A conclusão não é nova: existem mais obstáculos à mudança de operador na rede fixa do que nas redes móveis ou nos serviços de Internet, o que leva a uma maior permanência com o mesmo prestador de serviço, indica um estudo da Autoridade da Concorrência (AdC) que ontem foi divulgado. De acordo com a informação apurada, quase metade dos clientes de serviço de telefone fixo permanecia com o mesmo operador ou prestador de serviço há mais de sete anos.

A análise do regulador da concorrência baseia-se em dados recolhidos junto dos operadores de telecomunicações mas também num inquérito online realizado entre Junho e Julho de 2009, tendo concluído que o nível médio de dificuldade na mudança de operador “é moderado” e que “está, sobretudo, relacionado com as tarefas de divulgação do novo número de telefone e de pesquisa de ofertas, assim como com a preocupação com a perda de qualidade de serviço”.

Estas barreiras são mais prevalentes nos serviços de rede fixa, onde a média de permanência ronda os 8,8 anos, enquanto nas redes móveis se fica pelos 3,7 anos e nos serviços de Internet não ultrapassa os 2,2 anos.

As conclusões do relatório apontam para a existência de uma enorme passividade dos consumidores, que não procuram activamente as melhores soluções. Cerca de 70% dos consumidores têm “um comportamento “inactivo” ou “passivo” relativamente ao mercado”, mostra o relatório, que garante que o envolvimento é maior nos clientes de acesso à Internet em banda larga e de pacotes combinados, em que se juntam dois serviços (double-play) ou três (triple-play), como os que conjugam Telefone, Internet e Televisão. Neste caso a AdC adianta que este envolvimento pode ser explicado pelo mais recente lançamento no mercado deste serviço e destas ofertas.

A satisfação com os preços e com a qualidade do serviço são as duas razões consideradas mais relevantes para que os consumidores portugueses não mudem de operador ou prestador de serviços de telecomunicações, adianta ainda o relatório da AdC. Os custos não são também elevados, situando-se acima dos 10 euros, o que representa cerca de metade da despesa média mensal para a maioria dos serviços considerados.

Ainda assim a AdC recomenda algumas medidas para eliminar as barreiras identificadas à mobilidade, como os custos de pesquisa e os de mudança, de forma a promover maior concorrência. Ferramentas de comparação de preços e de características das ofertas de serviços e ainda de qualidade podem ajudar a aumentar a informação e disponibilidade dos utilizadores para procurar as melhores ofertas no mercado.

A AdC propõe ainda a publicação de um guia do consumidor de serviços de comunicações electrónicas e a adopção de códigos de conduta pelos operadores ou prestadores de serviços.