Foi o próprio Paddy Cosgrave que anunciou na rede social X, ex-Twitter, que ia voltar a assumir a liderança do Web Summit, menos de seis meses depois de ter decidido afasta-se dos comandos do evento de tecnologia que criou na Irlanda.
"Hoje estou a voltar como CEO do Web Summit", afirma o empresário no seu post. "Quando sai no ano passado, foi a primeira vez que tirei folga em 15 anos. Deu-me tempo para pensar sobre o Web Summit, a sua história, porque é que o comecei sozinho no meu quarto e o que queria que fosse".
Poucas semanas antes do arranque do Web Summit de 2023 Paddy Cosgrave acabou por sair da liderança da empresa e do próprio evento face ao abandono de várias empresas da participação na conferência. As criticas avolumaram-se face à sua posição perante o ataque de Israel à faixa de Gaza, depois dos ataques do Hamas a 7 de outubro de 2023.
Primeiro começou por pedir desculpas, mas acabou por não resistir à pressão e comunicou a saída a 21 de outubro. Katherine Maher foi a escolhida para o substituir, mas já este ano, em janeiro, acabaria por deixar o cargo de CEO do Web Summit para ir liderar a rádio pública norte-americana NPR.
A polémica com as declarações sobre Israel fez abanar o evento tecnológico, com várias multinacionais a cancelarem a sua presença na edição de 2023 do Web Summit, um evento que acabou por ficar mais pobre devido às ausências de expositores e oradores, apesar de se manter o entusiasmo dos participantes, como o SAPO TEK deu conta nas várias reportagens em Lisboa.
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Agora Paddy Cosgrave diz que o tempo de pausa serviu para se "voltar a ligar a velhos amigos do Web Summit e ouvir o que eles tinham para dizer e o que queriam do Web Summit".
"Alguns avanços tecnológicos incríveis, relacionamentos, parcerias e empresas cresceram a partir de nossos eventos e quero continuar a desenvolver isso", afirma Paddy Cosgrave. "Quero continuar a acelerar esta missão ainda mais para desenvolver comunidades mais fortes no Web Summit".
De regresso à liderança da empresa e do evento, o empresário afirma que "à medida que o Web Summit se torna maior o nosso objetivo deveria ser torná-lo mais pequeno para os nossos participantes. Mais íntimo. Mais convivial. Mais focado na comunidade". Para isso quer semear "pequenas comunidades" e ajudá-las a prosperar.
O que levou à saída de Paddy Cosgrave da liderança do Web Summit?
O fundador e CEO do Web Summit era conhecido por ter uma presença muito ativa na rede social X, ex-twitter, e após a investida de Israel à faixa de Gaza, na sequência do ataque do Hamas da 7 de outubro, Paddy Cosgrave assinava o tweet que acabaria por causar toda a polémica.
Afirmava estar chocado com a "retórica" dos líderes e governos dos países ocidentais, especialmente da Irlanda. "Crimes de guerra são crimes de guerra, mesmo quando cometidos por aliados, e devem ser chamados pelo que são".
As reações não se fariam esperar, e para além dos muitos comentários no post, o embaixador de Israel em Portugal informou, poucos dias depois, a Câmara de Lisboa que o país não iria participar no Web Summit devido às declarações do seu fundador Paddy Cosgrave sobre o conflito com o Hamas.
Paddy Cosgrave ainda publicou outras mensagens nas quais afirmava que as ações do grupo islâmico Hamas são "ultrajantes e repugnantes" e "um ato de mal monstruoso" e que, embora Israel tenha o direito de se defender, não tem o direito de "violar o direito internacional".
Acabaria por pedir desculpas publicamente, lamentando não ter transmitido "compaixão", e disse esperar que a paz seja alcançada. Mas nesta última mensagem, o empreendedor recebeu inúmeras respostas a afirmarem que era "tarde demais".
E foi mesmo, já que a saída da liderança do evento não parou a onda de cancelamentos de expositores e de oradores, embora nunca fossem partilhados números oficiais e a organização acabasse por dizer que "alguns parceiros reverteram a decisão de boicotar o evento", sem avançar nomes. A Meta e a Google estão entre as empresas que cancelarem a participação no evento em Lisboa, assim como a IBM, Intel, Siemens e investidores israelitas, entre outros.
"Infelizmente, os meus comentários pessoais tornaram-se uma distração do evento", afirmou Paddy Cosgrave, citado no texto. "Peço novamente sinceras desculpas por qualquer mágoa que tenha causado", acrescentou.
Na altura Paddy Cosgrave decidiu que ia retirar-se da rede social X (ex-Twitter) a 17 de outubro, poucas semans antes do início da conferência em Lisboa, marcada para 13 de novembro.
Na verdade a ausência durou pouco tempo, com o regresso anunciado a 9 de dezembro, e desde o início de 2024 o número de posts voltou ao ritmo normal.
Pelo meio o Web Summit teve como CEO Katherine Maher, confirmada a 30 de outubro, com a espinhosa missão de manter o evento a andar. "A nossa tarefa imediata é centrar o foco naquilo que fazemos melhor: promover o diálogo entre todas as partes envolvidas no progresso tecnológico", defendeu na altura.
Apesar da dimensão da polémica, que centrou muitas atenções, para muitos dos participantes este não era o foco e mantiveram a animação habitual, mesmo que os mais habituados à conferência, criada em 2009 e que se mudou para Lisboa em 2016, sentissem uma redução da energia criativa.
Katherine Maher deixou a liderança do Web Summit a 1 de março, marcando ainda presença como CEO no primeiro Web Summit no Qatar, que decorreu entre os dias 26 e 29 de fevereiro em Doha.
Quando foi comunicada a saída de Katherine Maher a empresa disse que estava à procura de um novo CEO, mas não se falou da possibilidade do regresso de Paddy Cosgrave tão cedo. Agora a Web Summit está a preparar a segunda edição do Web Summit Rio, marcada para 15 de abril, onde espera alcançar a marca dos 30.000 participantes. Segue-se o Collision, que decorrerá em junho, no Canadá.
Nota da Redação: A notícia foi atualizada com mais informação. Última atualização 10h32
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