A informação acaba de ser publicada pelo regulador do mercado das telecomunicações que tem vindo a partilhar análises de qualidade da rede móvel. As últimas abrangeram as regiões do Alentejo e Norte, e desta vez é a área de metropolitana de Lisboa que está em análise, abarcando 18 municípios, com cerca de 3 mil quilómetros quadrados, e que apesar de representar apenas 3% da superfície do país concentra uma parte significativa da população.
O estudo abrangeu os serviços móveis de voz e dados e da cobertura GSM (2G), UMTS (3G) e LTE (4G) disponibilizados pela MEO, NOS e Vodafone, e revela que um bom desempenho de todos os operadores no GSM, mas com algumas diferenças de nota no 3G e 4G. "Em GSM (2G) registaram-se os níveis de desempenho mais elevados, com diferenças pouco expressivas entre operadores; enquanto nas tecnologias UMTS (3G) e LTE (4G) se observaram desempenhos inferiores e as diferenças entre operadores foram mais significativas, destacando-se o melhor desempenho da Vodafone", refere a ANACOM.
13 indicadores de qualidade em análise
Este é o terceiro estudo que o regulador do mercado de comunicações faz este ano, pretendendo caracterizar a experiência de utilizador em termos de acessibilidade, retenção e integridade dos serviços.
São analisados 13 indicadores de qualidade para verificar o desempenho dos serviços e a cobertura de rádio, e para isso a ANACOM verifica as chamadas e conversações, para avaliação do serviço de voz; as transferências de ficheiros, de páginas web e de vídeos, para avaliação dos serviços de dados e faz medições de níveis de sinal das redes rádio, para avaliação da cobertura.
Estes são os indicadores avaliados:
- Cobertura Rádio – disponibilidade das infraestruturas rádio GSM, UMTS e LTE;
- Acessibilidade do Serviço de Voz – probabilidade de sucesso no estabelecimento de chamadas;
- Rácio de Terminação de Chamadas de Voz – probabilidade de uma chamada, depois de estabelecida com sucesso, se manter ativa durante um período de tempo, terminando de forma normal, ou seja, de acordo com a vontade do utilizador;
- Tempo de Estabelecimento de Chamadas de Voz – período de tempo que a rede demora a estabelecer a comunicação, após o envio correto do pedido (número de telefone de destino);
- Qualidade de Áudio – percetibilidade da conversação durante uma chamada de voz;
- Rácio de Terminação de Sessões de Dados – probabilidade de uma sessão de utilização do serviço – transferência de ficheiros, navegação na Internet ou youtube video streaming – ser estabelecida e decorrer com sucesso, ou seja, manter-se ativa durante a totalidade do período predefinido para transferência de ficheiros, permitir a transferência da totalidade da página web ou a reprodução completa de conteúdos multimédia;
- Velocidade de Transferência de Dados – quantifica a velocidade média de transferência de dados durante uma sessão de transferência de ficheiros;
- Duração de Transferência de Página web – quantifica o tempo médio necessário para a transferência de uma página web;
- Tempo até Início de Visualização de Conteúdos – período de tempo que decorre entre o pedido de um conteúdo multimédia e o início da visualização da primeira imagem, do mesmo conteúdo, no equipamento terminal de utilizador, numa sessão youtube video streaming;
- Duração das Interrupções – agrega a duração de todas as interrupções ou paragens na reprodução (freezing) ocorridas durante uma sessão de youtube video streaming;
- Qualidade de Vídeo – quantifica a qualidade visual da comunicação, durante uma sessão youtube video streaming;
- Resolução de Vídeo – quantifica o número médio de píxeis da imagem durante a reprodução de vídeo, de uma sessão youtube video streaming;
- Latência de Transmissão de Dados – quantifica o tempo necessário para que um pacote de informação viaje desde o equipamento de utilizador até ao Servidor de Conteúdos ou vice-versa.
O trabalho de campo relativo a este terceiro estudo decorreu entre os dias 25 de maio e 6 e junho de 2020, tendo sido realizadas 972 chamadas de voz, 6550 sessões de dados e 589 937 medições de sinal rádio, correspondendo a aproximadamente 324 chamadas de voz, 364 sessões de dados e 65 549 medições de sinal rádio, por indicador e operador. Foram percorridos 285 quilómetros em testes.
Diferenças entre operadores nulas no 2G mas mais significativas em 3G e 4G
A ANACOM refere que o desempenho global das redes na zona metropolitana de Lisboa é bom, mas destaca que em GSM, a tecnologia 2G que é a mais antiga, se registaram "os níveis de desempenho mais elevados, com diferenças pouco expressivas entre operadores", mas que nas tecnologias UMTS (3G) e LTE (4G) se "observaram desempenhos inferiores e as diferenças entre operadores foram mais significativas, destacando-se o melhor desempenho da Vodafone".
O quadro partilhado dá conta das várias medições realizadas para os vários indicadores.
Analisando separadamente os vários pontos de serviço, a ANACOM refere que o serviço de voz apresentou bom desempenho global, não se observando diferenças entre operadores no que toca às capacidades de estabelecimento e de retenção de chamadas. Já em relação à integridade da conversação e ao período médio necessário para estabelecer uma chamada, registaram-se diferenças entre operadores, embora considera que são "pouco relevantes na perspetiva de utilizador".
Também nos dados o desempenho recebeu a classificação global de Bom. O regulador diz que não se observam diferenças entre operadores no que toca às capacidades de estabelecimento e de retenção de sessões de dados, em todos os serviços analisados.
Na transferência de ficheiros os ritmos médios são bons, no download e no upload, com algumas diferenças de desempenho entre os operadores. "Observou-se ainda uma variabilidade muito elevada deste indicador, com ritmos máximos em torno de 153 Mbps e 62 Mbps e mínimos de 0,2 Mbps e 0,7 Mbps, respetivamente em download e upload", refere o regulador. Também o serviço de youtube video streaming registou bom desempenho global sem diferenças expressivas entre operadores.
Na navegação na Internet as durações médias de transferência de páginas web, de referência e pública, são classificadas como "razoáveis", sendo pouco expressivas as diferenças entre operadores.
A análise indica ainda que a latência de transmissão de dados registou níveis adequados, embora com alguma variabilidade, tendo-se observado ligeiras diferenças entre operadores.
A ANACOM deixa ainda indicações relativas à metodologia do estudo, que foi aprovada em 2017, e refere que "a leitura dos resultados deve atender à natureza dinâmica e à evolução permanente dos sistemas de comunicações móveis".
Depois dos dois estudos que já haviam sido apresentados este ano, a ANACOM prevê continuar ainda em 2020 os estudos relativos às restantes regiões do território continental, a que se seguirão os estudos relativos às Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
Nota da Redação: A notícia foi atualizada com mais informação e o quadro. Última atualização 11h05.
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