Portugal não está muito mal classificado no panorama de adopção do IPv6 a nível mundial, mas dois terços dos ISPs nacionais ainda não deram o primeiro passo para implementarem o novo sistema de endereços de Internet, o que a prazo pode comprometer a qualidade do serviço prestado ao cliente. O alerta é uma das conclusões da conferência hoje organizada pela FCCN sobre o tema.

A exaustão dos endereços IPv4, prevista para breve, é uma das principais motivações para avançar com o IPv6, reconhece Carlos Friaças, especialista da FCCN nesta área que ainda recentemente escreveu para o TeK um artigo de opinião sobre este tema.

Os modelos matemáticos apontam várias datas possíveis, mas um dos mais reconhecidos calcula para 24 de Março de 2012 o fim dos endereços disponíveis para alocação aos ISPs, a data que afecta directamente os utilizadores já que os RIR não serão capazes de satisfazer os pedidos dos ISPs.

[caption]exaustão do ipv4[/caption]

Os objectivos que têm vindo a ser definidos pelos organismos internacionais de implementação do IPv6 não estão também a ser cumpridos. Carlos Friaças lembra que a Comissão Europeia definiu que 25% dos sites deveriam mudar para o novo sistema até final de 2010 e que dificilmente se chegará a um terço ou metade desse valor.

Em Portugal o número de endereços atribuídos ajudar a coloca o país entre os que têm maior adopção, mas a realidade comercial não corresponde a esta visão, sendo ainda escassas as empresas que já realizaram investimentos nesta área.

João Nuno Ferreira, da FCCN, admite porém que a transição para o IPv6 será gradual, e que os dois sistemas vão coexistir pelos menos durante uma década. As empresas devem assegurar uma transição gradual sem perderem nunca a conectividade com os serviços estabelecidos, até porque alguns vão mudar mais rapidamente do que outros e nem todos suportar o novo protocolo.

Envolvido no projecto europeu 6Deploy, João Nuno Ferreira lembra que já foi feito um grande investimento e esforço para facilitar a migração para o IPv6, procurando simplificar o processo, mas que as empresas terão ainda custos reais a enfrentar neste processo.

Nota da Redacção: foi feita uma correcção no Hiperlink para o site do 6Deploy.