O Brasil e a Indonésia lideram neste momento a adoção de criptomoedas e revelam a tendência apurada num estudo da Gemini, onde se conclui que os países onde as moedas mais desvalorizaram, face ao dólar nos últimos anos, são aqueles onde o interesse em ativos digitais mais tem crescido.

Dois quintos dos inquiridos na pesquisa citada pela Reuters, nestes países, admitiram ter criptomoedas. Nos Estados Unidos só 20% dos inquiridos têm o mesmo tipo de investimento e no Reino Unido são menos ainda (18%). Quem vive em países com moedas em queda, e ainda não comprou criptomoedas, revela-se muito mais disponível para o fazer, do que quem está noutros países.

A relação é de um para cinco e a razão mais apontada é encarar o investimento como uma ferramenta contra a inflação, uma perspetiva bem diferente daquela que tem quem vive na Europa, ou nos Estados Unidos.

Aí, esta só foi apontada como uma razão para comprar ativos digitais por 15 e 16% dos que responderam à pesquisa, respetivamente. Na Índia e na Indonésia, 64% dos inquiridos avançaram com essa resposta. Na Índia, a rupia desvalorizou 17,5% face ao dólar nos últimos cinco anos e na Indonésia a moeda local perdeu metade do valor, entre 2011 e 2020.

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A mesma pesquisa mostra que quase metade dos que compraram ativos digitais nos Estados Unidos, América Latina e região Ásia-Pacifico, fizeram-no ao longo do último ano. A grande maioria fê-lo como investimento de longo prazo, por acreditar no potencial de valorização das moedas digitais nesse horizonte.

Na Europa, o interesse neste tipo de ativos é claramente menor. Só 17% dos europeus tinham ativos digitais no ano passado e apenas 7% dos que não tinham manifestaram intenção de os adquirir em algum momento, ainda de acordo com o estudo da Gemini, uma plataforma de compra e venda de ativos digitais, que inquiriu 30 mil pessoas em 20 países, entre novembro de 2021 e fevereiro deste ano.

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A Bitcoin liderou as preferências de investimento de quem optou por já comprar estes ativos, ou não fosse também a moeda digital mais valiosa, ainda que se mantenha altamente volátil. Basta dizer que, em novembro do ano passado, a moeda atingiu uma valorização de 68 mil dólares e este ano tem mantido uma valorização entre os 33 e os 44 mil dólares.

Um estudo do Deutsche Bank, divulgado em fevereiro, também mostrava que quem acredita no potencial de valorização das criptomoedas não é abalado pela volatilidade da moeda. Concluía essa pesquisa que menos de metade dos investidores em criptomoedas consideraria desfazer-se delas, parcial ou totalmente, mesmo que a valorização da moeda caísse 80%.

A mesma pesquisa mostrava que quase metade destes inquiridos, tiveram tanto sucesso no investimento em criptoativos que já mudaram de emprego, ou estão a considerar fazê-lo.