As fotografias tiradas com telemóvel e os vídeos amadores, alguns deles também captados via telemóvel, assumem desde ontem um lugar central na transmissão ao mundo dos detalhes da tragédia vivida em Londres com os ataques terroristas.



Com a maior parte das áreas afectadas (subterrâneas) imediatamente interditadas, as principais cadeias de televisão britânica e outros órgãos de comunicação social, passaram a ter como alternativa exclusiva a utilização das dezenas de fotos e vídeos amadores que lhes foram chegando, a par com mensagens SMS que procuravam descrever o ambiente nas carruagens afectadas.



Só a BBC já usou no seu site e nas emissões televisivas mais de 70 imagens que lhe foram enviadas por pessoas na cena dos ataques, que, no caso do metro, são os únicos meios para testemunhar a tragédia.



Para receber este tipo de imagens, a cadeia de televisão britânica criou até um endereço de email que vem recebendo elementos fundamentais para ajudar a contar a história do dia de ontem em imagens, já que as câmaras profissionais foram mantidas a alguma distância dos locais.



Outras plataformas online coleccionam também já um número significativo de imagens sobre os atentados, como o site de fotografia Flickr, onde se podem encontrar 325 imagens relacionadas com os ataques, e órgãos de comunicação um pouco por todo o mundo.



Dizem os especialistas, citados na imprensa internacional, que as imagens agora recolhidas pelo cidadão comum apresentam um nível de qualidade superior ao de outras tragédias, onde o vídeo e as fotos amadoras desempenharam também um papel fundamental. São exemplos disso o 11 de Setembro, a primeira vez que tantos testemunhos deste tipo assumiram relevância mundial, ou o Tsunami na Ásia, que durante meses fez render direitos de utilização a turistas ou locais com a calma necessária para registar o avanço da tragédia.



A melhor qualidade das fotos está obviamente ligada a um incremento da capacidade das câmaras incluídas nos telemóveis. Este é um dos aspectos de forte aposta por parte dos fabricantes, que vêm nas aplicações multimédia uma forma de cativar os utilizadores. A funcionalidade vídeo, mais recente, é hoje também quase comum nos telefones com câmara.



Conforme referem vários estudos, as funcionalidades multimédia dos modelos móveis mais recentes tornaram-se um dos principais motores da substituição de equipamentos nos mercados maduros.



Um acordo com a Scotland Yard e a imprensa britânica vai no entanto evitar que as imagens mais chocantes recolhidas por populares cheguem a ser divulgadas, pelo menos por enquanto.



A par com os telemóveis, as novas tecnologias, neste caso a Internet, desempenha também um papel activo neste tipo de tragédias, não só na informação mas servindo para reivindicar os ataques terroristas na Europa.



Aconteceu dessa forma no 11 de Setembro, no 11 de Março, e parece estar a repetir-se no caso de Londres. Poucas horas depois do ataque uma organização que se afirma um braço da Al Qaeda na Europa reivindicou o ataque, uma afirmação que para já não tem crédito por parte das autoridades britânicas.



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