Antecipando o Dia Internacional da Mulher, que se celebra no próximo sábado, a Comissão Europeia decidiu organizar uma conferência em Bruxelas onde transmite às cidadãs da Europa a importância de abraçar uma carreira na área das tecnologias.



Este incentivo vem no decorrer de uma análise efectuada pelo executivo europeu, que alerta a prevalência do estereótipo que o sector em causa é destinado aos homens. Frisando a necessidade de mudar esta tendência, a Comissão Europeia refere que as mulheres devem acreditar mais na possibilidade de virem a obter uma carreira de sucesso se apostarem na área das TIC, contrariando a tendência europeia que indica que o número de licenciadas em áreas tecnológicas continuar a ser muito baixo.



Viviane Reding, Comissária europeia responsável pela Sociedade da Informação e os Média, salienta que o número de pessoal qualificado para operar no segmento é inferior ao desejado e que, se esta realidade não for alterada, a Europa corre o risco de ser ultrapassada pelos concorrentes asiáticos. Como tal, há a necessidade de "ultrapassar os estereótipos comuns que descrevem as carreiras nas TIC como aborrecidas e demasiado técnicas para as mulheres e, em vez disso, encorajar as mulheres a terem êxito neste sector aliciante, inovador e multifacetado", argumentou.



Mesmo com o sector a contribuir para o crescimento total da UE e para 4 por cento dos empregos, continua a registar-se a falta de 300 mil trabalhadores qualificados para operarem na área, pelo que é necessário angariar mais jovens para a área, incluindo os do sexo feminino.



Em termos globais, o número de licenciados em engenharia aumentou significativamente na União Europeia, de 150 965 em 1998 para 320 950 em 2004, embora a sua taxa de crescimento anual esteja a diminuir exponencialmente - de 60 por cento em 1998 para 10 por cento em 2004.



Os números publicados pela Comissão indicam que a percentagem de mulheres diplomadas na Europa tem aumentado embora essa taxa seja baixa nos cursos de engenharia, que, em 2004, registavam apenas 19 por cento de participação feminina. Em países como Portugal, o número de mulheres licenciadas em engenharia informática chegou mesmo a baixar significativamente entre 1998 e 2005.



Uma análise efectuada em Outubro do ano passado a 150 empresas europeias de telecomunicações mostrou que a quota de mulheres nos lugares de topo era de 6 por cento, o que indica que "há ainda muito a fazer para atrair e manter as mulheres numa carreira neste sector", principalmente porque o sexo feminino continua a estar muito sub-representado, diz a Comissão.



Há dois anos, o executivo comunitário iniciou um exercício piloto denominado "Acompanhamento na sombra", através do qual eram dados incentivos a jovens de forma a captar o seu interesse nas TIC. A iniciativa ofereceu a 50 jovens a experiência de acompanharem uma profissional que exerce um lugar de chefia no sector das TIC durante um dia típico de trabalho.



Agora, e depois de implementado o projecto, onde a Portugal Telecom participou como parceira, a Comissão Europeia prepara-se para mostrar os resultados desta experiência em campo, algo que acontece hoje em Bruxelas no âmbito da conferência dedicada às mulheres.



Entre os eventos paralelos preparados pelo organismo, destaca-se a execução de workshops sobre o modo de atrair as jovens para carreiras no sector das TIC.



Tendo por base os resultados deste ano, Viviane Reding quer levar os incentivos mais longe lançando, em parceria com a indústria, um "Código Europeu das Melhores Práticas para as mulheres no sector das TIC", que tem como objectivo acabar com os estereótipos relativos ao trabalho neste sector. Espera-se que a indústria dê o seu acordo ao código antes do Dia da Mulher de 2009.



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