Na sessão de abertura do 12º Congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), António Lobo Xavier deixou algumas acusações aos intervenientes no sector das telecomunicações pelo actual estado do mercado, nomeadamente aos sucessivos Governos pela abordagem utópica ao sector.

O Congresso que teve hoje início em Lisboa, no Centro de Congressos da FIL tem como objectivo analisar a evolução do sector e comentar as transformações do último ano, abordando os mais diferentes temas ao longo de três dias.

Sublinhando que a liberalização tem sido um caminho difícil, António Lobo Xavier, presidente deste Congresso, assume que este foi o modelo imposto em termos europeus mas relativamente ao qual supõe “que todos os operadores estão profundamente desenganados e não têm grandes ilusões”.

O presidente do Congresso mostrou ainda algumas perplexidade, notando que em 2002 foi abandonado o discurso predominantemente sobre o mercado livre para passar a relevar-se a reestruturação e consolidação no sector e que por esse caminho se ameaça chegar a um monopólio ou duopólio neste sector.

Defendendo que pessoalmente não acredita no facto de ter existido irrealismo, precipitação e falta de rigor na gestão das empresas no sector das telecoms, argumentos que muitos utilizam para justificar o estado actual, António Lobo Xavier afirmou que se alguma culpa houve nesse processo pode ser atribuída aos sucessivos Governos. “Em mais nenhum sector de forma tão descarada o Estado procurou participar, procurou obter receitas e em mais nenhum outro sector o estado foi tão utópico ao imaginar o valor das empresas a quem atribuiu as licenças”, sublinha.

Porém, e apesar das dificuldades económicas que o sector atravessa, António Lobo Xavier acredita que este momento pode constituir-se como uma oportunidade porque é na altura em que se interrompem os ciclos que podemos ter esperanças em mudar.

O presidente do Congresso espera que o novo Governo que tomou posse em 2002 possa contribuir para criar um sector de telecomunicações vivo, actuante e rentável, estimulando a criação de redes e tecnologias alternativas que dinamizem a área de telecomunicações e media.

Durante a sessão de abertura do Congresso foi ainda apresentado o estudo "Que futuro para o sector das Comunicações e Media em Portugal?", elaborado pela A T Kearney e Obercom para a APDC e que mostra alguns cenários de evolução do sector para os próximos anos.



Notícias Relacionadas:

2002-11-25 - Congresso APDC com suporte wireless


2002-11-25 - Congresso da APDC com análise sobre sector das TMT


2002-10-08 - APDC com novidades na edição do Congresso das Comunicações