Participando numa mesa redonda organizada pela APDC sobre Broadcast Mobile TV, representantes dos três operadores móveis mostraram sintonia na percepção de que faz sentido uma estratégia comum para esta área de forma a potenciar o negócio.

António Carriço da Vodafone, admitiu essa possibilidade que foi também subscrita por Nuno Cadima da TMN e Carlos Silva da Optimus, embora todos tivessem ressalvado o facto de não exitir nenhuma negociação em curso nem acordos assinados neste sentido.

O tema da Televisão Móvel Digital em modelo broadcast - e não unicast - é tema central promovido pela associação, que contou também com a presença de Beatrice Covassi, responsável pelo sector de broadcasting digital na Direcção de Sociedade da Informação e Media na Comissão Europeia.

Beatrice Covassi explicou a estratégia da CE para esta área e a recomendação, não mandatória, para a adopção do DVB-H como norma europeia com o objectivo de dinamizar este sector e acelerar a introdução da Mobile TV na Europa, lembrando que no próximo ano há dois eventos - o Europeu de Futebol e os Jogos Olímpicos - que são chave para os conteúdos móveis.

Respondendo a uma questão da representante da Anacom na conferência, Fernanda Girão, Beatrice Covassi admite que neste caso a neutralidade tecnológica promovida pela CE não está a ser aplicada, mas sublinha que não há uma obrigatoriedade dos Estados membros adoptarem o DVB-H, apenas uma recomendação.

Está em estudo no Conselho Europeu que decorre esta semana a possibilidade de se aprovar a recomendação da CE, mas Beatrice Covassi não se quis comprometer quanto a esta possibilidade já que a aprovação tem de ser feita por consenso.

Modelo de negócio em partilha
Para além da possibilidade de entendimento entre os operadores móveis para a criação de uma rede de broadcast de conteúdos, foi também defendido no painel da manhã uma maior compromisso e partilha de risco entre operadores e produtores de conteúdos.

A par dos representantes dos três operadores móveis o painel contou com José Louro da Media Capital, Carlos Vargas da RTP e Pedro Soares da Impresa que explicaram os problemas que os broadcasters têm actualmente com o modelo de Mobile TV, entre os quais o facto de terem de pagar direitos de autor específicos para esta plataforma aos produtores de conteúdos e o risco de dispersão do bolo publicitário.

As actuais experiências em Mobile TV, ainda baseadas no modelo unicast, apresentam limitações em termos de escalabilidade para um grande número de clientes, que podem ver a qualidade reduzida mas também em termos de adaptação dos conteúdos e do número e preço de terminais disponíveis no mercado para visualizar TV.

António Carriço explica que ao contrário do que seria de prever os clientes da Vodafone querem ver os mesmos conteúdos que estão a ser transmitidos por via hertziana, e à mesma hora, estando interessados em conteúdos "à séria".

O modelo de negócio do Mobile TV poderá ser ajustado para uma situação de Win Win, como defende Pedro Soares da Impresa, mas é preciso que os operadores de fornecedores de conteúdos se sentem para "partir a folha de Excel", que não pode "pender sempre para o lado dos operadores", afirma José Louro da Media Capital.

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