Em quatro regiões do país estão a nascer infra-estruturas de fibra óptica que tiraram partido de uma oportunidade de financiamento do programa quadro anterior da Comissão Europeia (via POSC). Em conjunto, representam um investimento de 30 milhões de euros, co-financiado a 45% e mil quilómetros de rede que podem assumir um papel relevante nos objectivos de cobertura do país com novas infra-estruturas de acesso à Internet, capazes de oferecer mais e melhores serviços.

Évora, Trás-os-Montes e Minho são as regiões envolvidas nos quatro projectos. Cumprindo calendário, finalizaram o trabalho de criação da infra-estrutura no fim de 2008 e estão agora na fase de testes à rede e a preparar os processos que levarão a fibra, primeiro à rede de parceiros que integra cada consórcio (entidades ligadas às autarquias, universidades, etc) e depois às empresas e população das regiões, numa lógica de exploração aberta, em que qualquer operador pode criar uma oferta e fornecer os seus serviços.

[caption]Rede Évora[/caption]

Com ligeiras diferenças no ritmo de operacionalização da rede, todos os projectos se encontram numa fase de testes à infra-estrutura. As regiões do Minho e de Évora têm no entanto o benefício de ter feito avançar o processo de escolha da entidade que vai gerir a rede em simultâneo com o concurso que escolheu o parceiro para passar a fibra.

Em Évora todos os operadores foram convidados a concorrer e vários mostraram interesse no processo, mas só a PT chegou ao fim do procedimento. No momento, como explica o responsável da Associação de Municípios do Distrito de Évora responsável pelo projecto, Luís Cavaco, estão a ser acertados pormenores sobre as condições de exploração da infra-estrutura. A concessão deverá estar feita daqui a cerca de um mês e meio.

Na região de Valimar e do Vale do Minho - onde as redes se interligam através de dois anéis - a opção recaiu sobre a criação de empresas intermunicipais, através de parcerias público-privado (em ambas a DST é o principal parceiro privado com participações próximas dos 50%).

[caption]Rede das Terras Quentes Transmontanas[/caption]

Nas três regiões os testes à infra-estrutura core já estão em marcha. No caso de Évora a expectativa é de que a rede comece a ficar operacional para as 22 entidades que integram o consórcio a partir de Março ou Abril. No Minho as ligações a algumas escolas e entidades na dependência dos municípios já começou a ser feita, mas falta definir padrões de segurança e trabalhar aspectos finais de operacionalização das ligações.

A expectativa de Alexandre Ramos, responsável pelas empresas intermunicipais, é que daqui a três meses já seja possível activar ligações sobre FTTH. Isto significa a entrada numa nova fase do projecto, que prevê um investimento para este ano de 10 milhões de euros em fibre to the home na região. Desde Novembro que os 11 municípios do Minho estão a alinhar agulhas e a definir prioridades em termos de expansão da rede core.

A região de Trás-os-Montes, que está no projecto através da Associação de Municípios das terras Quentes Transmontanas, também iniciou os testes à rede que vem sendo construída desde meados do ano passado, mas agenda o início desta fase técnica para 15 de Fevereiro, como explica Manuel Miranda. Para a próxima reunião do Conselho de Administração da AMTQT está também agendada a decisão relativamente ao modelo de exploração da infra-estrutura.

[caption]Rede do Vale do Minho[/caption]

Interesse dos operadores

Também ao nível do interesse manifestado pelos diversos operadores nas infra-estruturas há diferenças entre regiões. Alexandre Ramos é quem apresenta indicadores mais optimistas, garantindo que o interesse manifestado na infra-estrutura do Minho, que em potencial pode servir um total de 270 mil habitantes, onde se incluem entre 30 a 35 mil empresas e cerca de 20 parques empresariais/industriais, tem sido elevado.

[caption]Rede Valimar[/caption]

Os operadores têm aqui, como nas outras regiões, a hipótese de levar fibra a casa do cliente tirando partido da infra-estrutura base da rede comunitária, quando esta sirva os seus interesses, obviando um investimento que os defensores do modelo partilhado de desenvolvimento da fibra classificam como o mais significativo em todo o processo; ou partir da infra-estrutura core para chegar a casa do cliente através de ADSL ou outras tecnologias, existentes ou a criar.

Luís Cavaco, não reconhece o mesmo interesse do mercado para a exploração da rede que vai dotar os 14 concelhos de Évora de 480 quilómetros de fibra e admite que parte da explicação para o fraco interesse que os operadores têm revelado no processo possa estar relacionado com a baixa densidade populacional do distrito, com pouco mais de 170 mil habitantes.



Cristina A. Ferreira