A União Internacional das Telecomunicações ratificou ontem em Genebra as duas normas que vão suportar a próxima geração de comunicações móveis. A aprovação põe termo a um processo que ao longo dos últimos anos colocou em "confronto" um conjunto de tecnologias candidatas ao cumprimento dos requisitos estabelecidos pelo organismo das Nações Unidas para uma quarta geração móvel, a IMT-Advanced.


A designação (4G) é frequentemente usada para designar os serviços LTE, embora a norma nunca tenha sido reconhecida como tal pela ITU. A tecnologia não cumpre os requisitos estabelecidos no caderno de encargos proposto pela ITU para se qualificar como tecnologia IMT-Advanced: garantir suporte à taxa de 100 Mbps para situações de alta mobilidade e até 1 Gbps para situações de baixa mobilidade.


Começaram por ser avaliadas pela ITU seis tecnologias e ainda em 2010 passaram a uma espécie de short list duas, o LTE Advanced e o WirelessMan-Advanced, que acabaram por ser esta semana confirmadas como as normas eleitas para suportar uma nova geração de serviços.


Os principais benefícios das tecnologias passam pela capacidade de utilizar o espectro disponível de forma mais eficiente, permitindo maiores transferências de dados numa menor largura de banda.



Os indicadores fornecidos pela ITU apontam para velocidades 500 vezes maiores que as permitidas pelo 3G, mas na prática o incremento pode ser menos espetacular, tendo em conta todos os "aperfeiçoamentos" aplicados à terceira geração móvel desde que chegou ao mercado até à atualidade, operações que permitiram estender em muito a capacidade da tecnologia.



Face ao LTE - que Portugal está prestes a introduzir - as diferenças serão ainda menores, mas nem por isso pouco relevantes, como explicou ao TeK José Vilela, Pre-Sales de Wireless da Alcatel-Lucent.



As redes LTE vão arrancar com um largura de banda até 20 MHz, para oferecer pelo menos 5 Mbps. O LTE Advanced pode usar até 100 MHz de largura de banda para oferecer até 100 Mbps.


As duas tecnologias que a ITU agora aprovou são apontadas como a base de uma nova geração de serviços móveis que permitirá fazer evoluir o LTE e o WiMax, hoje conotadas com esse título.



Não é provável que cheguem aos consumidores num cenário de ruptura com as tecnologias que hoje estão a ser implementadas. O caminho previsível é que venham a ser absorvidas progressivamente pelos operadores de forma incremental para melhorar a capacidade atual, como também defende José Vilela.

As estimativas da ITU apontam para que num prazo de dois a três anos isso seja possível a nível comercial. Demonstrações e testes já foram realizados vários.



A forma como a tecnologia será usada no futuro ditará se os operadores precisarão, ou não, de mais espectro para oferecer serviços suportados em LTE-Advanced. O futuro também irá certamente trazer um nome menos técnico para a tecnologia: 4,5G, 5G?

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Cristina A. Ferreira