Embora seja o “porta-bandeira” da entrada de Portugal no grupo de países com uma estratégia para o Espaço, o PoSAT-1 permanece como o único satélite lançado por Portugal até hoje. Mas este cenário está prestes a mudar, havendo vários projetos em desenvolvimento.

Além do início dos voos suborbitais, avançado em dezembro último, que “deverá ser uma realidade ainda este ano”, lembrou a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, na cerimónia dos 30 anos do primeiro satélite português, a agenda de Portugal para o Espaço prevê o lançamento e a operacionalização de 30 satélites, em várias constelações.

O ISTSat-1 é um deles. O primeiro satélite construído pelo Instituto Superior Técnico e está completamente finalizado, depois de ter passado por exigentes testes técnicos em ambiente simulado de espaço.

Recorde o ISTSat-1 em imagens

Integrando a classe dos CubeSat 1U, isto é, um satélite cúbico com 10 centímetros de aresta, o ISTSat-1 tem como missão a demonstração de um sistema de deteção de aviões através de sinais ADS-B (automatic dependent surveillance - broadcast), desenvolvido especificamente para este satélite.

Os projetos levaram alguma da sua tecnologia para demonstração durante a conferência. Clique nas imagens para mais detalhe.

“Dizem que a universidade deve ser o repositório de conhecimento: mas para haver armazenamento do conhecimento é preciso criá-lo e depois transmiti-lo à sociedade: e são essas três vertentes que temos no ISTSat-1”, referiu Rui Rocha, professor que lidera a equipa, destacando a componente de educação do projeto.

Depois de seis anos, neste momento o projeto está na fase de “flight acceptance review”, estando prestes a ser anunciado aquilo a que a ESA chama de “ticket to orbit” para o ISTSat-1, ou seja, uma espécie de “bilhete de embarque” para o Espaço, avançou Rui Rocha.

A intenção é que o satélite cúbico com 10 centímetros de aresta siga no voo inaugural do novo foguetão europeu Ariane 6 que, depois de ser adiado pela segunda vez, estará agora previsto para o primeiro trimestre de 2024.

“É um longo percurso, mas para nós o mais importante é o projeto educativo. Usámos o satélite como forma de criar conhecimento”, sublinhou Rui Rocha.

Da agenda espacial portuguesa faz também parte a missão AEROS, que começou em 2020, liderado pela empresa Edisoft e composto por um consórcio de nove entidades, contando ainda com a participação de três parceiros, com destaque para o MIT.

O objetivo da AEROS é desenvolver tecnologias e competências portuguesas para monitorizar e valorizar o oceano, combinando know how nacional e internacional para construir uma constelação de nano satélites.

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Geosat é outra das empresas que promete colocar Portugal no “mapa espacial”, como líder da Constelação Óptica VHR/HR, e como “empresa do espaço para o mercado global”.

“Portugal está na primeira liga de observação da Terra. A ambição espacial de Portugal pode estar a um nível estratosférico, porque de facto temos muito em desenvolvimento”, referiu Francisco Vilhena da Cunha, CEO da Geosat.

Os satélites uPGRADE, da Spinworks, um nano-satélite dedicado a estudos de gravimetria e densidade termosférica que permitirá, por exemplo, quantificar a perda de massa de gelo na Gronelândia e Antártida; e o Newsat, da Stratosphere, de desenvolvimento de blocos de tecnologia para integração noutros satélites, são igualmente projetos em curso. Também passaram pelo palco da conferência em que se assinalaram os 30 anos do PoSAT-1 as constelações VDES, da Lusospace, SAR, da idD e Magal, da Efacec.