Os conteúdos móveis vingaram e são já uma realidade no mercado português, segundo garantiu António Carriço, da Vodafone, durante uma intervenção num encontro organizado pela APDSI - Associação Para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação, que decorreu ontem, em Lisboa, sob o tema "Mobilidade - Uma presença pervasiva no quotidiano das sociedades modernas". Embora represente apenas dois por cento nas receitas gerais dos operadores, "a indústria dos conteúdos móveis existe e já vale algum dinheiro", afirmou ao TeK à margem do encontro.




Nas contas do responsável da Vodafone, o mercado nacional dos conteúdos móveis vale actualmente 60 milhões de euros, quando o europeu deve rondar os três mil milhões de euros. "É verdade que para os operadores 60 milhões de euros é pouco, mas a parte mais interessante é que é uma indústria que está a crescer muito. É um sector que dentro do negócio das operadoras é pequeno, mas está a crescer mais do que as chamadas telefónicas. Há toda uma vantagem em apostar nele". António Carriço fala em volumes de crescimento do mercado na ordem dos 30 por cento, valor que a Vodafone se propõe acompanhar ou mesmo superar no próximo ano.




O entretenimento arrecada 95 a 97 por cento da indústria, com os "toques" a revelarem-se actualmente a vertente de maior sucesso. "Acredito que no total se vendam em Portugal perto de 400 mil toques por dia. Na Vodafone já vendemos tantos toques polifónicos - um serviço que lançámos há seis meses atrás - como os monofónicos".




A popularidade deste tipo de serviços fica a dever-se à camada de utilizadores mais jovens, igualmente adeptos do SMS e dos jogos, possibilidades móveis que encontram pouco retorno entre os utilizadores de faixa etária mais elevada. Referindo-se aos hábitos dos utilizadores da rede Vodafone, António Carriço indica que 100 por cento dos subscritores usam o telemóvel para comunicações de voz, mas apenas 50 por cento o faz para o SMS, por exemplo. A camada de utilizadores que vêem os jogos e os toques como produtos atractivos tem idades que variam entre os 12 e os 28 anos.




Numa workshop onde muito se discutiu acerca das necessidades e oportunidades introduzidas com a mobilidade, no seu sentido lato, António Carriço fez questão de salvaguardar que, embora se fale na saturação do mercado móvel, com as suas elevadas taxas de penetração e demais índices, acredita que a parte mais interessante e criativa ainda está por fazer. "A vantagem de estar nesta indústria é de facto parecer não existirem limites à sua capacidade de expansão".




Por outro lado, "trabalhar hoje na rede fixa conduziria ao desespero", afirmou, reservando-lhe pouco tempo de vida como rede de comunicações de voz. "A rede fixa já não tem lugar no quotidiano dos jovens que entretanto criaram com os telemóveis uma intimidade invejável".



Notícias Relacionadas:

2004-09-13 - Jogos e outros serviços de entretenimento em bundle contribuirão para receitas móveis

2004-04-30 - Utilizadores estão dispostos a gastar mais com conteúdos móveis

2003-08-13 - Indústria britânica de toques para telemóvel crescerá 60 por cento em 2003