a área de MySQL que continua a crescer e que herda o histórico da compra da Sun Microsystems.
Este verão a Oracle vai abrir um polo de cloud pública em Madrid, seguindo a estratégia de abrir novos data centers de proximidade em várias regiões para solidificar o seu posicionamento como fornecedora de serviços de cloud. A empresa já conta com 44 data centres em todo o mundo e está na lista das que mais cresceu nos últimos anos.
“O polo de cloud vai ficar em Madrid e suportar a estratégia de cloud pública em Portugal e Espanha e a intenção é que cresça e quem sabe abrir depois também em Lisboa”, explica Rodrigo Vasques Jorge, adiantando que diz que as expectativas são muito positivas.
“Queremos ser a melhor empresa na cloud em fiabilidade, segurança e resiliência e o nosso foco foi abrir centros onde estão os nossos clientes, onde precisam de ter cloud pública para assegurar o fast connect, fiabilidade e resposta”, indica, não descartando o interesse de a Oracle tentar promover que seja também criado um polo em Portugal. “É sempre importante para a evolução do negócio e em volume”, justifica, apesar de defender que o data centre em Madrid está pensado para crescer, com a tecnologia e know how da Oracle.
Apesar da proximidade dos data centres ser um dos objetivos da Oracle, o Technology Country Leader da Oracle em Portugal desvaloriza a questão da geografia dos dados, ou a “data residency” como também é referida. “Tende cada vez mais a cair o peso da importância de onde é que estão os dados […] no final, o que interessa é a segurança, a fiabilidade, a parte financeira e a disponibilização de serviços de cloud que mais ninguém consegue disponibilizar”, afirma.
Aceleração do negócio
A perceção da evolução do negócio de TI em Portugal está em linha com o que tem sido referido pelas empresas de tecnologia e dos dados da IDC. Rodrigo Vasques Jorge lembra que nos primeiros quatro meses em 2020 tudo abrandou mas que depois houve a aceleração associada à adaptação das empresas ao teletrabalho e reforço da aposta no online para a comercialização de produtos e serviços.
“Senti as empresas a adaptarem-se de uma forma incrível, com projetos de adaptação rápida a vendas online, entregas em casa, disponibilização de stocks e produtos, e isso estendeu-se a mutas áreas, do retalho aos ginásios e gasolineiras”, explica, lembrando que foram antecipados projetos que tinham sido planeados e que a cloud foi um elemento importante. “Não é mudar tudo para a cloud mas adaptar a estratégia”.
Claro que a resposta não é igual em todas as empresas e em todas as áreas de negócio. Em alguns casos a rapidez necessária para responder à concorrência globalizada estava menos preparada, mas muitos clientes da Oracle anteciparam projetos complexos, de forma sustentável. “Foi um misto de várias situações mas a capacidade de resposta teve muito a ver com a preparação”, sublinhou.
A transformação também toca a área da Administração Pública, onde historicamente a Oracle tem uma grande presença. “Fruto do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] temos assistido a grandes investimentos e transformação nas Finanças, Saúde, Economia, Segurança Social, simplificação dos processos internos […] a Administração Pública é grande consumidora de TI e precisava do alinhamento [para o digital] que a pandemia também veio trazer”.
“O PRR veio trazer um selo do digital e cada ministério está a olhar para o seu core e perceber a transformação que tem de fazer”, afirma Rodrigo Vasques Jorge. No sector privado das empresas estão a fazer uma aposta nas áreas de infraestruturas e Software as a Service (SaaS) que foi o foco das referências e projetos no ano passado e que deve estender-se por este ano.
Embora não possa falar em números, até porque a empresa vai entrar em período de silêncio que antecipa a divulgação de resultados financeiros, o Technology Country Leader da Oracle em Portugal diz estar “muito satisfeito, sobretudo com os valores de consumo de cloud pública” e aponta os resultados muito positivos dos primeiros três trimestres do ano fiscal de 2022.
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