“Nós não competimos diretamente com os operadores de telecomunicações. Isso é um engano, é um mito. Eu convido qualquer operador móvel a dizer qual foi a erosão do mercado que eles sofreram por intermédio de um operador como o Skype. E garanto que eles não vão conseguir dizer”.

As declarações são do diretor-geral da Microsoft Portugal, João Couto, ao Jornal de Negócios, a propósito da pressão dos operadores para uma alteração na regulação dos chamados serviços Over The Top (OTT). O líder da subsidiária portuguesa da tecnológica diz que dos dois mil milhões de euros de quebra registados no mercado nacional de telecomunicações, o Skype “não representou nem 0,01%”.

O grande motivo é outro, adiantou. “Houve uma competição desenfreada por preço de todos os operadores”.

João Couto admite no entanto que as empresas de telecomunicações têm um ponto válido de queixa e que está relacionado com o acesso aos dados dos utilizadores e que isso causa assimetrias no mercado.

“Acho que os operadores poderiam ter acesso, cumprindo determinadas regras, à mesma informação que nós também temos”, comentou.

O executivo da Microsoft Portugal considera que a vantagem de serviços como o Skype, Facebook ou WhatsApp está relacionado com a experiência de uitlização mais rica que garantem aos utilizadores e que é neste segmento que os operadores se devem focar. Uma área que a Vodafone reforço recentemente com o serviço Call+.

Pois numa lógica de mercado, defende João Couto, a utilização dos serviços OTT faz aumentar os consumos de dados dos clientes junto dos operadores e neste aspeto há uma contribuição importante para o negócio das telecomunicações.

“Fomos um estímulo, um acelerador da utilização de dados dos operadores. Os utilizadores hoje já pagam pelo acesso aos dados. Esta lógica de que os operadores OTT andam a surfar gratuitamente na rede dos operadores, isto é um mito”.

Por fim deixou uma mensagem sobre o que deve ser feito a seguir. “Antes de assumirmos que vai ser criada uma nova regulação acho que temos de olhar primeiro para o objetivo de um regulador. O objetivo do regulador é garantir que o mercado atua em concorrência e o mercado está a atuar em concorrência”.