“Hoje estamos a fazer história”. A frase é de Elsa Rebocho, responsável pela rede de dados da PT, que fez hoje a demonstração em tempo real da tecnologia de NG-PON2, durante a conferência na qual a Portugal Telecom anunciou o reforço de investimento em fibra ótica, pretendendo alargar a cobertura até 5,3 milhões de casas nos próximos cinco anos. 

Paulo Neves, CEO da PT Portugal, já tinha realçado a importância do eixo da inovação na estratégia da empresa, e o investimento que foi feito nesta área onde a PT tem sido pioneira. "Estamos no futuro do que já é a tecnologia (..) para nós é um orgulho, foi feito fundamentalmente na PT Inovação, com pessoas portuguesas, materiais portugueses, estamos muito à frente do que se faz no mundo", afirmou.

Mas afinal, o que é o NG-PON2?
A atual tecnologia de fibra é suportada no GPON (Gigabit Passive Optical Network), uma tecnologia que possibilita que uma fibra seja partilhada por vários utilizadores, como se cada um tivesse uma fibra exclusivamente dedicada. Isto é feito utilizando a transmissão de luz em várias cores, ou comprimentos de onda, que são guiados por primas óticos (splitters) que conduzem as faixas aos destinatários, cada uma correspondendo a um canal de comunicação, ou seja dados de internet, voz ou TV.
A tecnologia NG-PON2 é uma evolução do GPON e garante o suporte a velocidades mais elevadas, fixando-se atualmente os máximos conseguidos nos 40 Gbps simétricos (para upoad e download) . Isso representa uma vantagem imediata em relação ao GPON, atualmente limitado aos 2,5 Gbps em download e 1,25 Gbps em upload. Na prática atualmente um utilizador de fibra com tecnologia Gpon consegue descarregar um vídeo ou fotos a uma velocidade até 2,5 Gbps, mas se quiser carregar esses mesmos ficheiros na Cloud só irá fazer o envio a metade da velocidade, no máximo de 1,25 Gbps.

Com a NG-PON2 a velocidade a que recebe os dados é igual ao envio, o que se reflete na qualidade da informação que chega aos seus computadores e TV (por exemplo um filme em 4K) mas também na rapidez com que envia a informação para serviços de cloud ou de alojamento externo. Isso será ainda mais relevante para as empresas, quer para aceder a serviços ou fazer backups, por exemplo.
Num futuro próximo – no primeiro trimestre de 2016 segundo as previsões - a NG-PON2 vai permitir duplicar ainda a velocidade máxima, chegando aos 80 Gbps do upload e download. “Hoje com os equipamentos que existem no mercado conseguimos disponibilizar acessos a 40 Gbps em cada um dos sentidos, e no início de 2016 estaremos em condições de alargar para os 80 Gbps”, explica Alexandre Fonseca, CTO da Portugal Telecom.
A velocidade hoje demonstrada na conferência da Portugal Telecom foi de 10 Gbps, mas assim que os novos protocolos estiverem disponíveis a velocidade vai ser atualizada, até porque ainda não há equipamentos terminais que suportem o NG-PON2, ou seja, mesmo que a rede já o disponibilizasse ainda não havia routers ou PCs capazes de tirar partido desta velocidade.
Outra das vantagens da NG-PON2 é a compatibilidade com as atuais tecnologias usadas na maioria das redes de fibra (o GPON), o que se torna mais relevante para os operadores que não vão necessitar de grande investimento para massificar o suporte a altos débitos.
E porque é que a Portugal Telecom está a inovar nesta área?
A NG-PON2 é uma tecnologia que está normalizada e é trabalhada por vários fabricantes, mas a PT inovação está na linha da frente tendo desenvolvido em Portugal equipamentos que tiram partido do potencial da NG-PON2.
"A PT e Portugal estão na vanguarda da inovação e investigação e este desenvolvimento sai do capital intelectual e propriedade industrial da PT”, sublinha Alexandre Fonseca, adiantando que para além de operadores do Grupo Altice há outros players interessados, entre as quais a norte americana Verizon que já anunciou a intenção de avançar com uma oferta comercial em 2016.
Esta é uma área onde a Portugal Telecom se tem mantido na linha da frente da inovação. Atualmente a tecnologia GPON usada na grande maioria das terminações da rede de fibra ótica em Portugal (as ONT – optical Network Termination) foram concebidas pela PT Inovação e foram exportadas para vários países.

Para além do débito conseguido de 10 Gbps, o teste da Portugal Telecom também se diferencia pela possibilidade de "sintonizar" o comprimento de onda dos lasers, o que é uma vantagem face à tecnologia base do NG-PON2 que é estática.

O que vai ser fabricado em Portugal?
Alexandre Fonseca subinhou durante a apresentação que a tecnologia foi desenvolvida em Portugal, com propriedade intelectual portuguesa e é fabricada em Portugal. À margem da conferência explicou ao TeK que há vários fabricantes envolvidos na assemblagem e na produção dos componentes, sem detalhar nomes.

A tecnologia vai ser usada noutras empresas do Grupo Altice?
Neste momento o principal alvo para implementação da tecnologia NG-PON2 é o Grupo Altice, e Alexandre Fonseca diz que a PT quer colocar esta tecnologia ás operações do mundo inteiro. Atualmente o grupo está presente em 15 territórios, e em 4 continentes, contando com mais de 46 milhões de clientes. Entre as aquisições recentes estão a Cablevision e Suddenlink nos Estados Unidos.

A Verizon vai usar a mesma tecnologia?
A operadora norte-americana já tinha dado conta de que a partir de janeiro de 2016 vai disponibilizar alto débito na sua rede de fibra com a NG-PON2, mas Alexandre Fonseca explicou ao TeK que isso será feito com equipamentos da PT, através de uma parceria estabelecida com a Cisco. Mesmo assim não será equivalente à tecnologia que será implementada em Portugal, já que é de uma geração anterior. Há ainda uma diferença na tecnologia, porque a que a PT vai usar é de lasers sintonizáveis e não estática, como a da Verizon.

Quando é que a NG-PON2 vai chegar à minha casa?
Para já a tecnologia não está ainda comercialmente disponível, sendo prevista a sua disponibilização no primeiro trimestre de 2016. Mas depois haverá um rool out gradual, que para já não tem ainda zonas “alvo” definidas. A PT avisa que a NG-PON2 vai coexistir com o GPON mas que não vão ser necessários investimentos nos cabos de fibra propriamente ditos, mas apenas nos pontos de rede.
A empresa adianta que estará particularmente atenta as zonas de maior procura potencial existente a nível das grandes cidades, assim como nos parques industriais e de negócio. Devido à flexibilidade de implementação da nova tecnologia NG-PON2 será fácil incorporar os ONT em qualquer local sobre a rede de fibra existente, que permanece inalterada.

 

Nota da Redação: A notícia foi atualizada com mais informação.