No final do ano passado, os clientes deviam mais de 1,4 mil milhões de euros às operadoras de telecomunicações. Na lista de motivos estão principalmente os atrasos no pagamento e as facturas incobráveis, que têm vindo a aumentar.

Apesar de uma redução face ao ano anterior, o incumprimento continua a atingir níveis elevados, com destaque para a Portugal Telecom (PT), refere o Público. A 31 de Dezembro de 2010, faltavam entrar nos cofres da operadora 1.165 milhões de euros.

No global, contabilizando todos os negócios do grupo, nacionais e internacionais, as dívidas desceram 23%, já que, em 2009, atingiram os 1.513 milhões.

No final de 2010, os clientes da Optimus e do Clix deviam à Sonaecom 69,9 milhões de euros, valor 3,8 por cento acima dos 67,3 milhões registados em 2009.

A Vodafone, cujos dados mais recentes vão até ao primeiro trimestre de 2010, indicam um agravamento das dívidas na ordem dos 13,6%, para 138,6 milhões de euros.

Embora não revele o valor total por cobrar, a Zon avança ter registado uma subida de 10 milhões de euros nas dívidas dos clientes.

Os montantes em dívida estão a preocupar cada vez mais o sector, não só pelas perdas directas de receitas, mas também porque o Governo decidiu aumentar os custos dos processos de cobrança nos tribunais.

Em 2010, as operadoras gastaram mais de oito milhões de euros com acções de cobranças, valor que este ano deverá duplicar, prevê a Apritel.

A estimativa tem em conta o facto de o Governo ter aprovado recentemente medidas que vão encarecer ainda mais os processos de execução e de penhora. Estas alterações, que vão entrar em vigor a partir de 15 de Maio, estabelecem que as consultas das bases de dados de bens dos devedores, até aqui gratuitas, passem a ser pagas. Cada consulta vai passar a custar 51 euros.

Em reacção à alteração, a Apritel avançou ao Público que vai enviar uma proposta ao Governo que permita às operadoras diminuir as despesas com acções judiciais. Entre elas, está a criação de um valor diferenciado para os processos que entrem via electrónica, explicou a associação, presidida por Ana Paula Marques, assim como a eliminação do montante mínimo para inclusão dos dados dos devedores, proposta que integra a lista de 15 prioridades que alinham a agenda da nova direcção da associação que representa os operadores de telecomunicações, para os próximos dois anos.