O setor das Tecnologias de Informação continua a ser um dos mais dinâmicos do mercado de emprego em Portugal. A valorização dos recursos nesta área continua a aumentar e a escassez também, confirma a edição mais recente do Guia Salarial 2025 da Adecco Portugal.

“A transformação digital, aliada à crescente procura por soluções cloud, cibersegurança e inteligência artificial, está a impulsionar a valorização salarial e a intensificar a escassez de talento qualificado”, refere a nota da empresa de recursos humanos sobre as conclusões da pesquisa. O documento reflete que a pressão por especialistas capazes de traduzir dados em insights estratégicos, desenvolver soluções tecnológicas robustas e garantir a segurança digital está a redefinir os critérios de contratação.

Por perfis, e no que toca à remuneração das competências mais procuradas e valorizadas no mercado de Tecnologias de Informação em Portugal, o estudo coloca no topo da tabela os engenheiros de cloud, com um salário máximo de 105.000 euros ao ano. Na segunda posição surgem os consultores SAP, com salário anual bruto até 98.000 euros e a fechar o Top 3 estão os engenheiros de cibersegurança, com um salário anual que pode chegar aos 85.000 euros.

Funções ligadas ao desenvolvimento de software, de um modo geral, mantêm também muita procura e um elevado nível de valorização, como mostra a análise salarial às funções de Mobile Developers e Software Engineer, que podem ser pagas com salários anuais até 75.000 euros.

Nas áreas da gestão e análise de dados, destacam-se os Data Engineers, com salários entre os 32.000 euros e 55.000 euros, ou os Data Analysts, com salários anuais que podem chegar aos 40.000 euros. Os dados apurados mostram ainda que um Project Manager pode ganhar até 70.000 euros por ano e um QA Tester até 60.000 euros.

Tecnologias de Informação
Tecnologias de Informação créditos: Adecco

O perfil com uma compensação salarial à partida mais baixa é o de Support Technician, técnico de suporte, mas a pesquisa também mostra que nas mesmas funções tanto há quem ganhe 17.000 euros anuais, como 35.000 euros. A diferença salarial entre o Porto e Lisboa têm vindo a diminuir e praticamente deixaram de existir.

Nos próximos meses, a Adecco acredita que há quatro principais tendências que vão marcar o recrutamento no setor das tecnologias. A procura de especialistas em dados - Data Engineers e Data Scientists - vai continuar a aumentar, porque estes especialistas são fundamentais para responder à adoção de inteligência artificial nas empresas.

Outro perfil que tende a ganhar cada vez mais relevância no mercado é o dos engenheiros de cibersegurança, sobretudo com a entrada em vigor da diretiva NIS2 e o aumento das ameaças digitais. Acontece o mesmo com os perfis de Cloud Engineers e Mobile Developers, graças ao desenvolvimento e adoção crescente de soluções mobile e cloud.

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Nas áreas da qualidade e gestão de projetos, a Adecco dá também destaque ao papel cada vez mais relevante dos QA Testers e IT Project Managers, “funções essenciais na entrega eficaz e estruturada de projetos”.

Neste domínio das competências, uma nota sublinhada pela empresa de recursos humanos é o facto de, para além das competências técnicas, haver uma procura cada vez maior por profissionais que combinem conhecimentos em desenvolvimento, operações e segurança. Exemplos: “o domínio de metodologias ágeis e de práticas de DevOps, por exemplo, é cada vez mais valorizado, permitindo uma abordagem integrada e eficaz na resolução de desafios digitais”, explica-se.

A falta de profissionais para muitas destas áreas está a “empurrar” as empresas para investimentos mais relevantes em formação e requalificação. A Adecco estima que, até 2030, cerca de 1,3 milhões de trabalhadores em Portugal vão ter de atualizar competências.

“O setor das TI tem sido, ano após ano, um dos mais resilientes e estratégicos para a economia nacional. A procura por talento altamente qualificado está a tornar-se cada vez mais seletiva e especializada, sendo essencial reforçar o investimento em formação e desenvolvimento de competências”, destaca Bernardo Samuel, diretor da Adecco Recruitment Portugal.

Numa perspectiva transversal aos diferentes setores de atividade, a Adecco concluiu que hoje 25,4% (259,4 mil pessoas) já exercem sempre a sua atividade remotamente e 37% (377,7 mil pessoas) seguem modelos de trabalho híbridos.