Na sua primeira apresentação pública desde que tomou posse, João Cadete de Matos, presidente da Anacom, revelou muitas das suas preocupações, choque e perplexidade co algumas das situações que encontrou no sector das telecomunicações, depois de 30 anos no Banco de Portugal. E sublinha a ambição de trabalhar de perto com todos os operadores, e sentá-los mais vezes à mesma mesa, aproveitando o painel do Estado da Nação das comunicações que é um momento tradicional nos congressos da APDC.

Entre as questões que levantou, o novo presidente da Anacom referiu áreas positivas, como a proposta europeia para o alargamento da cobertura gratuita de Wi-Fi, o WIFI4EU, esperando que as entidades portuguesas estejam alerta para se candidatarem a estes fundos e não perderem esta oportunidade.

O investimento em infraestruturas e a sua proteção em casos de calamidade, como os incêndios recentes, sobretudo na zona de Pedrogão Grande, estão também na agenda de João Cadete de Matos, que pede para que os autarcas coloquem nas suas metas de mandatos não terem uma estação de telecomunicações rodeada de árvores e tantos cabos ardidos. E questiona se este investimento, com a colocação de postes e cabos, será o mais racional, recorrendo a uma investigação de outros métodos, como a utilização de cabos soterrados, que têm mais racionalidade económica, pelo menos de “não arderem no próximo incêndio”.

Outro dos desafios referidos é o do roaming nacional, ou a partilha de infraestruturas. O presidente da Anacom gostava que todos os utilizadores pudessem usar a rede, independentemente do operador que subscrevem, tal como acontece com o roaming internacional, e defende que “tenho a certeza de que haveria maior rentabilidade para o país”. João Cadete de Matos deixa o desafio aos operadores, para também olharem para esta partilha agora que se aproximam novos investimentos.

Já perto do final da apresentação, o presidente da Anacom revelou ainda que ficou chocado com o volume de papel das reclamações que chegam à Anacom. Este é um problema que temos de resolver […] vou contar com a colaboração de todos os operadores para isso”, avisa.

João Cadete e Matos quer pôr em prática um sistema de publicação regular de indicadores sobre más práticas, que seja divulgado regularmente ao mercado. “Vamos pôr-nos todos de acordo para acabar com as más práticas. Temos de refletir e acabar com esta situação”, defende.