A UNICRE celebra meio século de história no sector financeiro português, destacando uma jornada marcada pela inovação e pela adaptação às necessidades dos consumidores e do mercado. Em entrevista ao SAPO TEK, Nuno Abrantes, Chief Information Officer da UNICRE, refletiu sobre as transformações nos métodos de pagamento, a evolução dos comportamentos de consumo e as tendências que moldarão o futuro do sector.

Entre os marcos alcançados, a UNICRE reafirma o seu papel na liderança da digitalização dos pagamentos e na antecipação das exigências do mercado.

“Fomos, em 1982, a primeira empresa a emitir cartões de crédito em Portugal e a iniciar, em 1986, a aceitação dos primeiros cartões de débito nos estabelecimentos comerciais em Portugal”, destacou Nuno Abrantes.

A introdução dos primeiros terminais eletrónicos de pagamento em 1990 e o lançamento do cartão de crédito exclusivo para compras na internet em 2000 são exemplos de marcos pioneiros que contribuíram para a modernização do sector, acrescentou.

Nuno Abrantes
Nuno Abrantes créditos: Unicre

Nos últimos anos, a empresa manteve o foco na digitalização, com iniciativas como o projeto Mass Transit, que utiliza tecnologia contactless para facilitar o acesso aos transportes públicos, e a criação de soluções 100% digitais para adesão a serviços financeiros. Recentemente, lançou o “Parcela Já com UNICRE”, uma solução Buy Now Pay Later (BNPL) integrada nos terminais de pagamento.

Os hábitos de consumo dos portugueses têm evoluído de forma acelerada, influenciados por avanços tecnológicos e mudanças sociais. A pandemia desempenhou um papel crucial, ao impulsionar a adoção de pagamentos contactless.

“Os pagamentos contactless representavam apenas 11% das compras em janeiro de 2019 feitas na rede de aceitação REDUNIQ, e passaram para 81% no total do ano de 2023”, afirmou Nuno Abrantes.

Este crescimento exponencial foi sustentado pela confiança na segurança das transações e pela conveniência dos dispositivos móveis, que tornaram os pagamentos mais rápidos e simples.

Tendências como o Tap-to-Pay, BNPL e carteiras digitais refletem o desejo dos consumidores por soluções personalizadas e flexíveis. Nuno Abrantes sublinha que “a mudança nos comportamentos dos consumidores e a sua relação com os dispositivos eletrónicos está a moldar a inovação nos pagamentos, no que concerne à valorização da segurança e confiança nas transações”. Para a UNICRE, esta transformação representa uma oportunidade de liderar o sector, investindo em tecnologia, parcerias e iniciativas que promovam a adesão a novos métodos de pagamento.

Tendências e desafios nos pagamentos

Embora alinhado com a Europa em termos de inovação, o sector financeiro português ainda enfrenta desafios, particularmente no que diz respeito à digitalização de pequenos negócios.

“É crucial que as PME vejam esta digitalização dos serviços financeiros como uma solução segura, viável e célere para os processos de pagamento”, salientou Nuno Abrantes.

A adoção de estratégias adequadas pode fortalecer a competitividade do país no sector financeiro global, defendeu.

Quanto às tendências futuras, a UNICRE antecipa uma evolução marcada pela integração de tecnologias como a inteligência artificial (IA) e pela hiperpersonalização dos serviços.

“A vantagem mais tangível e significativa da aplicação da IA remete para uma gestão de risco mais controlada, capaz de antecipar, prevenir e mitigar atividades fraudulentas ou ataques cibernéticos”, explicou Nuno Abrantes. Além disso, a IA possibilita experiências de pagamento mais seguras e personalizadas, fortalecendo a confiança dos consumidores no ecossistema financeiro.

A introdução de moedas digitais, como a iniciativa do Banco Central Europeu, e o foco em sustentabilidade e inclusão são outras tendências que ganharão relevância. A UNICRE quer liderar este processo de transformação, destacando a importância de equilibrar inovação com proteção de dados e cibersegurança. “O segredo para manter este equilíbrio delicado reside em colocar o consumidor no centro da inovação, garantindo que a adoção de novas tecnologias de pagamento seja sempre acompanhada por um compromisso inabalável com a segurança e a privacidade.”

Com uma visão voltada para o futuro, a UNICRE planeia expandir a sua presença além-fronteiras. A entrada no mercado espanhol com a solução Tap2Phone é um exemplo dessa estratégia, que se estenderá a outros países europeus. “Após Espanha, pretendemos expandir este produto a outros mercados, como o austríaco, o italiano e ainda o neerlandês, quiçá ainda no próximo ano”, revelou Nuno Abrantes.