A aguardar concurso para a atribuição de licenças, a chamada quarta geração móvel está a causar divergências entre as operadoras. TMN, Vodafone, Optimus e ONI são unânimes quanto ao interesse no investimento, mas a líder de mercado discorda das restantes concorrentes quanto à partilha da rede.

Em declarações no final de 2010, o presidente executivo da Portugal Telecom (PT), Zeinal Bava, afirmou que a rede não estava à venda e nem disponível para ser partilhada por ninguém. "As condutas estão abertas. Se as condições para o LTE não forem boas duvido que contemplaremos tão depressa quanto eventualmente gostaríamos de fazer", justificou na altura.

Os responsáveis das três outras operadoras lembram que a partilha de redes já existe tanto na segunda como na terceira geração e defendem, por isso, o mesmo para o 4G.

"A Vodafone estará disponível para partilhar investimentos em infraestruturas desde que tal faça sentido do ponto de vista económico e conduza a ofertas competitivas e diferenciadas aos seus clientes", disse à Lusa Luísa Pestana, da Vodafone.

Miguel Almeida partilha da mesma opinião. O presidente executivo da Optimus considera que é mais eficiente e economicamente razoável a criação de redes únicas que possam ser partilhadas por todos os operadores.

Também o presidente executivo da Oni, Xavier Rodriguez-Martín, defendeu que "a partilha das redes é uma questão fundamental".

Luísa Pestana, Miguel Almeida e Xavier Rodriguez-Martín sublinharam que a diferenciação entre operadores resulta "cada vez mais do serviço e não das infra-estruturas".

Por outro lado, pedem "racionalidade económica" aos operadores, reguladores e poder político, lembrando que na actual conjuntura "não faz muito sentido duplicar investimentos em infraestruturas", devendo os operadores concentrar os seus esforços na disponibilização de ofertas inovadoras e de valor para o mercado.

A Anacom já adiantou à Lusa que aceita a partilha de rede se as operadoras assim o entenderem.

Anacom vigilante, sem influenciar investimentos

A Anacom tem de ser "vigilante" para assegurar uma regulação preventiva eficaz das Redes de Nova Geração, mas para já não há necessidade de "definir" ou "influenciar" os investimentos privados na 4ª geração móvel, disse à Lusa o porta-voz da comissária europeia responsável pela Agenda Digital, Neelie Kroes, Jonathan Todd.

Jonathan Todd sublinhou que a segurança reguladora "é a chave" para a promoção de investimentos, mas no caso da 4ª geração móvel - ou LTE (Long Term Evolution), como também é conhecida -, a Comissão considera que o importante é o ambiente competitivo.

O porta-voz da Comissão defende que o "aspecto crucial é assegurar um acesso equitativo ao espectro", ou seja, os Estados-Membros terão a difícil tarefa de assegurar que a atribuição de mais espectro às empresas e em condições cada vez mais flexíveis não vai criar "perdedores e vencedores artificiais" no mercado.

O mercado da quarta geração de comunicações móveis, que vai permitir velocidades ultra rápidas no acesso a dados, deverá mais que triplicar nos próximos dois anos, passando a valer mais de 6,6 mil milhões de euros, segundo as previsões da IDC.

Para 2011, a IDC estima um crescimento de 126 por cento e para 2012 de 98 por cento, altura em que o mercado irá valer quase nove mil milhões de dólares (6,6 mil milhões de euros) a nível mundial, adiantou o responsável pela área de estudos e consultoria da IDC, Gabriel Coimbra, à Lusa, com base numa previsão feita em resultado do inquérito a 130 operadores com planos de implementação nestes anos.

Em 2010, o mercado de infraestrutura de 4ª geração terá atingido perto de dois mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros).