A Sky está prestes a avançar com um canal de imagens a três dimensões, trazendo para a emissão televisiva uma funcionalidade que hoje está disponível sobretudo no cinema ou em filmes da oferta on demand. O mundial de futebol da África do Sul, no próximo ano, já será registado de forma a permitir essa possibilidade. Os operadores portugueses vêm com entusiasmo a evolução, mas defendem que está longe de se tornar uma oferta mainstream.

No painel que no 19º Congresso da APDC debateu os serviços de nova geração, Pedro Leitão, da Portugal Telecom, admitiu que num período de 12 a 18 meses estas ofertas vão começar a surgir, mas todos os operadores concordam que há ainda um caminho a percorrer para que se tornem banais. Uma opinião também partilhada pelos responsáveis da Impresa e da RTP no evento.

José Marquitos sublinhou que antes de avançar com investimentos no 3D é preciso conhecer melhor e aperfeiçoar a oferta de conteúdos em alta definição. Pedro Norton, da Impresa, frisou que a este aspecto junta-se outro. É preciso ter clientes que justifiquem o investimento necessário para avançar para essa nova forma de disponibilização de conteúdos, que implica não só conteúdos adaptados como equipamentos preparados para os receber.

Ainda assim já há experiências a decorrer em Portugal, como assumiu Luís Lopes da Zon. Segundo o responsável a empresa poderá dentro de algum tempo fazer demonstrações nas lojas, mas também concorda que o caminho até à massificação é longo.

A propensão para os conteúdos de alta definição foi no entanto algo que os operadores reconheceram e que tem encontrado eco, como também foi referido, num reforço significativo da oferta disponível a este nível. Outro aspecto que gerou concordância entre participantes é a alteração que tem ocorrido na forma como os conteúdos são distribuídos e, por isso, como devem ser geridos pelas empresas que os distribuem.

José Marquitos sublinhou o exemplo da RTP que tem vindo a alterar a forma como gere os seus 15 canais - 8 de televisão e 7 de rádio - passando de uma abordagem canal a canal para um esforço de alinhamento dos conteúdos disponíveis de forma transversal. A mesma visão trouxe Pedro Norton, para quem a prazo grupos como a Impresa, que hoje ainda assumem uma gestão sectorial para o negócio da TV, revistas, etc, terão de caminhar no sentido de adoptar uma lógica mais transversal e mais global, onde assumirão necessariamente relevo duas alterações que já hoje se percebem como fundamentais: baixar drasticamente o valor da produção de conteúdos, mantendo os níveis de qualidade. Outra, rever completamente a forma de vender publicidade.

A questão do valor dos conteúdos foi abordada, também na perspectiva do móvel. Mário Vaz da Vodafone acredita que também neste sector é preciso encontrar novas formas de pricing, tendo em conta que hoje 80 por cento da rede já está a servir a oferta de conteúdos, quando essa área ainda só representa 20 por cento das receitas. O grosso continuam a vir da voz.