O potencial reconhecido de angariação de novos clientes móveis entre os utilizadores mais novos é elevado, começando as crianças a ser cada vez mais alvo de campanhas dos operadores, mas as ferramentas para os educadores gerirem o acesso a serviços e comunicações são ainda escassas. Em Portugal a TMN e a Optimus acabam por confiar nos limites estabelecidos pelos pacotes pré-pagos e no barramento de alguns serviços, enquanto a Vodafone tem nas lojas um telemóvel da Disney que permite maior controle.

A nível internacional a situação não é muito diferente, embora a AT&T tenha introduzido esta semana um novo serviço que permite aos pais e educadores barrar chamadas para determinados números, filtrar conteúdos que não consideram apropriados e limitar gastos com chamadas, SMS e mensagens instantâneas. O AT&T Smart Limits for Wireless pode ser gerido através de uma acesso web, mudando ou introduzindo barramentos a qualquer altura.

Afastando a questão social e pedagógica sobre se esta será ou não a melhor forma de educar as crianças na utilização do telemóvel como instrumento de comunicação e habituá-los a controlarem os custos, estas ferramentas garantem aos educadores que as querem usar menos "surpresas" desagradáveis na conta do telefone e nos conteúdos visualizados pelos seus educandos.

A Optimus e a TMN admitiram ao TeK não ter sistemas específicos para este tipo de controle, considerando que o sistema de carregamentos permite controlar e limitar os custos. "No estudo que realizámos com crianças e pais, verificou-se que, para estes últimos, não existia necessidade de criação de um sistema de controlo de gastos e de acessos", adianta ainda fonte da direcção de comunicação institucional da Optimus, sublinhando ainda que os pais referem que "a forma como as crianças utilizam o saldo que os pais lhe disponibilizam é uma maneira de as começar a sensibilizar para as suas opções de consumo".

A operadora do Grupo Sonaecom tem mostrado o seu interesse nos clientes de faixas etárias até aos 12 anos e lançou ainda esta semana uma nova campanha de regresso às aulas especialmente concebida para este target, que inclui os terminais Nokia 2760, Sagem My441x ou o Samsung C260 e a oferta do jogo "Harry Potter e a Ordem da Fénix".

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A Vodafone tem uma opção diferente na oferta de ferramentas de gestão aos educadores e de terminais, tendo lançado no início do ano com a Disney um telemóvel para crianças que pretende ir "ao encontro das necessidades dos pais que procuram uma solução responsável quando decidem dar um primeiro telemóvel aos seus filhos", refere Luisa Pestana, directora de comunicação institucional da Vodafone Portugal.

A responsável cita um estudo de mercado realizado em Portugal pela Gfk que indica que as principais razões para os pais darem um telefone móvel aos seus filhos estão relacionadas com o desejo de estarem sempre contactáveis e com a necessidade de segurança e controlo. Nesse mesmo estudo, 75% dos pais terão afirmado que é importante saber que os filhos estão contactáveis através de um telemóvel.

O terminal D100 da Disney permite responder a esta questão, definindo os pais a lista de números com quem os filhos podem contactar, acesso à troca de mensagens e bloqueio de números não definidos na lista. Para protecção não é permitido o acesso a nenhum conteúdo multimédia ou site Internet.

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Os telefones estão disponíveis em dois modelos, com imagem das WITCH e dos Piratas das Caraíbas, uma personalização que se estende ao ecrã e que permite a utilização de animações e logos da Disney, assim como toques polifónicos.

Quem quiser optar por um telefone mais "adulto" pode ainda assim usar os serviços de controle de downloads de conteúdos, através do My Vodafone, barrar as chamadas de valor acrescentado e as ligações Internet, para além da monitorização dos custos e saldos dos telefones nos pré-pagos e pós pagos.

Target fundamental mas com plafond limitado
Os três operadores móveis portugueses não escondem o seu interesse nos clientes mais jovens, onde a utilização de telemóveis já é grande mas que mostra margem de crescimento.

O Barómetro de Telecomunicações da Marketest de 2006 aponta para uma taxa de penetração de 85 por cento na posse ou uso de telemóveis entre os jovens de 10 a 14 anos. Os números avançados ao TeK pela Optimus fixam nos 35 por cento a taxa entre crianças dos 7 aos 10 anos e nos 77 por cento nos jovens dos 11 aos 12 anos.

"As camadas mais jovens constituem um target fundamental no sector das telecomunicações móveis, em virtude de estarem mais habilitadas a lidar com as novas tecnologias e deterem grande influência, por isso, no contexto do agregado familiar no momento de adquirir e lidar com o telemóvel e os serviços a ele associados", refere ao TeK fonte da comunicação da TMN.

As necessidades de comunicação deste grupo são muito específicas, com forte opção pelos SMS, para além dos downloads de música, os toques e logos, os jogos, o Mobile TV, refere a operadora do Grupo PT.

O gasto médio destes clientes é porém mais baixo do que o dos utilizadores adultos. "O ARPU do segmento jovem é inferior ao ARPU médio da empresa já que os jovens têm tipicamente um rendimento disponível limitado e uma forte preocupação com o controlo de custos", adianta Luisa Pestana, acrescentando que os jovens "são muito sensíveis ao preço, muito atentos a promoções e ofertas e têm propensão a aderir a serviços inovadores"

Usando ou não as ferramentas criadas pelas operadoras para gerir e limitar o controle das comunicações dos mais jovens, cabe também aos pais um papel pedagógico de sensibilização dos mais novos para o custo dos serviços e o impacto que a sua utilização pode ter na factura das comunicações. O mesmo se aplica aos riscos dos contactos não desejados e ao acesso a conteúdos considerados menos adequados pelos educadores, mas na verdade todas estas questões fazem parte de um processo de amadurecimento responsável e os mesmos princípios aplicam-se à utilização do telemóvel e da Internet mas também na vida real.

Fátima Caçador

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